segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Terra pra quem trabalha na terra: Plebiscito!

Plebiscito Popular pelo Limite da Propriedade da Terra
O que é? Quando? Onde? Como? Vai mudar o quê?

Entre os dias 01 e 07 de setembro, toda a sociedade brasileira terá a oportunidade de dizer se é a favor ou contra a concentração de terras no país, ou seja, se concorda ou não com o latifúndio. Nesse período acontecerá o Plebiscito Popular pelo Limite da Propriedade da Terra com postos de votação organizados pela própria população em diversos locais espalhados pelo Brasil inteiro.

A campanha do Limite da Propriedade da Terra é uma ação de conscientização e mobilização da sociedade brasileira para incluir na Constituição Federal um novo inciso que limite às propriedades rurais em 35 módulos fiscais. Áreas acima dos 35 módulos seriam automaticamente incorporadas ao patrimônio público.

O módulo fiscal é uma referência, estabelecida pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), que define a área mínima suficiente para prover o sustento de uma família de trabalhadores e trabalhadoras rurais. Ele varia de região para região e é definido para cada município a partir da análise de várias regras, como por exemplo, a situação geográfica, qualidade do solo, o relevo e condições de acesso. A introdução desta medida resultaria numa disponibilidade imediata de mais de 200 milhões de hectares de terra, sem despender recursos públicos para a indenização dos proprietários. Esses recursos poderiam ser empregados no apoio à infra-estrutura, ao crédito subsidiado e à assistência técnica para os assentamentos.

Enquanto o período de votação não chega, você pode contribuir assinando o Abaixo Assinado Virtual: http://www.abaixoassinado.org/abaixoassinados/6322

Saiba como participar desse movimento e contribuir na construção de uma sociedade justa e fraterna mandando um e-mail para forumra.rj@gmail.com ou acessando www.limitedaterra.org.br

sábado, 28 de agosto de 2010

Mais um caso de xenofobia européia.

Um grupo de atores, que suou a camisa para angariar fundos e bancar uma viagem ao Camden Fringe Festival, um festival de teatro que ocorre anualmente em Londres. Acompanhei a batalha deles de perto até o momento do embarque no Brasil. Depois fui informado que haviam sido deportados. A história é muito triste e precisa ser divulgada. Não podemos permitir que mais brasileiros sejam vitimas desse tipo de xenofobia.
Segue uma carta redigida pelo grupo para contar o ocorrido. Divulguem!

Queridos amigos


Há aproximadamente 6 meses, a nossa Companhia – Teatro da Curva – recebeu um convite do Camden Fringe Festival , de Londres, para apresentar o espetáculo “Otimismo”, de Voltaire, adaptação de Ralph Maizza. Estreamos esse espetáculo em 2008 e ao longo de 2 anos fizemos 3 temporadas. Esse convite representou a expansão e coroação de um espetáculo realizado com poucos recursos, mas com muita dedicação, profissionalismo e amor. Durante esses 6 meses, trabalhamos continuamente e intensamente no levantamento de recursos afim de financiar a nossa viagem, visto que não haveria remuneração financeira, e sim apenas o intercâmbio cultural. Levantamos a verba necessária e adaptamos o nosso espetáculo para atender às necessidades do público inglês, de forma a proporcionar uma ampla compreensão do texto encenado, sem que o mesmo perdesse a sua essência.

Enfim, reunimos toda a documentação necessária de acordo com a legislação da imigração inglesa e seguindo orientação do Festival, que inclusive nos enviou uma carta convite, constando o nome de todos os envolvidos, para que a mesma fosse apresentada na imigração. Nos endividamos, recebemos o apoio de amigos, familiares e classe artística, e embarcamos rumo à concretização dos nossos sonhos e expectativas. Após uma longa viagem de 12 horas, chegamos cansados, porém muito empolgados e felizes, em solo inglês. Num primeiro momento, fomos recebidos cordialmente pelos agentes da imigração inglesa. Apresentamos todos os documentos necessários, demos as devidas explicações e fomos sinceros e claros quanto aos nossos objetivos em território inglês. Entregamos ao oficial nossos passaportes, a carta convite, as passagens de ida e de volta, o endereço no qual ficaríamos hospedados com carta de acomodação e informamos o quanto possuíamos em libras, quantia essa mais do que suficiente para bancar a nossa permanência em Londres durante os 10 dias de viagem.

