domingo, 29 de novembro de 2009

Sítio Caldeirão, mais um genocídio no Brasil sem investigação!

imagem: Mártires - Diego Rivera

Um visitante que não se cala postou o seguinte comentário, que publico como postagem! Fico feliz que muitas coisas estão sendo reveladas na nossa pútrida história, esse "mar agitado", como diz Maiakóvski, esconde muita sujeira em suas profundezas, mas muita coisa volta à praia. Tristeza é a morosidade em investigar, abrir arquivos, indenizar e punir os responsáveis pelos genocídios que nossa população brasileira sofreu e ainda sofre. E ainda dizem que o povo seria melhor se tivéssemos uma guerra? A guerra é constante, nunca parou, é tortura, fome, massacre, chacina, calúnia (midiática), a resistência dos oprimidos não pára, essa guerra não terá fim enquanto houver a luta de classes.
Educador que não se cala.

SÍTIO CALDEIRÃO, O ARAGUAIA DO CEARÁ: UM GENOCÍDIO 72 ANOS NA IMPUNIDADE!

No CEARÁ, para quem não sabe, houve também um crime idêntico ao do “Araguaia”, contudo em piores proporções, foi o MASSACRE praticado por forças do Exército e da Polícia Militar do Ceará no ano de 1937, contra a comunidade de camponeses católicos do Sítio da Santa Cruz do Deserto ou Sítio Caldeirão, que tinha como líder religioso o beato JOSÉ LOURENÇO, seguidor do padre Cícero Romão Batista.



A ação criminosa deu-se inicialmente através de bombardeio aéreo, e depois, no solo, os militares usando armas diversas, como fuzis, revólveres, pistolas, facas e facões, assassinaram mulheres, crianças, adolescentes, idosos, doentes e todo o ser vivo que estivesse ao alcance de suas armas, agindo como feras enlouquecidas, como se ao mesmo tempo, fossem juízes e algozes.


Como o crime praticado pelo Exército e pela Polícia Militar do Ceará foi de LESA HUMANIDADE / GENOCÍDIO / CRIME CONTRA A HUMANIDADE é considerado IMPRESCRITÍVEL pela legislação brasileira bem como pelos Acordos e Convenções internacionais, e por isso a SOS - DIREITOS HUMANOS, ONG com sede em Fortaleza - Ceará, ajuizou no ano de 2008 uma Ação Civil Pública na Justiça Federal contra a União Federal e o Estado do Ceará, requerendo que sejam obrigados a informar a localização exata da COVA COLETIVA onde esconderam os corpos dos camponeses católicos assassinados na ação militar de 1937.


Vale lembrar que a Universidade Regional do Cariri – URCA, poderia utilizar sua tecnologia avançada e pessoal qualificado, para, através da Pró-Reitoria de Pós Graduação e Pesquisa – PRPGP, do Grupo de Pesquisa Chapada do Araripe – GPCA e do Laboratório de Pesquisa Paleontológica – LPPU encontrar a cova coletiva, uma vez que pelas informações populares, ela estaria situada em algum lugar da MATA DOS CAVALOS, em cima da Serra do Araripe.


Frisa-se também que a Universidade Federal do Ceará – UFC, no início de 2009 enviou pessoal para auxiliar nas buscas dos restos dos corpos dos guerrilheiros mortos no ARAGUAIA, esquecendo-se de procurar na CHAPADA DO ARRARIPE, interior do Ceará, uma COVA COM 1000 camponeses.


Então por que razão as autoridades não procuram a COVA COLETIVA das vítimas do SÍTIO CALDEIRÃO? Seria descaso ou discriminação por serem “meros nordestinos católicos”?


Diante disto aproveitamos a oportunidade para pedir o apoio nesta luta, à todos os cidadãos de bem, no sentido de divulgar o CRIME PERMANENTE praticado contra os habitantes do SÍTIO CALDEIRÃO, bem como, o direito das vítimas serem encontradas e enterradas com dignidade, para que não fiquem para sempre esquecidas em alguma cova coletiva na CHAPADA DO ARARIPE.


Dr. OTONIEL AJALA DOURADO
OAB/CE 9288 – (85) 8613.1197
Presidente da SOS - DIREITOS HUMANOS
www.sosdireitoshumanos.org.br

sábado, 28 de novembro de 2009

Ao mestre, com carinho!


Fonte: Fazendo Media

Educador Paulo Freire é anistiado
Por Raquel Júnia.

“Hoje, Paulo, você pode descansar em paz. Sua cidadania plena sem vazios e sem lacunas foi restituída como você queria. Tome, Paulo, o diploma é seu”. Com essas palavras, a viúva de Paulo Freire, Ana Maria Freire, emocionou os presentes durante a sessão de julgamento do pedido de anistia política ao educador, realizado na última quinta-feira, em Brasília. A Comissão de Anistia do Ministério da Justiça declarou por unanimidade Paulo Freire como anistiado e concedeu a Ana Maria Freire uma reparação financeira de 100 mil reais pelos danos que a ditadura causou ao professor.

A cerimônia fez parte da programação do Fórum Mundial de Educação Profissional e Tecnológica. No auditório principal do Centro de Convenções Ulysses Guimarães, cerca de três mil pessoas assistiram ao julgamento e aplaudiram de pé as palavras Ana Maria Freire e a decisão da comissão, que pediu desculpas pelos erros cometidos pelo governo militar contra Paulo Freire.

O relator do processo, o advogado Edson Pistori, narrou aos presentes a trajetória de Freire e a repressão que sofreu desde que a ditadura foi instaurada. Com o ato institucional nº 1, editado ainda no ano de 1964, o professor foi obrigado a abandonar as funções que exercia na então Universidade de Recife, hoje Universidade Federal de Pernambuco, já que foi aposentado compulsoriamente pelo regime.

O trabalho de alfabetização de jovens e adultos que Paulo Freire desenvolvia junto ao Ministério da Educação do Governo João Goulart, também foi interrompido. O educador passou 70 dias na prisão e em seguida, foi obrigado a fugir para o exílio. Com ajuda do embaixador da Bolívia, foi primeiro para este país, posteriormente para o Chile, se instalando aí durante alguns anos e seguindo depois para a Europa.

Durante 16 anos, um dos mais reconhecidos educadores brasileiros, teve que viver longe de sua terra, o que, segundo Ana Maria Freire, foi uma grande dificuldade para ele. Paulo Freire só pôde voltar ao Brasil em 1980. Ana Maria considera, inclusive, que o sofrimento pelo qual passou no exílio foi um dos motivos que causaram sua morte, em 1997.

“A perseguição que Paulo Freire sofreu, mais do que qualquer outro caso que já julgamos nessa comissão constitui um caso de perseguição política coletiva, que teve implicações para milhares de brasileiros. O pedido de desculpas deve ser feito também a cada cidadão e cidadã brasileira que ainda hoje não tem a possibilidade de reconhecer sua língua e de ler o mundo em que vive”, afirmou Edson Pistori.

Após a aprovação por unamimidade do pedido de anistia um grito forte soou da platéia: “Paulo Freire não morreu e nunca morrerá!”, vibrou um homem do meio do povo. A platéia respondeu com aplausos.

“Que cada um que esteja aqui possa multiplicar em alto e bom tom que o Brasil anistiou Paulo Freire”, finalizou o presidente da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, Paulo Abrão.

Forças armadas alegam ter incinerado arquivos da ditadura

Em coletiva de imprensa realizada após a seção de julgamento, o presidente da Comissão de Anistia, Paulo Abrão, afirmou que apesar de tecnicamente os arquivos brasileiros já estarem abertos, inclusive digitalizados e disponíveis para consulta, os documentos de órgãos das Forças Armadas não foram entregues. São eles: os arquivos do Centro de Informações da Aeronáutica (CISA), do Centro de Informações do Exército (CIE) e do Centro Nacional de Informações da Marinha (Cenimar).

Segundo Abrão, em um processo judicial movido pela Justiça Federal no Rio de Janeiro, as Forças Armadas informaram que incineraram esses documentos. Entretanto, Abrão explicou que existia uma legislação na época que previa que todo processo de incineração de arquivos precisava estar acompanhado de um termo e justificativa dessas incinerações.

“Quando questionados sobre onde estariam então os termos de incineração, já que os arquivos tinham sido incinerados, a resposta foi a de que os termos foram incinerados juntos com os documentos. Nós não aceitamos essa resposta, não se trata de uma questão de desconfiança a respeito da resposta oficial trazida pelas Forças Armadas, mas sim pelo fato de que algumas vezes, alguns desses arquivos têm vindo à tona”.

O presidente da Comissão de Anistia exemplifica com um episódio de 2008, quando a Comissão realizou uma audiência pública no Palácio do Planalto sobre a responsabilização dos torturadores. Em resposta à Audiência Pública, o Clube Militar, no Rio de Janeiro, realizou uma sessão de desagravo ao Coronel Brilhante Ulstra, reconhecido agente torturador da ditadura. No ato do Clube Militar, numa tentativa de difamação, foram apresentadas algumas fichas com nomes de personagens que hoje estão no governo e teriam sido fichados durante a ditadura.

“Isso para nós foi um indício muito concreto de que alguns desses arquivos ainda estão em algum lugar. Mais recentemente o Major Curió levou ao jornal Estado de S.Paulo uma série de documentos relativos à Guerrilha do Araguaia. Em cima desses exemplos, nós não aceitamos a resposta oficial de que os arquivos tenham sido incinerados ”, reafirma.

Abrão destacou que é muito importante que além do debate em torno dos arquivos oficiais também se reconheça a importância dos arquivos das vítimas, da história contada do ponto de vista de quem sofreu as perseguições.

“Essa versão da história ainda não teve o mesmo espaço público nos meios de comunicação”, concluiu.

Festa para quem, cara pálida?

Há quatro meses, em 3 de julho de 2009, eu publiquei a postagem com o título "Lobos em pele de cordeiro: empresas investindo em educação?"
Pois a empresa Parceiros da educação, ou seja, os ricaços pertencentes às elites dominantes do país, fizeram uma grande festa chic, comemorando o sucesso da campanha 'adote uma escola'(veja reportagem da METRO: Baladaparaeducação ). Oras bolas, por que eles comemorariam, gastando dinheiro com uma grande balada, se não houvesse uma contrapartida financeira na jogada???? Sabemos que o problema das escolas públicas são simples: investimento em profissionais, equipamentos e sociedade, o que o Estado não faz. As empresas contribuem com equipamentos e estrutura física nas escolas (banheiros, pinturas e aparências em geral), não contribuindo diretamente com a melhoria do aprendizado e do ensino, ou fazendo muito pouco por isso. O retorno para os empresários seria a dedução do imposto de renda? É puro altruísmo (claro que não)? Seria a publicidade em cima de escolas e professores que se matam para aumentar os índices do Saresp e ganhar um bônus melhor? Parece um caminho para a privatização. Estejamos alertas, pois isso não está cheirando bem...

Agora sim, a OMB, oficialmente, não serve pra nada mesmo!


Já havia anunciado o fim da OMB, agora está o texto que oficializa a inutilidade desse órgão opressor que explora os músicos.

O deputado Carlos Giannazi, Coordenador da Frente Parlamentar em Defesa dos Músicos e Compositores do Estado de São Paulo, anunciou nesta semana a decisão do Tribunal Regional Federal da 3ª Região que proíbe a Ordem dos Músicos do Brasil (OMB) de fiscalizar os músicos bem como exigir a inscrição na entidade.

O Acórdão garante aos músicos do estado de São Paulo o direito de exercício da profissão, sem necessidade de prova, inscrição na OMB e sujeição ao regime disciplinar específico. O Acórdão destaca, entre outros pontos, que "a Lei nº 3.857/60 não exige o registro na OMB de todo e qualquer músico para o exercício da profissão, mas apenas dos que estão sujeitos à formação acadêmica sob controle e fiscalização do Ministério da Educação".

“De agora em diante os músicos do estado de São Paulo não podem mais ser fiscalizados pela OMB e nem tampouco ter a obrigatoriedade da inscrição na mesma”, disse Giannazi em seu pronunciamento na Assembléia Legislativa de São Paulo.

Giannazi fez também uma representação no Ministério Público Federal pedindo a suspensão de vários artigos da Lei 3857/60 - que criou a Ordem dos Músicos do Brasil. Depois de julgada pelo Supremo, a ação pode passar a valer em todo o território nacional, desobrigando músicos da inscrição na entidade.

O Acórdão está disponível no site do Tribunal Regional Federal (www.trf3.jus. br). Para quem quiser consultar na íntegra, o número do processo é 2005.61.15.001047- 2.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Maluf e Tuma fizeram o holocausto na ditadura brasileira.


E ainda acusam o Battisti de terrorista, mesmo que fosse verdade a acusação nunca provada do assassinato de três pessoas pelo italiano, não se compara o tratamento desigual da mídia em massacrar um e absolver outros, como os brasileiros que planejaram o holocausto no Brasil, Maluf e Tuma.

Fonte: yahoo
Qui, 26 Nov, 05h58

O Ministério Público Federal em São Paulo (MPF-SP) ofereceu hoje denúncia à Justiça Federal contra o ex-governador de São Paulo, deputado federal Paulo Maluf (PP-SP), e o senador Romeu Tuma (PTB-SP) por ocultação de cadáveres durante o período da ditadura militar no Brasil (1964-1985). Além dos dois parlamentares, foram denunciados em duas ações civis públicas o ex-prefeito da capital paulista Miguel Colasuonno, o médico legista e ex-chefe do necrotério do Instituto Médico Legal (IML) de São Paulo Harry Shibata, e o ex-diretor do Serviço Funerário Municipal Fábio Pereira Bueno.

O MPF-SP requer na Justiça que os cinco percam suas funções públicas e o direito à aposentadoria, bem como sejam condenados a reparar danos morais coletivos, mediante indenização de, no mínimo, 10% do patrimônio pessoal de cada um. Por se tratar de ações civis públicas, a iniciativa não ameaça os mandatos de Tuma e Maluf, protegidos pela Constituição Federal. A procuradora responsável pelo caso, Eugênia Augusta Gonzaga Fávero, propôs que as indenizações sejam revertidas em medidas que preservem a memória das vítimas da ditadura.

Nas ações entregues à Justiça, o MPF-SP afirma que desaparecidos políticos foram sepultados nos cemitérios de Perus e Vila Formosa, na capital paulista, de forma "ilegal" e "clandestina", com a participação do IML e da Prefeitura de São Paulo. Segundo a procuradora, ambos contribuíram para que as ossadas permanecessem sem identificação em valas comuns dos cemitérios e atestaram falsos motivos de morte a vítimas de tortura. De acordo com a denúncia, o legista Harry Shibata teria ocultado os reais motivos dos óbitos de inúmeros militantes políticos, como, por exemplo, do jornalista Vladimir Herzog.

O MPF-SP aponta que Paulo Maluf, quando era prefeito, ordenou a construção do cemitério de Perus. De acordo com as ações, algumas valas do recinto tinham quadras marcadas específicas para receber a ossada de "terroristas". Os documentos entregues à Justiça apontam ainda que o projeto original do cemitério previa um crematório, mas a Prefeitura desistiu após a empresa contratada ter estranhado o plano, que não previa um hall para orações. De acordo com o MPF-SP, o governo municipal chegou a fazer sugestões buscando mudar a legislação para dispensar a autorização da família para realizar procedimento, o que possibilitaria que indigentes fossem cremados.

As denúncias salientam ainda a participação nas operações de agentes do Departamento Estadual de Ordem Política e Social, o Deops, órgão estadual de repressão que teve como chefe o atual senador Romeu Tuma. Segundo o MPF-SP, há documentos que comprovam a ocorrência de interrogatórios "sob tortura" na instituição e que demonstram que Tuma tinha conhecimento das várias mortes ocorridas sob a tutela de policiais do Deops, mas não as comunicou aos familiares dos mortos.

As ações civis públicas oferecidas hoje pelo MPF não são as primeiras que procuram responsabilizar o Estado pela ocultação da ossada de perseguidos políticos. No Distrito Federal tramita ação, com atuação do MPF-DF e do MPF-PA, para identificar guerrilheiros e moradores da região do Araguaia, mortos na ofensiva do governo para exterminar a guerrilha na década de 1970. No Rio Grande do Sul, o MPF pediu a abertura de inquérito para que sejam apuradas as reais circunstâncias da morte do presidente João Goulart, na Argentina, em 1976.

"Depois de 39 anos, abordar de forma leviana um assunto dessa natureza é no mínimo uma acusação ridícula", disse Maluf, em nota. A reportagem procurou Tuma, mas o senador estava em voo. Segundo sua assessoria, Tuma ainda não recebeu informações sobre a denúncia.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Alguns pontos da reformulação da Rouanet

Fonte: Minc

Durante os 45 dias em que esteve em Consulta Pública neste blog – de 23 de março a 6 de maio deste ano -, o Projeto de Lei que cria o Programa Nacional de Fomento e Incentivo à Cultura (Profic) e reformula a Lei Rouanet recebeu mais de duas mil sugestões, críticas e elogios. Após a sistematização das propostas, o texto foi encaminhado para Casa Civil, onde está sendo analisado em conjunto com os Ministério do Planejamento e da Fazenda, e seguirá para o Congresso Nacional.

O ministro Juca Ferreira e outros dirigentes do Ministério da Cultura visitaram diversas cidades do país para promover debates, apresentar e discutir as mudanças na legislação com secretários de Cultura; instituições públicas e privadas; representantes de setores artísticos e culturais.

Pela nova proposta será criado um conjunto de mecanismos de estímulo à economia e à atividade cultural. Um dos objetivos do MinC é corrigir as distorções de um dos principais meios de financiamento da cultura brasileira, realizado hoje, em sua maioria, por renúncia fiscal.

Atualmente, a legislação permite apenas duas cotas de renúncia, de 30% ou 100%. Além disso, pré-determina que somente algumas expressões artísticas tenham direito a 100% de renúncia, como o caso da música erudita. O Projeto de Lei propõe um número maior de faixas de dedução - 30%, 60%, 70%, 80%, 90% e 100%. Os critérios para cada cota serão definidos, anualmente, pela Comissão Nacional de Incentivo à Cultura (CNIC).

Outra mudança trata da reestruturação do Fundo Nacional da Cultura, que criará Fundos Setoriais para as Artes. Ou seja, além do Fundo de Audiovisual, que já existe, serão criados fundos específicos para o teatro, o circo, a dança, as artes visuais e a música; além do Fundo do Livro e Leitura; o da Cidadania; Identidade e Diversidade Cultural e o da Memória e Patrimônio Cultural Brasileiro.

A transferência de recursos do Fundo Nacional de Cultura para os Estados, Municípios e Distrito Federal é mais um ponto importante da reformulação. O ministério quer permitir, com isso, a descentralização dos recursos, e participar do financiamento de projetos culturais em diversas regiões do país.

(Texto: Sheila Rezende, Comunicação Social/MinC)

domingo, 22 de novembro de 2009

Por Zumbi


Rap: Faveláfrica
Do grupo A Família

Certa noite, ouvi gritos estridente e dolorosos
Os gritos eram de tamanha dor e tortura
Que eu me aproximei daquela triste e bela mulher negra
E perguntei o que havia
Ela cheia de dor, mágoa e tristeza
Respondia:
Lá vem ele, lá vem ele, lá vem ele, lá vem ele
Não compreendendo eu perguntei: Ele quem? Ele quem?
Melancolicamente ela bradava

O insano genocida, carrasco afanador de vidas
vai levar meus filhos inocentes por esses mares em tristes correntes
castigo, sangue, porões, pelourinho, chibata, grilhões
Filho do ódio, parasita, hospedeiro, filho do mal
chakal, condutor do pesadelo
Lá vem ele, lá vem ele, lá vem ele, lá vem ele
E ainda sem compreeder novamente perguntei
Mas ele quem? Ele quem? Ele quem? Ele quem?