Enquanto o oficial da imigração checava toda a documentação apresentada, fomos conduzidos a outra sala, onde nos revistaram e também as nossas bagagens, tudo de maneira cordial, porém, com algumas perguntas evasivas e atitudes invasivas (como, por exemplo, pedir para traduzir a carta de “boa viagem” da mãe de um dos atores, entre outras violações). Após 5 horas de espera, sendo ludibriados pelos oficiais da imigração, que nos diziam tudo aquilo se tratar de procedimento padrão para que pudéssemos entrar em território inglês, fomos comunicados (sem justificativas plausíveis) da nossa inadmissão naquele país. A imigração alegou que não poderíamos entrar, pois não se tratava de um festival que possuía registro oficial e, portanto, o mesmo não tinha o direito de nos convidar. Sendo assim, necessitávamos de um visto de trabalho. No entanto, segundo cláusula do site de imigração londrina, é permitida a entrada no país de turistas e artistas para mostrarem o seu trabalho temporariamente, num período de 10 dias, não necessitando do visto de trabalho, já que não há remuneração. Mesmo sem o direito da palavra, dissemos isso ao oficial da imigração que, com muito cinismo e prepotência, nos replicou que poderíamos sim entrar dessa forma, porém não naquele dia e, se quiséssemos, poderíamos voltar no dia seguinte. Ainda assim, manifestações, advogado e pessoas do festival estavam no aeroporto tentando falar com a imigração para confirmar a veracidade das nossas informações, a falha de um documento complementar por parte do festival, bem como explicar que a nossa situação era completamente legal. A imigração, com seu radicalismo e xenofobia, não permitiu que essa comunicação fosse efetuada. A partir desse momento, a cordialidade dos oficiais ingleses transformou-se em uma hostilidade injusta e inadequada, já que estavam lidando com artistas (turistas) com documentação legal, que não haviam cometido nenhum delito. Digitais (mãos inteiras) e fotos foram tiradas de todos, e o direito de réplica nos foi negado de maneira estúpida e ameaçadora. Nos revistaram novamente, mas dessa vez de maneira agressiva. Nenhuma explicação. Agentes da segurança foram chamados para impedir qualquer manifestação da nossa parte, que apenas desejava conversar e entender o ocorrido. O pedido de tomar banho, trocar de roupas ou mesmo de fumar um cigarro foi negado rudemente, bem como a comunicação com a nossa produtora local. Os celulares foram apreendidos para que não tirássemos fotos. Em seguida, fomos escoltados por um grupo de seguranças até o momento de entrada no avião, cuidando para que não abríssemos as bagagens. Nos cercaram na zona de embarque na frente de todos os passageiros, até que os mesmos entrassem no avião. Nos sentimos envergonhados e acuados, e enquanto embarcávamos de volta, os seguranças ingleses nos davam um “tchauzinho” cínico e um sorriso sarcástico.

É importante registrar o quanto foi saudosa a recepção da tripulação da TAM, assim como a reação dos passageiros a nossa volta, bem como a calma e solidariedade da Policia Federal ao chegarmos no Brasil.

Com relação à falha da documentação complementar que não foi emitida pelo festival, o grupo já está tomando as devidas providências. Vale ressaltar que tal falha não tornava a nossa condição ilegal para que pudéssemos entrar em solo “shakespeareano”.

Escrevemos essa carta para o esclarecimento dos fatos, para que não haja dúvidas e tampouco distorções a respeito do ocorrido. Sobretudo, colocamos aqui que o objetivo não é o ressarcimento financeiro, e sim a expressão de nossa tristeza, indignação e sensação de impotência, visto que nos sentimos envergonhados sem termos feito nada de errado, bem como nos sentimos fracassados e humilhados sem termos falhado. Não é possível descrever o sentimento de rejeição e injustiça gratuita que experienciamos. No mais, acima de tudo, queremos fazer jus a nossa dignidade. Chegou a hora de lutarmos efetivamente contra a xenofobia, bem como reivindicar nossos direitos de cidadãos do mundo e artistas.



Abraço a todos,

Teatro da Curva

Celso Melez, Didio Perini, Flávia Tápias, Leandro D’Errico, Mariana Blanski, Ralph Maizza, Reynaldo Thomaz, Ricardo Gelli, Tadeu Pinheiro e Walter Figueiredo.

Kassab sempre desce o cacete em artistas de rua!


fonte: Cooperativa Paulista de Teatro

“Teatro de Rua está na Constituição”


Artistas morrem simbolicamente em frente à Prefeitura. Crédito da foto: Alessandra Perrechil

Por Alessandra Perrechil

“Não precisa de dinheiro prá se ouvir meu canto, eu sou canário do reino e canto em qualquer lugar. Em qualquer rua de qualquer cidade, em qualquer praça de qualquer país, levo meu canto puro e verdadeiro, eu quero que o mundo inteiro se sinta feliz”.