A Mãe África arduamente, incansavelmente respondia
O chakal carniceiro, abutre, bandido do estrangeiro
Destruindo nossos filhos simplesmente por dinheiro
Ele é! O NAVIO NEGREIRO

Reflito e sinto pena daquela preta ingênua
Que aceita ser chamada de mulata ou morena
Valéria, Valença, valei-me meu grande Deus,
De tanta inconsciência, porque ela se esqueceu

Do tapa na cara, a dor da chibata
O tronco, a senzala Na boca amordaça, da preta Anastácia
Chefe Ganga Zumba, Zumbi e Dandara
O racismo não passa, é tudo fachada
É jogada armada
É tapa na cara da nossa raça
O corpo na vala, a rota que passa, polícia que mata
Mais um preto arrasta, o capitão lá da mata
Do branco a risada, racista piada

É mesmo uma praga, pra mim isso basta,
tô pegando minhas facas
Minha língua é navalha, palavra que rasga
E fogo que se alastra, deflagra e conflagra
Mas não quero só fala, eu parto para prática

Olha lá no templo o irmão desiludido
Louco muito louco por um pouco de alívio
Sacaram de uma sacola era esmola era o dízimo
Fogueira, fumaça, carvão, forca, fogo, a inquisição
Católica religião, demagogia preconceito

Eu vejo o desrespeito. Simplesmente eu não aceito
Miscigenação forçada, Mãe África estuprada
Nunca descobridores. Invasores só canalha
Torturaram minhas raízes e nos deram as marquises
Agora surge o revide,o Gato Preto lhe agride

O guerreiro vai atacar, yalorixá, yoruba
Keto e nação banto, nago povo africano
Nos roubaram a riqueza, a beleza e a nobreza
A terra, a natureza, dizimaram a realeza

Arquitetura, estrutura, medicina e cultura
Diamantes, agricultura, e todo poder de cura
Na minha religião, a inquisição e tortura
O ataque, o massacre, o abate os combates

As brigas, as intrigas na Serra da Barriga
Negros combatentes, luzitanos covardes
A trincheira tá armada, a arena e Palmares
Católica covarde, com o apoio do padre

Resultado do pecado, esticado lá na esquina
Pro negro só chacina, nos roubaram a auto-estima
Ter cabelo crespo é vergonha pra menina
So somos lembrados, no pesado ou na faxina

Luther King, Zumbi, Marighela,
Malcon X e Nelson Mandela
O povo preto avante na guerra
Sabotage e Jr Abu-Jamal e Donizete

Eu quero a parte que nos cabe,
Eu quero a parte que nos cabe
Eu quero a parte que nos cabe
E o reparo dos massacres

Dr Rui Barbosa de mente majestosa
Ação mediculosa, pra mim foi criminosa
Fogo nos documentos, fogo em toda prova
fogo na minha vida, fogo na minha história

Devastaram o império, saquiaram o minério
Era a peste branca, apoiada pelo clero
Mais eu quero, quero, e espero, sigo reto meu critério
Porque?
Chicote rasgou corpo, sangue rolou no rosto
O carrasco achou pouco, era sangue de um porco
Assim ele dizia,o chicote, chibata descia

O irmão traidor me persegue no asfalto
Hoje quatro rodas, mas ontem cavalo
Hoje é polícia, ontem capitão do mato
Fato do meu passado, não me faço de rogado

Conheço, reconheço, muito bem todos esses fatos
Não me sinto derrotado, vou além conquisto espaço
o Preto não é aceito, é simplesmente tolerado
Quero a parte no meu prato, do bolo meu pedaço

Patroa muito boa, falsa como um dragão
escraviza Seu João
Só gosta da Maria, de vassoura na mão
No tanque lava roupa, e a barriga no fogão
Uma falsa dialética de forma sintética
Ausência de ética, falando em estética

Negro marcado, intitulado plebeu
A África não vale, só padrão europeu
Diz que o branco é bonito,o feio aqui sou eu

O Professor me fale, dos meus líderes, meus mártires
Chega de contrastes, ascenção sociedade
Quero a parte que me cabe. Educação e faculdade
Não quero as calçadas, eu preciso é de aulas

Trabalho informação, não um copo de cachaça
O tolo quer maconha, eu prefiro um diploma
Informado, doutorado, diplomado e graduado
Igual a Milton Santos, foi lá no passado

Eu parto pro debate, digo não à todas grades
Incentivo o ataque, agrupamento pro combate
Quero reparação por todo o massacre
E se eu sou oitenta, cota oitenta pra minha classe

E pra você ouvir, eu vou lhe repetir
Quero a parte que me cabe, quero a parte que me cabe
Eu quero a parte que me cabe e o reparo dos massacres

Eles querem guerra eu quero é paz
mas se quer, eu quero é mais, defender meus ancestrais
e por isso corro atrás Gato Preto é sagaz
bola plano eficaz, destruindo os capatais
porque?
Criaram novos termos, camuflando o preconceito
Fingindo encobrindo, o desastre que causou
Pretinho, moreninho, mulato homem de cor
Não aceito eu sou negro, eu sou afro-brasileiro
Herdeiros de Zumbi, eu também sou guerreiro

Cartola, Mandela, Portela.
Marcos Garvei, Marighela
Revolta da Chibata a Revolta dos Malés
Desmontutu minha nação gege
Meu black, minhas tranças, Referência pras crianças
Minhas tranças, o meu black, referência pros moleques

Candomblé, capoeira, feijoada caseira
Foi minha mãe quem criou
Besteira muita asneira, o livro já falou
Princesa Isabel, PUTA, nunca me libertou

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Vídeo sobre as corporações do PIG - Divulguem!

Fonte: Geografia e Luta

Contra o monopólio dos meios de comunicação, documentário incita: “Levante sua voz”
Por Patrícia Benvenuti

Incentivar o debate sobre o direito à comunicação no país, partindo da denúncia sobre a concentração da mídia. Esse é o objetivo do vídeo "Levante Sua Voz" , realizado pelo Intervozes Coletivo Brasil de Comunicação Social com apoio da Fundação Friedrich Ebert Stiftung.
De forma didática, o vídeo desmistifica o conceito de liberdade de expressão no Brasil, revelando que apenas 11 famílias controlam praticamente todas as concessões públicas para emissoras de rádio e televisão. Ao mesmo tempo, revela-se a perseguição às tentativas de furar esse bloqueio midiático, como é o caso das rádios comunitárias que, nos últimos anos, foram fechadas em número recorde.
Para o militante do Intervozes e responsável pelo roteiro, direção e edição de "Levante Sua Voz", Pedro Ekman, "o vídeo é uma tentativa de levar um tema com toda a sua profundidade e importância por meio de uma linguagem mais acessível a um público não acostumado aos textos geralmente complexos".
Em entrevista ao Brasil de Fato, Ekman comenta a produção do vídeo, os desafios para construir uma comunicação mais democrática e as expectativas para a 1ª Conferência Nacional de Comunicação, que acontecerá entre os dias 14 e 17 de dezembro, em Brasília.
Brasil de Fato: Como surgiu a iniciativa de realizar esse vídeo?
Pedro Ekman: O Intervozes, estudando novas formas de se travar o debate sobre o direito à comunicação, entendeu que uma produção áudio visual cumpriria o papel de ampliar esse tema para um público menos especializado do que o que é atingido pelos textos, livros e estudos disponibilizados pela entidade. O vídeo é uma tentativa de levar um tema com toda a sua profundidade e importância por meio de uma linguagem mais acessível a um público não acostumado aos textos geralmente complexos.
Brasil de Fato: Como se deu a produção?
Pedro Ekman: Inicialmente é importante lembar que tivemos o suporte de muitos parceiros do movimento social que ajudaram com infraestrutura técnica sem os quais essa produção seria impossível. Como contávamos com pouco dinheiro, tínhamos que pensar um roteiro capaz de descrever a dramática situação da comunicação no Brasil em sua complexidade sem que fosse preciso uma produção dispendiosa. Optamos por um formato inspirado no curta "Ilha das Flores", de Jorge Furtado. Esse formato conta de uma forma bem humorada a dura situação da desigualdade social brasileira. A estrutura se resume a uma narrativa em off e uma sucessão de imagens que se repetem. A locução em off facilita tecnicamente as gravações nas locações e acaba barateando o processo; por outro lado, a televisão brasileira nos fornece um rico material dos contraexemplos de uma comunicação razoável. Assim, entendemos que o formato do "Ilha das Flores" resolvia a equação "baixo orçamento x conteúdo extenso".
Brasil de Fato: Como está sendo a divulgação e a recepção desse material?
Pedro Ekman: O vídeo foi lançado na internet pelo portal do Observatório do Direito à Comunicação e pode ser visto no YouTube também. Em breve o Intervozes disponibilizará o arquivo para ser baixado em sua página institucional. Importante lembrar que os direitos sobre a obra estão em Criative Commons, possibilitando sua livre reprodução, manipulação e distribuição em atividades não comerciais. Estamos tentando viabilizar cópias em DVD para distribuir para os movimentos sociais parceiros na luta pela democratização dos meios de comunicação. A recepção do vídeo tem sido muito boa, em menos de uma semana mais de 1000 internautas assistiram ao vídeo e os comentários registrados no site do Observatório têm sido muito positivos.
Brasil de Fato: Na sua avaliação, quais os desafios para conscientizar a população sobre a existência desses oligopólios de mídia?
Pedro Ekman: O maior desafio talvez seja justamente encontrar meios para furar a muralha de informação que o próprio oligopólio levantou ao seu redor para impedir qualquer crítica ao seu funcionamento. Para isso, acredito que temos que multiplicar os instrumentos de fala contra-hegemônica e encontrar linguagens que dialoguem com o maior número de pessoas possível. Não vamos conseguir vencer um oligopólio que tem inúmeros veículos e que trabalha numa linguagem popular com poucos veículos que insistam em uma linguagem hermética. A multiplicação de meios de comunicação contra hegemônicos não é uma coisa simples por todos os motivos que o vídeo descreve, mas a opção por uma linguagem menos hermética é algo que podemos fazer e é algo que ainda encontra muita resistência, mesmo na esquerda brasileira. Eduardo Galeano escreve sobre isso de forma memorável. Ele diz: "A linguagem hermética nem sempre é o preço inevitável da profundidade". Em alguns casos pode estar simplesmente escondendo uma incapacidade de comunicação, elevando-a à categoria de virtude intelectual. Suspeito que o fastio serve, dessa forma, para bendizer a ordem estabelecida: confirma que o conhecimento é um privilégio das elites. Algo parecido costuma ocorrer, diga-se de passagem, com certa literatura militante dirigida a um público conivente. Parece-me conformista, apesar de toda a sua possível retórica revolucionária, uma linguagem que repete mecanicamente, para os mesmos ouvidos, as mesmas frases pré-fabricadas, os mesmos adjetivos, as mesmas fórmulas declamatórias. Talvez essa literatura de paróquia esteja tão longe da revolução como a pornografia está longe do erotismo."
Brasil de Fato: O vídeo fala muito sobre os meios tradicionais de comunicação e sua influência sobre o imaginário coletivo. Você acredita que as novas ferramentas de comunicação, possibilitadas sobretudo pela internet, podem reverter um pouco desse quadro?
Pedro Ekman: Optamos por nos ater aos veículos que ainda atingem as massas de forma mais concreta, como o rádio e a TV, pois eles, junto com os meios impressos, são o retrato da história de concentração da comunicação no Brasil. Mas sem dúvida a internet em um cenário de convergência tecnológica vai mexer com toda a estrutura do quadro. Principalmente no que diz respeito à oferta de canais para a veiculação de conteúdo, que são extremamente concentrados no rádio e na TV e na internet tendem ao infinito. Contudo, hoje o acesso à banda larga é muito restrito no Brasil. Sem a universalização do acesso de forma gratuita, a internet nunca se tornará a TV.
Brasil de Fato: Qual sua expectativa para a Conferência Nacional de Comunicação? De que forma ela pode ajudar a construir uma comunicação mais democrática?
Pedro Ekman: A Conferência possibilita, pela primeira vez, um debate público que nunca foi feito no Brasil. A comunicação é um tema historicamente inexistente para a sociedade brasileira, sendo percebida como algo natural e imutável. Mesmo os movimentos sociais mais combativos não têm a comunicação como uma de suas pautas centrais e a Conferência joga luz sobre esse assunto.
Por outro lado é uma pena que o processo esteja tão prejudicado pelas imposições feitas pelo oligopólio e incorporadas sem qualquer resistência pelo governo. A super representação do setor empresarial e a necessidade de quorum qualificado para a aprovação de qualquer proposta distorcem o sentido de uma conferência, que existe justamente para permitir que a sociedade civil tenha alguma voz, já que durante todo o ano ela permanece alijada da arena onde se travam os debates sobre a comunicação, da qual participam Poder Público e os proprietários dos grandes veículos. Além disso, a proibição de eleição de delegados e de votação de propostas nas etapas municipais as esvazia, remetendo toda a disputa para a etapa nacional, o que contraria importante princípio de uma conferência, que é justamente ampliar o debate na sociedade. Um reflexo disso pode ser visto na Conferência Municipal na cidade de São Paulo que aconteceu neste final de semana. Apesar do importante debate realizado, empresários e poder público estiveram ausentes e a conversa circulou apenas entre a sociedade civil sem que o confronto necessário das idéias e dos interesses se desse na prática. Em todo caso, se o processo entorno da Confecom servir para esquentar a pauta e mobilizar o povo em torno desse tema, ela já terá cumprido um grande papel.
Veja o vídeo:

Intervozes - Levante sua voz from Pedro Ekman on Vimeo.

Multishow mostra fábrica paulista ocupada!

Companheiros(as)

Como sabem, a Flaskô (fábrica ocupada pelos trabalhadores em Sumaré, região de Campinas) segue a luta e realizará um Seminário no próximo dia 28/11. Para mais informações sobre isso, podem entrar em contato respondendo este email.

Mas amanhã, 20/11 (Sexta-Feira feriado), no canal Multishow (TV a cabo), às 23:00 será exibido um programa (Conexões Urbanas) sobre a Flaskô.

No link abaixo vocês podem assistir ao vídeo da chamada que tem sido exibida nos intervalos do Multishow:
http://www.youtube.com/watch?v=9pUnsHQohPA

Como já devem imaginar, as lutas autênticas dos trabalhadores não têm espaço na mídia controlada pelo grande capital. Portanto, quando conseguimos cavar um espaço, por menor que seja - e mesmo sendo num horário difícil e em canal fechado - devemos buscar utilizar ao máximo.

Por isso pedimos não só que assistam, mas que divulguem para suas listas de e-mail, orkut, twitter, etc., para que possamos ampliar o alcance da voz dos trabalhadores da Flaskô.

Conexões Urbanas
Canal Multishow
Sexta, 20/11
23h

HORÁRIOS ALTERNATIVOS:

Sábado, 21/11
14h15

Domingo, 22/11
8h30

Seunda, 23/11
13h

Terça, 24/11
16h

Quarta, 25/11
5h30

Saudações de luta!
Caio Dezorzi

Fonte: www.marxismo.org.br

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

AAAHH! Do Enem eles falam, mas e do SRESP hein PIG????

Fonte: Diário da educação-sp

Problemas na aplicação do SARESP

Muitas escolas estaduais e municipais passaram por problemas nesses dois primeiros dias de SARESP. Foram muitos os casos de provas trocadas, lacres violados, ausencia de aplicadores, entre outras coisas graves que podem comprometer a confiança nessa prova. Transcrevo abaixo trechos de uma postagem do blog Professores Temporários sobre o assunto (entre em http://professortemporario.wordpress.com/2009/11/17/vazamento-na-prova-do-saresp/ para ler na íntegra):

"Depois do fiasco do adiamento das provas da semana passada, que foi divulgado no final da tarde do dia que as antecedia, o mesmo governo que distribuiu livros eróticos às crianças da 3º série e mapas com dois Paraguais se superou: conseguiu implantar um sistema de avaliação mais desorganizado e frágil.

Para se ter uma noção, na rede Municipal da cidade de São José dos Campos, que é administrada pelo mesmo partido político do Governador do Estado, as provas, que tinham pacotes identificados por escola, foram trocadas, fazendo com que pacotes de uma escola fossem parar em outra e vice-versa. Como os gabaritos já estavam identificados com os nomes dos alunos e haviam poucos em branco para eventuais equívocos, muitas provas simplesmente deixaram de ser aplicadas.

[..]no meio dessa incerteza, o mesmo governo do Estado que rotula os professores de despreparados e incapazes, criou um sistema eletrônico de confirmação da realização da prova, com senhas individuais para os aplicadores e secretárias eletrônicas para compilar as informações em dados.

Seria perfeito, se não tivessem disponibilizado um único número de telefone 0800 para receber às informações de TODOS os aplicadores, de todas as escolas estaduais e municipais (além de algumas particulares) do Estado de São Paulo. Todos, discando e tentando passar as informações aproximadamente no mesmo horáio, para um ÚNICO número.

Depois, os professores é que são despreparados…"

Peço aos professores que aproveitem o espaço do blog e comentem sobre como foi a aplicação da prova nas escolas em que atuam e, se necessário, denunciem possíveis fraudes para que possamos investigar e exigir providências.

Escola Estadual Vieira de Moraes: Alunos e professores se unem contra arbitrariedade de diretora

Fonte: Passa Palavra

Alunos e professores prometem manter-se mobilizados na busca de uma alternativa que garanta os direitos e dignidade de alunos e professores, bem como a recuperação qualitativa do ensino. Por Rodrigo Andrade

Na última sexta-feira uma manifestação de estudantes e professores sacudiu a Escola Estadual Vieira de Moraes, na Cidade Dutra, extremo sul de São Paulo. Em todos os períodos foi declarada greve que, segundo os estudantes, foi amplamente apoiada, não tendo havido aula em nenhum dos turnos.

Sindicalistas e um carro de som da APEOESP apoiavam o ato, que pediu a saída da diretora da unidade, Elaine Feitosa, por atos de arbitrariedade, tanto contra alunos como contra professores, malversação de verba pública, humilhações públicas contra professores, desrespeito à livre escolha dos professores nas atribuições da aula, proibição da abertura de grêmio estudantil na unidade de ensino, bem como pela precarização na administração, que tem cooperado para uma queda na qualidade do ensino na escola, para não dizer sucateamento, considerada uma das melhores da região. Esta última já tão característica dos governos neoliberais do PSDB, assim como o nivelamento por baixo do ensino público, estampado na criação das famigeradas cartilhas, que os alunos e professores também repudiam.

À noite, o ato pacífico contava com cerca de 300 pessoas e teve a participação, inclusive, de pais de alunos insatisfeitos também com a situação atual. Os participantes pediam a presença de Feitosa, que, segundo os alunos, tratou de taxar os manifestantes de baderneiros e reduzir sua causa “ao direito de chegar atrasado”, por conta da reclamação de professores que foram dispensados do dia de aula “por chegarem dois minutos atrasados”. Foram realizadas diversas falas evidenciando as exigências de alunos, pais e professores, e também o enterro simbólico da administração Feitosa.

Cabe ressaltar que, apesar do ímpeto de promover a greve, não havia piquete nos portões da escola, sendo a adesão dos estudantes ao ato, espontânea.

No entanto, o ato deste dia 13 de novembro não é o primeiro. Por inúmeras vezes alunos e professores tentaram dialogar sem sucesso com a direção, que se valeu da burocracia para emperrar os processos.

Em carta aberta o professor Luciano Paz de Lira cita diversas situações e tentativas de diálogo sem sucesso, passadas desde o começo do ano letivo, reiterando-a depois em carta à direção, datada de 2 de setembro de 2009.

Alunos e professores criaram um blog ( http://revolucaoeducacional.blogspot.com ) sobre a escola, onde relatam a situação, as experiências, os atos, publicam cartas, manifestos e realizam discussões on-line.

Uma primeira manifestação foi realizada em 10 de março, segundo os estudantes, por conta da direção se negar a dar assistência a uma aluna que se sentia mal. A diretora não só negou a assistência como chamou a polícia para conter as manifestações. Após as ações, vários alunos foram ameaçados de transferência e expulsão, e foi pensada a organização estudantil através de um grêmio, que também foi impedido pela direção, sob a alegação de que “só maiores de idade podem realizar a organização através de associações”, ou seja, alunos de ensino médio não teriam direito de organizar um grêmio.

Após as atividades, que terminaram por volta de 20h30, alunos e professores prometeram manter-se mobilizados e em luta, na busca de uma alternativa que garanta os direitos e dignidade de alunos e professores, bem como a recuperação qualitativa do ensino na Escola Estadual Vieira de Morais.

E os músicos romperam as amarras!!!! Salve Giannazi!

Músicos não podem mais ser fiscalizados pela OMB

Da assessoria do deputado Carlos Giannazi
Coordenador da Frente Parlamentar em Defesa dos Músicos e Compositores do Estado de São Paulo, o deputado Carlos Giannazi (PSOL) fez um pronunciamento na tribuna da Assembleia anunciando a decisão do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, representada pelo acórdão, publicado no dia 14/10, que proíbe a Ordem dos Músicos do Brasil (OMB) de fiscalizar os músicos bem como exigir a inscrição na entidade.

O desembargador federal Carlos Muta argumenta que a sentença garante à categoria o direito de exercício da profissão, afastando-se as exigências de prova, inscrição na OMB e sujeição ao regime disciplinar específico.
A decisão da Justiça Federal, fruto de uma Ação Civil Pública do Ministério Público Federal, atende a uma antiga reivindicação dos músicos brasileiros que são assediados pela entidade, sendo obrigados a se filiarem a ela para poderem trabalhar.
“De agora em diante os músicos do Estado de São Paulo não podem mais ser fiscalizados pela OMB e tampouco ter a obrigatoriedade da inscrição na mesma”, disse Giannazi. O parlamentar ainda acrescentou que, se a decisão da Justiça Federal não for respeitada pela OMB, providências serão tomadas para que sejam efetuadas as medidas criminais cabíveis contra ela. As ações contra a sentença, impetradas pela Ordem, não foram aceitas e serão julgadas em outras instâncias da Justiça. Em suma, a entidade não conseguiu, através dos recursos, que a sentença fosse suspensa.
No início deste ano, Carlos Giannazi protocolou uma representação no Ministério Público Federal pedindo a suspensão de vários artigos da Lei 3857/60. O seu pedido foi aceito e o MPF entrou com uma ADPF no Supremo Tribunal Federal, acolhida pelo ministro Carlos Ayres. Esta ação pode ser julgada a qualquer momento pelo Supremo, libertando definitivamente os músicos da OMB em todo o território nacional.

carlosgiannazi@uol.com.br Este endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo.
(extraído do Diário Oficial de 19/11/09, Legislativo - p. 2)

sábado, 14 de novembro de 2009

Cesare Battisti escreve carta aberta ao povo brasileiro e ao presidente Lula.

“CARTA ABERTA”

AO EXCELENTÍSSIMO SENHOR
LUÍS INÁCIO LULA DA SILVA
PRESIDENTE DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL
SUPREMO MAGISTRADO DA NAÇÃO BRASILEIRA

AO POVO BRASILEIRO

“Trinta anos mudam muitas coisas na vida dos homens, e às vezes fazem uma vida toda”. (O homem em revolta - Albert Camus)

Se olharmos um pouco nosso passado a partir de um ponto de vista histórico, quantos entre nós, podem sinceramente dizer que nunca desejou afirmar a própria humanidade, de desenvolvê-la em todos os seus aspectos em uma ampla liberdade. Poucos. Pouquíssimos são os homens e mulheres de minha geração que não sonharam com um mundo diferente, mais justo.

Entretanto, frequentemente, por pura curiosidade ou circunstâncias, somente alguns decidiram lançar-se na luta, sacrificando a própria vida.

A minha história pessoal é notoriamente bastante conhecida para voltar de novo sobre as relações da escolha que me levou à luta armada. Apenas sei que éramos milhares, e que alguns morreram, outros estão presos, e muito exilados.

Sabíamos que podia acabar assim. Quantos foram os exemplos de revolução que faliram e que a história já nos havia revelado? Ainda assim, recomeçamos, erramos e até perdemos. Não tudo! Os sonhos continuam!

Muitas conquistas sociais que hoje os italianos estão usufruindo foram conquistadas graças ao sangue derramado por esses companheiros da utopia. Eu sou fruto desses anos 70, assim como muitos outros aqui no Brasil, inclusive muitos companheiros que hoje são responsáveis pelos destinos do povo brasileiro. Eu na verdade não perdi nada, porque não lutei por algo que podia levar comigo. Mas agora, detido aqui no Brasil não posso aceitar a humilhação de ser tratado de criminoso comum.

Por isso, frente à surpreendente obstinação de alguns ministros do STF que não querem ver o que era realmente a Itália dos anos 70, que me negam a intenção de meus atos; que fecharam os olhos frente à total falta de provas técnicas de minha culpabilidade referente aos quatro homicídios a mim atribuídos; não reconhecem a revelia do meu julgamento; a prescrição e quem sabem qual outro impedimento à extradição.

Além de tudo, é surpreendente e absurdo, que a Itália tenha me condenado por ativismo político e no Brasil alguns poucos teimam em me extraditar com base em envolvimento em crime comum. É um absurdo, principalmente por ter recebido do Governo Brasileiro a condição de refugiado, decisão à qual serei eternamente grato.

E frente ao fato das enormes dificuldades de ganhar essa batalha contra o poderoso governo italiano, o qual usou de todos os argumentos, ferramentas e armas, não me resta outra alternativa a não ser desde agora entrar em “GREVE DE FOME TOTAL”, com o objetivo de que me sejam concedidos os direitos estabelecidos no estatuto do refugiado e preso político. Espero com isso impedir, num último ato de desespero, esta extradição, que para mim equivale a uma pena de morte.

Sempre lutei pela vida, mas se é para morrer, eu estou pronto, mas, nunca pela mão dos meus carrascos. Aqui neste país, no Brasil, continuarei minha luta até o fim, e, embora cansado, jamais vou desistir de lutar pela verdade. A verdade que alguns insistem em não querer ver, e este é o pior dos cegos, aquele que não quer ver.

Findo esta carta, agradecendo aos companheiros que desde o início da minha luta jamais me abandonaram e da mesma forma agradeço àqueles que chegaram de última hora, mas, que têm a mesma importância daqueles que estão ao meu lado desde o princípio de tudo. A vocês os meus sinceros agradecimentos. E como última sugestão eu recomendo que vocês continuem lutando pelos seus ideais, pelas suas convicções. Vale a pena!

Espero que o legado daqueles que tombaram no front da batalha não fique em vão. Podemos até perder uma batalha, mas tenho convicção de que a vitória nesta guerra está reservada aos que lutam pela generosa causa da justiça e da liberdade.




Fonte: Passa Palavra

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Enquete sobre lei que pune homofóbicos!

O Senado Federal está realizando uma enquete no site, perguntando se as pessoas são a favor ou contra a aprovação do projeto de lei que pune a discriminação contra gays. Esse projeto está encontrando forte resistência na Câmara, por conta da bancada evangélica, que chegou a hackear essa votação no site, de modo a desconfigurar os resultados. O pessoal do site sacou a manobra e teve que recomeçar a votação do zero. E o "sou contra" está ganhando. Acho legal votarmos, e passarmos para o maior número de amigos possíveis pedindo que votem a favor.
É só entrar no link abaixo, baixe a barra de rolagem um pouquinho. Do lado direito da tela você encontrará a enquete.

http://www.senado.gov.br/agencia/default.aspx?mob=0

domingo, 8 de novembro de 2009

Fora UNIBAN!!!!


Repudio aqui a decisão dos professores e direção da UNIBAN em expulsar a garota agredida pelos misógenos estudantes dessa faculdade. Preconceito é crime, seguido de injúria e difamação então, nem se fala. Não há argumentos justos que justifique esse ato, mesmo tendo feito gestos obcenos, os 700 alunos que a agrediram foram muito mais violentos (e criminosos) do que qualquer gesto sensual da garota, como subir as escadas rebolando, conforme algumas reportagens divulgaram. Aliás, isso não é ilegal, senão provavelmente grande parte dos estudantes estariam sem escola nesse país, onde o sexo e sensualidade viraram mercadoria ou simples entretenimento já faz tempo. Decisão hipócrita e igualmente criminosa dessa universidade de imbecis.

MST não se cala!


Não vamos nos calar!

Parcelas da classe dominante, setores do Poder Judiciário, do Congresso Nacional, do Tribunal de Contas da União, do Ministério Público e da mídia estão articulando mais uma ofensiva contra o MST e os trabalhadores. Podemos observar essa ofensiva na criação de mais uma CPI para investigar o Movimento, a terceira instalada nos últimos quatro anos. Isso se mostra também pela reação dos meios de comunicação frente aos protestos no Pará.

Além da perseguição policial direta e do Estado atuar como protetor do latifúndio, agora se busca construir uma deslegitimação do movimento camponês, com a intenção de se criar uma repulsa social contra os trabalhadores organizados. Apresentam nosso Movimento não apenas como violento, mas como agente de corrupção.

Isso não quer dizer que as antigas fórmulas tenham sido abandonadas. Em diversos estados, os pistoleiros ainda abrem fogo contra os sem-terra, às vezes à luz do dia. Recentemente, podemos lembrar o assassinato de Elton Brum, no Rio Grande do Sul, ou os 18 trabalhadores baleados pela escolta armada da Agropecuária Santa Bárbara, no Pará.