Com os versos acima cantados em coro por mais de cinquenta artistas, aconteceu na última segunda-feira, 23 de agosto, no Dia do Artista e Dia Contra a Injustiça, uma mobilização promovida pelo Movimento de Teatro de Rua de São Paulo (MTR/SP), em favor da liberdade dos espaços públicos abertos (ruas, praças, vielas, jardins, parques) para realização das suas atividades artísticas. O ato nacional aconteceu simultaneamente em várias regiões, incluindo Rio de Janeiro, Belém do Pará, Presidente Prudente e Sorocaba.

A ideia de promover esse ato nacional surgiu depois que foram constatados diversos casos de artistas de rua que tiveram dificuldades de se apresentar em locais públicos, e de espaços culturais geridos por coletivos ameaçados de fechar. Aurea Karpor, do Núcleo Cênico ProjetoBaZar, explicou que em Fortaleza artistas foram agredidos por policiais e lembrou de casos em que os eventos tinham autorização da sub-prefeitura, mas a fiscalização apareceu no local, como aconteceu com o Grupo Mamulengo da Folia. Durante o 1º Encontro de Mamulengo em São Paulo, na Praça do Patriarca (centro), uma equipe da sub-prefeitura da Sé apareceu e tentou barrar as apresentações, sob o argumento de que só poderia haver barulho das 12h às 13h, ou só depois das 17h30. Mesmo com os grupos participantes não microfonando os principais instrumentos, e com a autorização de uso do espaço público em mãos, eles foram ameaçados de terem seus instrumentos recolhidos.

Selma Pavanelli, do grupo Buraco D’Oráculo, explicou que no ano passado, durante a Mostra Lino Rojas de Teatro de Rua, foi pedida a autorização de uso de espaço na sub-prefeitura da Sé. Mas, quando foram realizar a mostra, havia outro evento agendado para o mesmo lugar e horário. “As praças do Centro de São Paulo estão sendo privatizadas”, protestou Marcos Pavanelli, do Núcleo Pavanelli, que depois completou: “A praça é do povo!”.

Foram lembrados também os casos do Cicas (Centro Independente de Cultura Alternativa e Social), parceiro do Núcleo Pavanelli, que teve seu espaço desocupado pela polícia militar. E da II Trupe de Choque, grupo que está em constante luta pela liberação da Usina de Compostagem de Lixo de São Mateus, espaço já utilizado pelo grupo durante mais de cinco anos.

Além de lembrarem constantemente que os espaços públicos deviam ser de livre uso da população e cantarem “Se o povo soubesse o valor que ele tem, não aguentava desaforo de ninguém”, os artistas também leram o trecho do artigo 5º, termo IX, da Constituição Brasileira, que diz: “É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica, e de comunicação, independentemente de censura ou licença”.

A mobilização se concentrou a partir das 10h30 no Largo do Paissandu para depois seguir em passeata até à Prefeitura de São Paulo. Primeiro, os artistas cantaram, dançaram, e depois encenaram a história de Feliciano – cidadão humilde que perdeu a língua depois de enfrentar “o Estado”. Após fechar o cruzamento em frente ao Teatro Municipal, perto do Viaduto do Chá, os manifestantes morreram simbolicamente em frente à Prefeitura. Com cruzes brancas perto dos “corpos”, foi montado um cemitério a céu aberto enquanto eram lidas as dificuldades enfrentadas pelos artistas de rua para realizarem seus trabalhos. Depois da “ressurreição”, houve uma roda de ciranda, enquanto uma comissão entrava no prédio da prefeitura para protocolar a carta destinada ao Prefeito de São Paulo.

Participaram do evento na capital paulista os grupos: Buraco d’Oráculo, Cia As Marias, Cia dos Inventivos, Cia do Miolo, Como Lá em Casa, Grupo Teatral Parlendas, Mamulengo da Folia, Populacho e Pic Nic, Núcleo Cênico ProjetoBaZar, Núcleo Pavanelli, Pombas Urbanas, Trupe Artemanha e TUOV (Teatro União e Olho Vivo).

No Rio de Janeiro, o evento teve a participação de mais de 100 pessoas, entre elas Amir Haddad (do grupo Tá na Rua), e contou com o apoio de Marcelo Bones e Marcos Correa, da Funarte. Com a presença de estudantes, operários, advogados, turistas, parlamentares municipais, estaduais e federais, entre outros, teve apresentação de música, circo, teatro e muito improviso.