O que os agentes defensores da estrutura agrária do país não querem mostrar é que o Brasil apresenta a pior concentração de terra do mundo. Nunca fez Reforma Agrária, ao contrário de todos os países desenvolvidos. O agronegócio, que se diz desenvolvido, produz menos de 15% dos alimentos que vão para a mesa da população. Os índices de produtividade estão atrasados desde 1975. Ainda existe latifúndio, agora aliado com transnacionais, e ele ainda mata, tortura, explora e oprime os trabalhadores rurais.

O Brasil ainda não respondeu sua dívida histórica com os pobres do campo. E nós não vamos desistir de lutar, de denunciar os crimes que são cometidos dia após dia. Essas empresas que fazem propaganda na televisão estão roubando as terras da União, como é o caso da Cutrale, em São Paulo. Estão explorando o solo com uma quantidade absurda de agrotóxicos, dando ao Brasil o título de maior consumidor de venenos do mundo.

E porque não nos calamos, seguem nos perseguindo. Estamos fazendo uma campanha internacional para denunciar o processo de criminalização que o MST e os pobres do campo vêm sofrendo. Damos o nome de criminalização às ações de agentes estatais, como os políticos e a mídia, que visam reprimir os movimentos sociais e seus militantes como criminosos, ou criar condições para que a repressão aconteça.

Querem nos isolar, retirar o apoio que a sociedade brasileira historicamente deu à Reforma Agrária. Mas estamos atentos. Recentemente, um manifesto assinado por intelectuais teve a adesão de mais de cinco mil pessoas, que denunciam a criminalização de nossa luta. Agora estamos percorrendo organismos internacionais para que o mundo saiba o que setores retrógrados do Brasil fazem com seus trabalhadores. Fomos à Organização Internacional do Trabalho (OIT), na Suíça, à Comissão Interamericana de Direitos Humanos, um órgão da Organização dos Estados Americanos (OEA), em Washington, nos Estados Unidos.

E principalmente: nos comprometemos a seguir defendendo a Constituição Federal, que diz que a terra deve cumprir sua função social. Se querem criminalizar a luta por um direito, é nosso dever denunciar as imensas injustiças que forjaram a construção desse país. Não vamos nos calar.

Secretaria Nacional do MST

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Suely "Choque" Vilela usa trabalhos dos outros para enriquecer currículos.


Fonte: Movimento A Plenos Pulmões

A reitora e a ética acadêmica

Não consegui encontrar no site da USP a nota da reitora Suely Vilela sobre o caso de plágio de artigo científico em que aparece como co-autora, segundo reportagem (aqui, só para assinantes) de Eduardo Geraque na Folha de hoje. O que li no "outro lado" publicado pelo jornal não chega a ser esclarecedor.

Parece provável que a reitora não tenha tido participação direta no suposto plágio. Mas isso quer dizer que não tenha responsabilidade? Não é de hoje que se discute na comunidade acadêmica como é frouxa a noção de autoria em artigos científicos, certamente uma deterioração ética induzida pela pressão por produtividade.

A reitora quer distanciar-se de Carolina D. Sant'Ana, a autora da tese de doutorado que virou artigo do periódico Biochemical Pharmacology agora posto em questão. Segundo a Folha, a nota de Vilela afirma: "Minha colaboração com o docente [Andreimar Martins Soares, orientador de Sant'Ana] é na área de isolamento e purificação de toxinas animais, matéria distinta em relação às passagens e imagens questionadas."

Fiquei curioso em saber se Vilela vai mencionar em alguma nota que foi orientadora do mestrado defendido por Sant'Ana em 2005, como se pode verificar em seu currículo Lattes. Ali também se podem contar mais de 30 trabalhos da pesquisadora em que Suely Vilela aparece como co-autora, a maioria de 2004 a 2008, quando já era pró-reitora e reitora.

Seria interessante se a reitora também esclarecesse qual foi exatamente sua participação no artigo em tela e nas outras dezenas (vários periódicos já exigem dos autores que detalhem quem fez o quê). Se não o fizer, deixará no ar a suspeita que tenha melhorado seus índices de produtividade por meio do que se chama eufemisticamente de "autoria honorária". Uma enganação, incompatível com a ética acadêmica, que proíbe levar crédito pelo trabalho alheio.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

O PIG quer dinheiro!! Educação não, obrigado.

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Fonte: Fazendo Media

ENSINANDO A "DESLER" O MUNDO

Por Marcos Daniel Santi (*)

Dois senadores de outros estados, em datas diferentes, vieram visitar o Mato Grosso do Sul. Uma é Kátia Abreu (DEM-TO), que veio no final de março para falar sobre o agronegócio e lançar o vice-governador Murilo Zauith, também do DEM, ao Senado Federal.

O outro congressista é o educador e senador Cristovam Buarque (PDT-DF), que esteve no Estado no final de abril para falar sobre educação e lançar seu 23° livro, intitulado “O que é educacionismo”.

Sob os fatos citados temos: dois senadores, dois lançamentos e dois temas.

Agora, atente-se aos dados que se procedem quanto à cobertura jornalística dos dois veículos impressos mais lidos no sul do Estado: O Progresso e Diário MS.

Na visita da senadora, que também é presidente da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), o jornal O Progresso - mais antigo do Estado - citou o nome de Kátia 27 vezes, entre três matérias, chamada de capa e legenda de foto, que saíram em uma única edição, no dia 30 de março, em que ela foi um dos destaques da capa.

Já o impresso Diário MS, também no dia 30, teve como um dos destaques de capa a senadora. Neste veículo, o nome da presidente do CNA foi citado entre três matérias, um abre página, duas colunas e legendas, por 16 vezes.

Vamos agora à repercussão dos dois veículos sobre a vinda do senador Cristovam Buarque - que em 2006 foi candidato à presidência da república. A edição dos dois jornais sobre a visita de Cristovam, refere-se ao material publicado no dia 27 de abril de 2009.

O jornal O Progresso, na sua capa, não fez qualquer menção ao senador e produziu uma única notícia sobre, que aparece na capa do caderno Dia-a-Dia, tendo o nome de Cristovam citado nove vezes.

Não muito diferente é o caso do Diário MS, que não citou a vinda do pedetista ao estado na capa, como feito com a senadora. Esse jornal produziu uma única notícia sobre, encontrada na penúltima página do caderno Região, com nove citações que levam o nome do educador.

Quando se fala sobre jornalismo, não se deve deixar esquecer seu papel social de levar informação à sociedade e, muito menos, de que a hierarquia do que se publica é o ponto de vista do jornalista sobre o que ele ou o veículo acredita ser de interesse público.

A abordagem dos dois veículos deixa claro uma posição. Ao dar mais importância sobre a visita da democrata, com tantas matérias, capa e fotos, fica explícito o partido tomado pelos mesmos: a favor da economia de mercado agrícola e de uma classe autodenominada “produtora”, que apóia piamente as medidas conservadoras da senadora, a favor do grande latifúndio e concentração de riquezas.

E, ao não dar a mesma importância quanto à visita do senador Cristovam, ex-reitor da Universidade de Brasília (UnB) e ex-governador do Distrito Federal, os veículos comprovam mais uma vez o que voracidade capitalista prega em malfadados lençóis. A educação está sim em segundo plano e os jornais, ao tomarem este rumo, ajudam a consolidar esta ótica mercadológica de ensino. É quando me pergunto: É assim que estão ‘ensinando a ler o mundo’? Desta forma que se tornam ‘o jornal da integração regional’? Esse é o ‘pensamento e ação por uma vida melhor’?

Nota do autor: Para contextualizar o leitor, no último parágrafo, às questões que coloco, parafraseio os bordões utilizados pelos jornais: O Progresso – ensinando a ler o mundo, Diário MS – O jornal da integração regional e O Progresso – pensamento e ação por uma vida melhor.

(*) Marcos Daniel Santi é nova-andradinense, gosta de andar de bicicleta e tem um blog (www.marcosdanielsanti.blogspot.com). Seu texto foi enviado para a redação do Fazendo Media.

Comentário (1)

domingo, 1 de novembro de 2009

Cultura da cidade de sp: despeja, expulsa, toma a propriedade e não indeniza moradores.



Segue a reportagem da agência Brasil de FAto sobre Vila Itororó:

A história do palacete "surrealista" que virou a casa de gente simples
por Michelle Amaral da Silva última modificação 08/10/2009 19:28

Cerca de 250 pessoas fazem parte da história viva da vila urbana mais antiga de São Paulo e lutam para resistir à especulação imobiliária
Cerca de 250 pessoas fazem parte da história viva da vila urbana mais antiga de São Paulo e lutam para resistir à especulação imobiliária



24/09/2009


Patrícia Benvenuti,

Da Reportagem


palacete_itororóNo início eram bailes, orquestras e uma proposta arquitetônica inovadora. Oito décadas depois, degradação, incertezas e ações judiciais tomam o cenário da Vila Itororó, no bairro do Bixiga, região central de São Paulo. Mais antiga vila urbana da cidade, o espaço virou o foco de uma disputa entre o poder público, que diz ter planos para restaurar seu patrimônio histórico, e os moradores, que lutam para continuar vivendo no local e ter seus direitos reconhecidos.

Em agosto desse ano, a 1ª Vara da Fazenda Pública determinou a imissão provisória na posse para Secretaria de Estado da Cultura, após o depósito, em juízo, do valor de oito milhões de reais, correspondente à indenizaçã­o devida à Fundação Leonor de Barros Carvalho, atual proprietária da vila, desapropriada em 2006.


Das mãos do governo do Estado o conjunto será repassado à Prefeitura de São Paulo, que pretende transformá-lo em um centro cultural por meio de um projeto elaborado pela Secretaria Municipal de Cultura. Como consequência, devem ser removidas da vila cerca de 250 pessoas, que não sabem qual será o seu destino.



“A vila era linda”

Foi aos 20 e poucos anos que Maria de Lourdes Di Donato se mudou para a Vila Itororó e, de lá, nunca saiu. Natural de Laranjal Paulista, interior de São Paulo, a aposentada de 79 anos tem mais de 60 de vila e é hoje a moradora mais antiga. Da cozinha de sua casa, com vista para o pátio coletivo, ela relembra os bons tempos do lugar.


"A vila foi maravilhosa. Muito bem organizada, nunca teve uma sujeira, tudo arrumadinho. Era um espetáculo, a vila era linda”, relata.


A vizinhança também era excelente, garante Lourdes, que se anima mais quando conta do clube que existia dentro da vila. Com festas, esgrima e outros esportes, o clube era o ponto de encontro entre os moradores.


bloco_antigas_itororó"Cada baile que tinha, gente, com orquestra. Minha irmã foi diretora por muitos anos. Tinha muita festa ali, tinha festa de São João. A piscina era uma delícia, a gente fazia churrasco no sábado, passava os convites para os conhecidos. Era muito gostoso. Tudo acaba, né?", lamenta.


Idealizada pelo tecelão português Francisco de Castro durante os anos 20, a vila foi concluída em 1929, dando origem a um palacete cercado por 37 casas de aluguel. O terreno, de 4,5 mil metros quadrados, ocupa meia quadra entre as ruas Martiniano de Carvalho, Monsenhor Passalaqua, Maestro Cardim e Pedroso.


Em sua construção, foram utilizadas partes do antigo teatro São José, incendiado em 1917, como carrancas, brasões, vitrais circulares e dois grandes leões que guardam a entrada do palacete, que serviu de moradia para o tecelão português.


O palacete e algumas casas são as únicas edificações que podem ser vistas da rua Martiniano de Carvalho. Isso porque a vila foi construída em um desnível de dez metros – para acessar as outras casas, é preciso descer uma longa escadaria, que chega ao pátio central.


A vila também foi a primeira na cidade a ter uma piscina residencial, utilizando-se do riacho do Vale Itororó, que passava onde, atualmente, está a Avenida Vinte e Três de Maio. Toda a extravagância rendeu-lhe o apelido, na época, de “Casa Surrealista”.



pátio_itororóDegradação

Com a morte de Castro, na década de 1950, a vila foi leiloada para o pagamento de dívidas da tecelagem. Arrematada por credores, duas décadas mais tarde a vila foi doada à Fundação Leonor de Barros Carvalho, que cuida da Santa Casa de Indaiatuba, no interior paulista.


Nessa mesma época, o conjunto, tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat), ganhou seus primeiros planos de restauração. Em 1976, os arquitetos Benedito Lima de Toledo, Cláudio Tozzi e Décio Tozzi desenvolveram um projeto que previa a transformação da vila em um centro cultural.


Os moradores continuaram com seus contratos de locação até o início da década de 1990, pagando o aluguel regularmente a uma imobiliária que administrava o espaço.


Em 1997, porém, a imobiliária parou de enviar os boletos de cobrança e a Fundação, que detinha o título de propriedade, deixou de se comunicar com os inquilinos, como explica o morador João Manuel Aureliano, de 57 anos.


"A gente pagava aluguel e tudo o mais no banco, mas depois abandonaram. Foi a própria firma, a empresa, que disse que não era mais para pagar aluguel de forma nenhuma porque disseram que iam vender. Aí parei de pagar, mas mesmo assim pago água e luz direitinho", conta.


Para Aureliano, que mora na vila desde 1978, foi no momento em que a Fundação abandonou o imóvel que começaram alguns problemas, como ocupações irregulares e construções improvisadas.


“Aí não se pagava mais o aluguel e começaram a fazer casinhas, barracos e mais barracos", diz.


A deterioração tem sido crescente na vila, e é difícil vislumbrar a obra original. A maioria das casas apresenta problemas estruturais, como infiltrações e rachaduras nas paredes. Além disso, muitas instalações hidráulicas e elétricas são inadequadas e a iluminação e ventilação são precárias.


A degradação atingiu, ainda, o material trazido do antigo teatro, como as estátuas que adornavam o palacete. Dos leões que guardavam sua entrada resta apenas um, e os demais objetos estão em péssimo estado de conservação.


As áreas comuns da vila também estão tomadas pelo lixo. Na área central restam os entulhos de cinco casas demolidas há décadas e os equipamentos enferrujados de uma tinturaria que funcionou dentro da vila e que chegou a tingir roupas dentro da piscina – que hoje apenas acumula água parada.


“Acabou o sossego que a gente tinha, porque isso era um sossego. Hoje em dia não está mais como era, de forma nenhuma essa desorganização”, lastima.


Em 2005, a vila chegou a ser cogitada para integrar o Programa de Recuperação de Cortiços, mas em 23 de janeiro de 2006 o então prefeito da cidade, José Serra (PSDB), assinou um decreto de utilidade pública que previa sua desapropriação, obras de recuperação e posterior uso para atividades de educação, cultura, turismo e lazer.



Irregularidades

leões_itororóO processo de desapropriação, porém, é questionado pelos moradores, que reclamam de irregularidades. Auxiliados pelo Serviço de Assessoria Jurídica da Universidade de São Paulo (Saju), eles tentam, na Justiça, obter seus direitos.

A estudante de Direito Bianca Tavolari, do Saju, que assessora os moradores, explica que o abandono definitivo da propriedade por parte da Fundação dá aos atuais residentes na vila o direito ao usucapião urbano (direito que um cidadão adquire sobre um imóvel em decorrência de seu uso por determinado tempo) e, em caso de desapropriação e indenização, de serem os beneficiados.


"Pelo Estatuto da Cidade, você tendo morado cinco anos no lugar, não tendo outro imóvel registrado no seu nome e ninguém tendo contestado a posse, ou seja, ter dito que aquele imóvel pertence a outra pessoa, a pessoa tem o direito de propriedade sobre o lugar", explica.


Os moradores ajuizaram pedido de usucapião em novembro do ano passado. De acordo com o Estatuto da Cidade, toda ação de desapropriação deve ser paralisada automaticamente se houver um processo de usucapião pendente. No caso da Vila Itororó, a lei não está sendo cumprida.


"No Estatuto da Cidade tem um artigo que fala que toda a ação de desapropriação vai ter que parar uma vez que tiver uma ação de usucapião, porque primeiro vê de quem é e, depois, indeniza aquelas pessoas. E, se tiver que ter uma indenização, que seja para os moradores", argumenta Bianca.


A Justiça, porém, vem negando todos os recursos propostos pelos moradores da vila. Assim, a tendência é de que o processo de desapropriação seja concluído antes das ações de usucapião, o que acarretará o despejo das cerca de 70 famílias.


"Com a desapropriação, as pessoas saem daqui, e, saindo daqui, elas só vão ter acesso a esse dinheiro [da indenização] no final da ação de usucapião. Ou seja, as pessoas vão ficar dois, três, quatro anos ou mais sem terem nada por ter dado as casas para a Prefeitura", afirma o estudante Riccardo Silva, do Saju, que assegura ainda que o próprio mecanismo da desapropriação prevê que as indenizações sejam justas e prévias para que os moradores não sejam prejudicados.


"Eu estou esperando eles falarem alguma coisa sobre a minha casa, mas meu direito eu quero ter. Se pedirem minha casa, eu dou, mas vão ter que pagar a minha indenização ou me dar outro lugar para morar. Eu moro aqui há 38 anos, não quero ir para a rua”, afirma Aureliano.



degradação_itororóRevolta

A falta de informações também traz revolta. A presidente da Associação de Moradores e Amigos da Vila Itororó (AMAVila), Antonia Souza Candido, conta que as notificações sobre o caso chegaram somente até 2006. Desde então, não houve mais contato por parte da Prefeitura.


"O que a gente sabe é o que está nos noticiários, notícias que nos chegam através do Judiciário, porque do poder público mesmo é um silêncio total. A gente não tem nenhum tipo de esclarecimento, nenhum tipo de contato. Esse espaço não nos é aberto, e eu acho que o poder público nos deve essa satisfação", afirma.


Antonia também conta que, ainda em 2006, houve uma tentativa de negociação com as famílias, que receberam a oferta de cartas de crédito que variavam entre 22 mil e 40 mil reais para apartamentos em um prédio na rua Conde de São Joaquim, próximo à vila. Uma parcela mínima dos moradores, porém, poderia participar do programa de financiamento.


“Só 5% [dos moradores] preenchiam todos os requisitos necessários, porque você tem que comprovar uma renda, não pode ser maior que 65 anos, não agrega renda de irmãos e de filhos. Então ficou muito restrito”, relata.



Indefinição

Se o futuro dos moradores parece incerto, o mesmo acontece com a própria vila. De acordo com a Secretaria Municipal de Cultura, somente após a desapropriação e remoção será apresentado um projeto para restauração do local, que será de responsabilidade da própria pasta.


A arquiteta Aline Fidalgo Yamamoto, que também integra a AMAVila, lembra que, em 2006, a Prefeitura já havia apresentado um projeto para recuperação da vila durante uma audiência pública na Câmara Municipal. Ela descreve, porém, que o projeto exposto era apenas uma revisão do esboço elaborado em 1976.


crianças_itororó"Esse projeto que foi 'lançado' em 2006 é um projeto já da década de 1970. O que eu vejo, como arquiteta, comparando os dois projetos, é que não tem muita diferença. E nossa primeira crítica é justamente essa, a cidade mudou em 30 anos, da década de 70 para 2006, e o projeto é o mesmo", avalia.


A incorporação da vila como um assunto da Secretaria de Cultura também é questionada pelos moradores. Aline frisa que, até 2005, a vila era um tema tratado pela Secretaria Municipal de Habitação (Sehab), transferido de pasta após o decreto de desapropriação.


"A gente queria ter a chance de perguntar a eles porque mudou de assunto, deixou de ser um assunto de habitação e passou a ser cultural", comenta.


Além dessa resposta, os moradores esperam uma oportunidade para apresentar à Prefeitura um projeto alternativo para a vila, criado em parceria com o Escritório Modelo da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Mackenzie e com o Grupo de Pesquisa em Habitação Vida Associada. O diferencial da proposta, de acordo com Aline, é justamente o que o poder público considera inviável: a permanência dos moradores junto com um programa de reurbanização. No projeto sugerido, os sobrados precários seriam retirados e as famílias distribuídas de maneira mais adequada, de forma a organizar todo o espaço.