A Rede Brasileira de Teatro de Rua (RBTR), criada em 2007, atualmente é formada por movimentos e grupos de 27 estados brasileiros. Já o Movimento de Teatro de Rua da Cidade de São Paulo (MTR/SP) existe desde 2002 e agrega diferentes grupos e companhias de teatro de rua, pensadores e afins que visam a construção de políticas públicas permanentes que garantam a continuidade de pesquisa, produção e circulação do teatro de rua nessa cidade. Para saber mais, acesse o blog do movimento: www.mtrsaopaulo.blogspot.com.

Carta Aberta

CARTA ABERTA DO MTR/SP A FAVOR DA LIBERAÇÃO DOS ESPAÇOS PÚBLICOS ABERTOS
PARA A REALIZAÇÃO DE ATIVIDADES ARTfsTICAS.
Esta carta é um protesto contra as perseguições abusivas por parte do aparelho estatal contra
as artes populares. Chegamos à primeira década do século XXI e os artistas populares e a arte
que produzem continuam relegadas ao esquecimento ou sofrendo constantes ameaças.
Perseguição aos artistas, fechamento ou ameaça de fechamento de espaços culturais geridos
por coletivos, rígida fiscalização, atores apanhando da polícia, proibição de eventos em praças
públicas, tudo isso ocorrendo em 2010 em diversos lugares do Brasil. O que está ocorrendo?
Onde ficam os direitos garantidos pela Constituição?
"é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação,
independentemente de censura ou licença"
Constituição Brasileira, artigo 5!! termo IX
Toda e qualquer arte que se coloca como contra hegemônica, vem sofrendo perseguições. A
constatação é dura, mas a realidade pode ser ainda muito mais.
Após a realização do FORUM da 5º MOSTRA UNO ROJASDE TEATRO DE RUA em julho de 2010,
discutindo as dificuldades dos grupos em realizar suas atividades pelas ruas, nós do MTR/SP
(Movimento de Teatro de Rua da cidade de São Paulo) coletamos diversos relatos de grupos
de teatro de rua a respeito desses entraves. Os relatos denunciam a falta de respeito ao artigo
52 da Constituição Brasileira.
Porém, ao investigarmos, facilmente nos deparamos com casos onde grandes produções ou
jovens artistas que se enquadram na ditadura do mercado tem sido apoiados com muito
dinheiro via leis de incentivo como a Rounet.
Enquanto isso as artes populares sofrem com despejos, falta de apoio e reprimendas policiais.
Exigimos um posicionamento das gestões públicas e o apoio da população para que seja
garantida aos artistas populares a liberdade de expressão e de trabalho com dignidade.
Arte não é luxo, nem lixo. Ela pode e deve ser feita na rua.
São Paulo, 23 de Agosto de 2010
MTR/SP
Movimento de Teatro de Rua da Cidade de São Paulo
(O Movimento de Teatro de Rua da Cidade de São Paulo (existente desde 2002) agrega
diferentes grupos e companhias de teatro de rua, pensadores e afins que visam a construção
de políticas públicas permanentes que garantam a continuidade de pesquisa, produção e
circulação do teatro de rua nessa cidade. O Movimento propõe ações que possibilitam o
desenvolvimento de reflexões sobre o teatro de rua em âmbito nacional, bem como sobre sua
relação com a cidade. Os integrantes do movimento de teatro de rua da cidade de São Paulo
defendem a valorização do espaço público aberto como local de criação, expressão e encontro,
compreendendo que assim esse espaço toma-se ambiente propício à ampliação da cidadania de
quem com ele se relaciona.)

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Como sempre em São Paulo, quem paga, passa...

Fonte: PIG (leia com cuidado)

Tá explicado porque a Fuvest estava até agora escondendo os dados estatísticos do questionário sócio-econômico dos ingressantes em 2010...

http://www.estadao. com.br/noticias/ geral,cai- numero-de- alunos-da- rede-publica- aprovados- na-usp,593505, 0.htm

Cai número de alunos da rede pública aprovados na USP

O número de alunos oriundos da escola pública aprovados em primeira chamada na Universidade de São Paulo (USP) caiu para o menor patamar desde 2007, quando o programa de inclusão foi implantado na instituição. Neste ano, 25,6% do total de 10.662 convocados para matrícula - ou seja, 2.717 alunos - cursou o ensino médio na rede pública. O porcentual está abaixo do número de 2009, que foi de 30% - um recorde para a USP.

Os dados são referentes ao Programa de Inclusão Social da Universidade de São Paulo (Inclusp) e foram apresentados ontem pela pró-reitora de graduação da USP, Telma Zorn. O Inclusp oferece ao aluno da rede pública a possibilidade de aumentar sua nota do vestibular em até 12%, de acordo com os bônus do programa.