"Todo arquiteto sabe que é possível, basta você querer fazer um programa de uso que contemple os moradores. A gente mostrou que é viável ter uma densidade normal média de habitantes por metro quadrado na vila junto com os usos culturais de geração de renda ", assegura.


As possibilidades para implantar uma iniciativa do tipo, no entanto, esbarram em entraves, como a cultura de restauração de patrimônio histórico predominante, que não lida bem com a concepção de recuperar ambientes para uso habitacional.


"Isso ainda é um tabu principalmente entre acadêmicos da área de patrimônio que estudam restauração porque a cultura de restauro aqui no Brasil, principalmente em grandes capitais brasileiras, é transformar tudo em centro cultural. Aí você deixa nas mãos dos bancos, e eles, obviamente, conseguem fazer a manutenção", ressalta Aline.



localizaçãoEspeculação, novamente

A maior dificuldade para os moradores da Vila Itororó, porém, é a luta contra a especulação imobiliária. O interesse, para a presidente da AMAVila, está em sua localização: a cerca de 15 minutos da Avenida Paulista, a vila está entre as avenidas Vinte e Três de Maio e Brigadeiro Luís Antônio e próxima a estações de metrô na região da Bela Vista, uma das mais valorizadas da cidade.


"É a localização da Vila Itororó, é privilegiada demais. Você tem acesso a qualquer ponto de São Paulo a partir daqui. É fácil de a gente entender o que eles querem. Porque é muito fácil a Prefeitura, o poder público ou seja lá quem for passar o palacete da Vila Itororó para uma agência bancária", aponta.


Antonia rejeita ainda a ideia de que a vila, transformada em polo cultural, traga vantagens ao conjunto de cidadãos paulistanos. Para ela, a tendência é de que o local atenda apenas um público muito restrito.


"Agências bancárias é utilidade pública? Cafés é utilidade pública? Teatro é utilidade pública? Basta meia hora de passeio pela Bela Vista e você tem cultura a cada esquina. Mas eu não tenho creches, unidades básicas de saúde, centro profissionalizante para jovens, eu não tenho nada disso. Isso é utilidade pública. Mas eu não conheço que público eles querem atingir", enfatiza.


A Vila Itororó também ilustra, para Bianca Tavolari, do Saju, a política que tem sido regra para o centro não apenas de São Paulo, mas de outras grandes cidades no país: a prioridade para estabelecimentos comerciais no lugar de moradias, com a retirada gradual de seus moradores, especialmente os de baixa renda.


"Há uma questão habitacional muito forte no centro de São Paulo, muitos vazios urbanos e pessoas que estão tendo que morar debaixo do viaduto porque não tem uma política, de fato, que contemple, que pense nas pessoas", analisa.


"Na certa eles querem uma outra Júlio Prestes, Sala São Paulo [no bairro da Luz, região central], que é uma cidade-fantasma, visitada por poucos, meia-dúzia de abastados, que, depois de uma hora, se torna um imenso deserto. É um centro de São Paulo morto", sentencia Antonia.


O poder público

Procurada pela reportagem, a Secretaria Municipal de Cultura apenas informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que ainda não há um projeto executivo estabelecido para a vila, e que "essa segunda etapa só será delineada após a efetiva desapropriação do prédio". O órgão declarou ainda que no início do próximo ano deve haver uma proposta mais definida, com estimativa de custos e prazos.


Já a assessoria da Secretaria Municipal de Habitação afirmou que serão disponibilizadas aos moradores bolsas-aluguel durante um ano no valor de 300 reais - quantia considerada suficiente para que as famílias permaneçam na região da Bela Vista, que conta, segundo a Sehab, com 700 cortiços regularizados.


A Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), responsável pelas futuras moradias, por sua vez, informou que três conjuntos habitacionais na rua Conde de São Joaquim deverão receber os moradores da Vila Itororó.

O primeiro dos empreendimentos, o chamado "Bela Vista D", será o próprio prédio existente no local que, após uma reforma, terá 59 apartamentos. As obras, já contratadas, esperam aprovação do projeto no Condephaat. Segundo a CDHU, serão construídos ainda os empreendimentos Bela Vista E, com 21 unidades, e Bela Vista G, com 104, cujos projetos estão em fase de elaboração.



Negociação

Os moradores tentam, agora, uma reunião com a Secretaria de Habitação e uma nova audiência pública na Câmara Municipal, a fim de discutir o futuro da vila.


O temor dos moradores é que aconteça a eles o que já ocorreu em outros locais: sem condições de arcar com os custos do financiamento, recebem apenas uma quantia, que não é suficiente para obter outra moradia.


“Não chegou a ser oferecido isso, mas a gente sabe que faz parte do pacote. Se você não tem renda para uma carta de crédito eles te dão dois ou três mil reais e você volta pra sua terra de origem ou você compra um barraquinho em qualquer ponto da periferia”, pontua.


Na comunidade de Paraisópolis, vizinha do bairro nobre do Morumbi, na zona sul de São Paulo, dezenas de famílias perderam suas casas e estão alojadas em albergues devido a obras de reurbanização realizadas pelo poder municipal, em parceria com a construtora Camargo Correa. O mesmo acontece na Favela do Sapo, na zona norte da cidade, onde centenas de famílias foram despejadas.

festa_itororo

Para tornar o caso da vila conhecido e evitar um despejo, a Associação de Moradores tem promovido encontros e festas que, além de arrecadarem dinheiro para a entidade, servem para recuperar os 80 anos da vila e mostrar a disposição dos moradores de continuarem vivendo ali.


"O que a gente quer é negociar, não só as nossas moradias mas a nossa dignidade e o nosso ponto histórico dentro da Vila Itororó, porque, querendo ou não, nós fazemos parte dessa história da vila que eles frisam tanto que querem preservar", ressalta Antonia, quase há três décadas residindo ali. "Não serão tijolos, concreto ou carranca e adornos que contarão a história de um lugar, serão seus habitantes", completa a presidente da AMAVila.


A história do palacete "surrealista" que virou a casa de gente simples
por Michelle Amaral da Silva última modificação 08/10/2009 19:28

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Eu não vi. Mas minha filha viu e disse que é muito bom....hahaee

Segue divulgação de filme, que faço mesmo não tendo visto, por valorizar as iniciativas que valorizem a cultura negra, a cultura popular, a capoeira e os marginalizados históricos de nosso país.

Fonte: cappacete

BESOURO - Nasce um Herói

Vale a pena assistir Besouro, a proposta é comercial, o filme não é lá essas coisas, mas só a oportunidade de ver elementos da cultura afro mostrados sem preconceitos já vale o ingresso. Pra quem é praticante de capoeira também é uma ótima pedida, as cenas com jogos são sensacionais, os capoeiristas são de primeira. Os vilões, todos brancos, são apresentados de maneira realista, interpretados por ótimos atores. É muito interessante ver o tratamento dispensado aos negros do Recôncavo Baiano da década de vinte do século passado, deparamo-nos com cenas que continuam a ser praticadas diariamente em nossas periferias, mudou apenas o cenário, a jagunçagem continua a mesma. A diferença é que hoje em dia somos nós que pagamos o salário dos jagunços, que espezinham a vida da nossa gente. Mas o espírito de heróis como Besouro, Mestre Pastinha e Mestre Gato Preto estão vivos em nosso povo.
Viva mestre Besouro!
Salve!


Cineclik


Os primeiros minutos de Besouro são assustadores. O filme começa com uma cartela explicativa que situa o ano, o local e as circunstâncias dos acontecimentos que serão vistos, recurso típico de quem prefere a linguagem verbal à cinematográfica, ou de quem não acredita na força das imagens que apresentará. Pior: a cartela, além de escrita, é redundantemente narrada. E o besouro digital que justificará (mais uma vez com uma desnecessária narração em off) o título do filme/ personagem parece aquela vinheta do CQC.

Quando abre a imagem, mais texto: “Salvador, janeiro de 1924”. Que era Salvador, e que era 1924, já sabíamos após ler as cartelas anteriores. Agora sabemos ser o mês de janeiro, fato que não terá nenhuma importância para a trama.

Felizmente, passado este susto inicial provocado pelo excesso de redundâncias, Besouro decola. A primeira má impressão rapidamente se desfaz por meio de uma narrativa forte, repleta de misticismo. Não sem antes cometer outra cartela totalmente desnecessária: “Sete dias depois...”. Mas tudo bem.

A história (ambientada em 1924, eu já tinha falado?) é baseada no caso - dizem - real de Besouro (Aílton Carmo), capoeirista dos mais hábeis que foi vítima da própria vaidade: escolhido para ser o guarda-costas de seu mestre Alípio (Macalé), jurado de morte, Besouro se descuida da função para se exibir em suas habilidades na capoeira. E, indiretamente, acaba sendo responsabilizado pela morte de seu mentor, uma verdadeira lenda vida (agora morta) do Recôncavo Baiano.

Praticamente banido pela sua própria sociedade. Besouro também é caçado pelo coronel local, atraindo para si a ira e a desconfiança de quase todos na região. Só lhe resta recorrer ao misticismo e às forças ocultas para tentar sobreviver.

Besouro traz inegáveis qualidades técnicas e plásticas. Opta por uma fotografia exuberante, é editado de forma vigorosa e sua criativa trilha sonora evita o que seriam óbvios batuques e berimbaus. Bebe em referências palatáveis ao grande público, como o western spaghetti e os filmes chineses de artes marciais. Mas acaba sendo refém de sua própria estética, vítima de seus próprios maneirismos visuais e sonoros ao cometer o grave pecado de priorizar a técnica em detrimento da emoção.

Assim como seu personagem título, o filme também cai vitimado pela própria vaidade. Mas, mesmo assim, é um entretenimento digno, embora a brasilidade do tema não se reflita na estética. Fãs de western spaghetti e de filmes chineses de artes marciais também vão curtir.


Celso Sabadin