O porcentual de 25,6% se aproxima dos índices anteriores à criação do Inclusp - por exemplo, em 2001, 25,19% dos aprovados na Fuvest estudaram na rede pública. Além disso, está abaixo da meta do programa. Quando foi criado, o objetivo era conceder 30% das matrículas a estudantes formados na rede pública - número que só foi atingido em 2009, já que, em 2007, ficou em 26,98% e, em 2008, em 26,31%.
De acordo com Telma, há algumas possibilidades para a queda específica de 2009 para 2010: a não realização do programa de embaixadores do Inclusp no ano passado (ou seja, faltou divulgação nas escolas); a maior oferta de vagas com a expansão de universidades federais; a procura pelo Programa Universidade Para Todos (ProUni), que chama alunos carentes para instituições particulares, e a divulgação escassa do "bônus Fuvest", criado em 2009 para substituir a nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) no vestibular. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Maiakovski: 80 anos sem o poeta revolucionário!


Fonte: http://maiakovski80anos.blogspot.com/

A canoa do amor se quebrou no cotidiano. Eis um dos versos de um dos últimos poemas de Maiakovski, Fragmentos, escrito na miséria e confusão de uma Rússia em declínio, de uma Rússia que mal havia se libertado dos grilhões e já tornava a tatuá-los na pele, de uma amante que dormia frente à imensidão da madrugada. Inútil o apanhado
da mútua dor mútua quota de dano. E cá estamos nós, oitenta anos depois, diante dos estilhaços de papel da canoa.
O suicídio do poeta, ou o seu poema final, foi o atestado de óbito da arte independente russa. Maliévitch, Kandinsky, Eisenstein, Meyerhold, e tantos outros, mutilados, castrados, expulsos. Iêssienen morto em um quarto de hotel escoando seu último verso com a última gota de vida. O mar se vai. “A arte da época stalinista entrará na história como a expressão mais espetacular do profundo declínio da revolução proletária”, escreveu Leon Trotsky.
Maiakovski, o futurista, o bolchevique, o revolucionário permanente, o homem que era todo coração, nos diria: Camarada vida, vamos para diante, galopemos pelo qüinqüênio afora. E galopamos.
O movimento A Plenos Pulmões, em conjunto com a Revista Iskra, homenageiam o grande poeta revolucionário, sua força e ímpeto, sua paixão pela vida, pela arte e pela política, e acima de tudo, seu esforço incansável por construir uma forma de vida superior, limpa de todo o mal, de toda opressão e de toda violência. Saudemos Maiakovski!
Postado por Movimento A Plenos Pulmões

A SIERGUÉI IESSIÊNIN

Você partiu,
como se diz,
para o outro mundo.
Vácuo. . .
Você sobe,
entremeado às estrelas.
Nem álcool,
nem moedas.
Sóbrio.
Vôo sem fundo.
Não, lessiênin,
não posso
fazer troça, -
Na boca
uma lasca amarga
não a mofa.
Olho -
sangue nas mãos frouxas,
você sacode
o invólucro
dos ossos.
Sim,
se você tivesse
um patrono no "Posto" -
ganharia
um conteúdo
bem diverso:
todo dia
uma quota
de cem versos,
longos
e lerdos,
como Dorônin.
Remédio?
Para mim,
despautério:
mais cedo ainda
você estaria nessa corda.
Melhor
morrer de vodca
que de tédio !
Não revelam
as razões
desse impulso
nem o nó,
nem a navalha aberta.
Pare,
basta !
Você perdeu o senso? -
Deixar
que a cal
mortal
Ihe cubra o rosto?
Você,
com todo esse talento
para o impossível;
hábil
como poucos.
Por quê?
Para quê?
Perplexidade.
- É o vinho!
- a crítica esbraveja.
Tese:
refratário à sociedade.
Corolário:
muito vinho e cerveja.
Sim,
se você trocasse
a boêmia
pela classe;
A classe agiria em você,
e Ihe daria um norte.
E a classe
por acaso
mata a sede com xarope?
Ela sabe beber -
nada tem de abstêmia.
Talvez,
se houvesse tinta
no "Inglaterra";
você
não cortaria
os pulsos.
Os plagiários felizes
pedem: bis!
Já todo
um pelotão
em auto-execução.
Para que
aumentar
o rol de suicidas?
Antes
aumentar
a produção de tinta!
Agora
para sempre
tua boca
está cerrada.
Difícil
e inútil
excogitar enigmas.
O povo,
o inventa-línguas,
perdeu
o canoro
contramestre de noitadas.

E levam
versos velhos
ao velório,
sucata
de extintas exéquias.
Rimas gastas
empalam
os despojos, -
é assim
que se honra
um poeta?
-Não
te ergueram ainda um monumento -
onde
o som do bronze
ou o grave granito? -
E já vão
empilhando
no jazigo
dedicatórias e ex-votos:
excremento.
Teu nome
escorrido no muco,
teus versos,
Sóbinov os babuja,
voz quérula
sob bétulas murchas -
"Nem palavra, amigo,
nem so-o-luço".
Ah,
que eu saberia dar um fim
a esse
Leonid Loengrim!
Saltaria
- escândalo estridente:
- Chega
de tremores de voz!
Assobios
nos ouvidos
dessa gente,
ao diabo
com suas mães e avós!
Para que toda
essa corja explodisse
inflando
os escuros
redingotes,
e Kógan
atropelado
fugisse,
espetando
os transeuntes
nos bigodes.
Por enquanto
há escória
de sobra.
0 tempo é escasso -
mãos à obra.
Primeiro
é preciso
transformar a vida,
para cantá-la -
em seguida.
Os tempos estão duros
para o artista:
Mas,
dizei-me,
anêmicos e anões,
os grandes,
onde,
em que ocasião,
escolheram
uma estrada
batida?
General
da força humana
- Verbo -
marche!
Que o tempo
cuspa balas
para trás,
e o vento
no passado
só desfaça
um maço de cabelos.
Para o júbilo
o planeta
está imaturo.
É preciso
arrancar alegria
ao futuro.
Nesta vida
morrer não é difícil.
O difícil
é a vida e seu ofício.


A PLENOS PULMÕES
Primeira Introdução ao Poema
Caros
..........camaradas
......................futuros!
Revolvendo
.......a merda fóssil
......................de agora,
.................................perscrutando
estes dias escuros,
....talvez
..............perguntareis
...............................por mim.

Ora,
......começará
...............vosso homem de ciência,
afagando os porquês
.............num banho de sabença,
conta-se
.......que outrora
...................um férvido cantor
a água sem fervura
..........................combateu com fervor.
Professor,
.........jogue fora
...............as lentes-bicicleta!
A mim cabe falar
.................de mim
...........................de minha era.
Eu – incinerador,
...............eu – sanitarista,
a revolução
.................me convoca e me alista.
Troco pelo front
.........a horticultura airosa
.............................da poesia –
.....................................fêmea caprichosa.
Ela ajardina o jardim virgem
...............vargem
......................sombra
.............................alfombra.
"É assim o jardim de jasmim,
...................o jardim de jasmim do alfenim."
Este verte versos feito regador,
......................aquele os baba,
boca em babador, –
...........bonifrates encapelados,
........................descabelados vates –
entendê-los,
..............ao diabo!,
.............................quem há-de...
Quarentena é inútil contra eles
..................– mandolinam por detrás das paredes:
"Ta-ran-tin, ta-ran-tin,
.........................ta-ran-ten-n-n..."
Triste honra,
...............se de tais rosas
..........................minha estátua se erigisse:
na praça
...........escarra a tuberculose;
putas e rufiões
...............numa ronda de sífilis.
Também a mim
.........a propaganda
........................cansa,
é tão fácil
.......alinhavar
.................romanças, –
Mas eu
.........me dominava
.....................entretanto
e pisava
...........a garganta do meu canto.
Escutai,
..............camaradas futuros,
....................................o agitador,
o cáustico caudilho,
....................o extintor
.........................dos melífluos enxurros:
por cima
........dos opúsculos líricos,
...............................eu vos falo
...........como um vivo aos vivos.
Chego a vós,
......à Comuna distante,
..............não como Iessiênin,
...............................guitarriarcaico.
Mas através
.......dos séculos em arco
.....................sobre os poetas
............................e sobre os governantes.
Meu verso chegará,
.................não como a seta
..................................lírico-amável,
..............que persegue a caça.
Nem como
........ao numismata
...............a moeda gasta,
.......................nem como a luz
...............................das estrelas decrépitas.
Meu verso
.........com labor
.............rompe a mole dos anos,
..................................e assoma
.....a olho nu,
...............palpável,
........................bruto,
.......................como a nossos dias
chega o aqueduto
................levantado
..........................por escravos romanos.
No túmulo dos livros,
.............versos como ossos,
......................se estas estrofes de aço
acaso descobrirdes,
.............vós as respeitareis,
........................como quem vê destroços
....de um arsenal antigo,
.................mas terrível.
Ao ouvido
..........não diz
................blandícias
............................minha voz;
lóbulos de donzelas
........de cachos e bandós
....................não faço enrubescer
...............................com lascivos rondós.
Desdobro minhas páginas
.......– tropas em parada,
................e passo em revista
...........................o front das palavras.
Estrofes estacam
...........chumbo-severas,
.....................prontas para o triunfo
........ou para a morte.
Poemas-canhões, rígida coorte,
..........................apontando
................................as maiúsculas
...........abertas.
Ei-la,
.....a cavalaria do sarcasmo,
................minha arma favorita,
.............................alerta para a luta.
Rimas em riste,
......sofreando o entusiasmo,
.............................eriça
................................suas lanças agudas.
E todo
......este exército aguerrido,
.......................vinte anos de combates,
não batido,
...........eu vos dôo,
..................proletários do planeta,
cada folha
.............até a última letra.
O inimigo
......da colossal
...............classe obreira,
..................................é também
meu inimigo
.................figadal.
Anos
........de servidão e de miséria
...............................comandavam
...............................nossa bandeira vermelha.
Nós abríamos Marx
........volume após volume,
.............................janelas
.....................................de nossa casa
abertas amplamente,
..............mas ainda sem ler
............................saberíamos o rumo!
onde combater,
................de que lado,
..........................em que frente.
Dialética,
.........não aprendemos com Hegel.
Invadiu-nos os versos
........ao fragor das batalhas,
.................................quando,
sob o nosso projétil,
..........debandava o burguês
..........................que antes nos debandara.
Que essa viúva desolada,
......................– glória –
..............................se arraste
após os gênios,
.................merencória.
Morre,
.........meu verso,
....................como um soldado
.......................................anônimo
na lufada do assalto.
Cuspo
......sobre o bronze pesadíssimo,
........cuspo
..................sobre o mármore viscoso.
Partilhemos a glória, –
....................entre nós todos, –
..................................o comum monumento:
o socialismo,
.............forjado
......................na refrega
....................................e no fogo.
Vindouros,
......varejai vossos léxicos:
............................do Letes
..............................brotam letras como lixo –
"tuberculose",
........"bloqueio",
.............."meretrício".
Por vós,
......geração de saudáveis, –
.......................um poeta,
......................com a língua dos cartazes,
lambeu
..........os escarros da tísis.
A cauda dos anos
...........faz-me agora
..................um monstro,
..........................fossilcoleante.
Camarada vida,
..........vamos,
.............para diante,
galopemos
.......pelo qüinqüênio afora.
Os versos
......para mim
.............não deram rublos,
............................nem mobílias
..................de madeiras caras.
Uma camisa
......lavada e clara,
.......................e basta, –
.........................para mim é tudo.
Ao Comitê Central
................do futuro
......................ofuscante,
..........................sobre a malta
...................dos vates
velhacos e falsários,
......................apresento
.................................em lugar
do registro partidário
......todos
............os cem tomos
dos meus livros militantes.

O AMOR

Um dia, quem sabe,
ela, que também gostava de bichos,
apareça
numa alameda do zoo,
sorridente,
tal como agora está
no retrato sobre a mesa,.
Ela é tão bela,
que, por certo, hão de ressuscitá-la.
Vosso Trigésimo Século
ultrapassará o exame
de mil nadas,
que dilaceravam o coração.
Então,
de todo amor não terminado
seremos pagos
em enumeráveis noites de estrelas.
Ressuscita-me,
nem que seja só porque te esperava
como um poeta,
repelindo o absurdo quotidiano!
Ressuscita-me,
nem que seja só por isso!
Ressuscita-me!
Quero viver até o fim o que me cabe!
Para que o amor não seja mais escravo
de casamentos,
concupiscência,
salários.
Para que, maldizendo os leitos,
saltando dos coxins,
o amor se vá pelo universo inteiro.
Para que o dia,
que o sofrimento degrada,
não vos seja chorado, mendigado.
E que, ao primeiro apelo:
- Camaradas!
Atenta se volte a terra inteira.
Para viver
livre dos nichos das casa.
Para que
doravante
a família
seja
o pai,
pelo menos o Universo;
a mãe,
pelo menos a Terra.


GAROTO

Fui agraciado com o amor sem limites.
Mas, quando garoto,
a gente preocupada trabalhava
e eu escapava
para as margens do rio Rion
e vagava sem fazer nada.
Aborrecia-se minha mãe:
"Garoto danado!"
Meu pai me ameaçava com o cinturão.
Mas eu, com três rublos falsos,
jogava com os soldados sob os muros.
Sem o peso da camisa,
sem o peso das botas,
de costas ou de barriga no chão,
torrava-me ao sol de Kutaís
até sentir pontadas no coração.
O sol assombrava:
"Daquele tamaninho
e com um tal coração!
Vai partir-lhe a espinha!
Como, será que cabem
nesse tico de gente
o rio,
o coração,
eu
e cem quilômetros de montanhas?"


ADOLESCENTE

A juventude de mil ocupações.
Estudamos gramática até ficar zonzos.
A mim
me expulsaram do quinto ano
e fui entupir os cárceres de Moscou.
Em nosso pequeno mundo caseiro
brotam pelos divãs
poetas de melenas fartas.
Que esperar desses líricos bichanos?
Eu, no entanto,
aprendi a amar no cárcere.
Que vale comparado com isto
a tristeza dos bosques de Boulogne?
Que valem comparados com isto
suspirosante a paisagem do mar?
Eu, pois,
me enamorei da janelinha da cela 103
da "oficina de pompas fúnebres".
Há gente que vê o sol todos os dias
e se enche de presunção.
"Não valem muito esses raiozinhos"
dizem.
Eu, então,
por um raiozinho de sol amarelo
dançando em minha parede
teria dado todo um mundo


MINHA UNIVERSIDADE

Conheceis o francês
sabeis dividir,
multiplicar,
declinar com perfeição.
Pois, declinai!
Mas sabeis por acaso
cantar em dueto com os edifícios?
Entendeis por acaso
a linguagem dos bondes?
O pintainho humano
mal abandona a casca
atraca-se aos livros
e as resmas de cadernos.
Eu aprendi o alfabeto nos letreiros
folheando páginas de estanho e ferro.
Os professores tomam a terra
e a descarnam
e a descascam
para afinal ensinar:"Toda ela não passa dum globinho!"
Eu com os costados aprendi geografia.
Os historiadores levantam
a angustiante questão:
- Era ou não roxa a barba de Barba Roxa?
Que me importa!
Não costumo remexer o pó dessas velharias!
Mas das ruas de Moscou
conheço todas as histórias.
Uma vez instruídos,
há os que se propõem a agradar às damas,
fazendo soar no crânio suas poucas idéias,
como pobres moedas numa caixa de pau.
Eu, somente com os edifícios, conversava.
Somente os canos de água me respondiam.
Os tetos como orelhas espichando
suas lucarnas atentas
aguardavam as palavras
que eu lhes deitaria.
Depois
noite a dentro
uns com os outros
palravam
girando suas línguas de cata-vento.

ADULTOS

Os adultos fazem negócios.
Têm rublos nos bolsos.
Quer amor? Pois não!
Ei-lo por cem rublos!
E eu, sem casa e sem teto,
com as mãos metidas nos bolsos rasgados,
vagava assombrado.
À noite
vestis os melhores trajes
e ides descansar sobre viúvas ou casadas.
A mim
Moscou me sufocava de abraços
com seus infinitos anéis de praças.
Nos corações, nos relógios
bate o pêndulo dos amantes.
Como se exaltam as duplas no leito do amor!
Eu, que sou a Praça da Paixão, *
surpreendo o pulsar selvagem
do coração das capitais.
Desabotoado, o coração quase de fora,
abria-me ao sol e aos jatos de água.
Entrai com vossas paixões!
Galgai-me com vossos amores!
Doravante não sou mais dono de meu coração!
Nos demais - eu sei,
qualquer um o sabe -
O coração tem domicílio
no peito.
Comigo
a anatomia ficou louca.
Sou todo coração -
em todas as partes palpita.
Oh! Quantas são as primaveras
em vinte anos acesas nesta fornalha!
Uma tal carga
acumulada
torna-se simplesmente insuportável.
Insuportável
não para o verso
de veras.


DEDUÇÃO

Não acabarão com o amor,
nem as rusgas,
nem a distância.
Está provado,
pensado,
verificado.
Aqui levanto solene
minha estrofe de mil dedos
e faço o juramento:
Amo
firme,
fiel
e verdadeiramente

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Quero meus 50 real!!


É a fala que os professores estão sendo obrigados a ouvir, de uma classe que antes tinha dois alunos verdadeiramente interessados, agora tem uns dez, e talvez logo tenha mais, pois cinquentinha faz muita falta no orçamento de qualquer família pobre, inclusive à dos professores, que não têm esse aumento há um bom tempo! Mas se a ajuda financeira é necessária, ela não combina com empenho nos estudos, especialmente se for apenas eventual, em situação de indicação para reforço escolar. O estudante, ao meu ver, deve sim receber bolsa-auxílio para estudar, mas não a partir de sua freqüência em determinadas aulas, mas de acordo com as sua situação social e em todo o ano letivo, podendo até condicioná-la a notas acima da média, por exemplo. Os cinqüenta reais, porém, podem ser usados como motivação para frequentar e não para se esforçar nos aprendizado e nas notas (levando em consideração que essa pedagogia de notas e sem formação ao pensamento é certamente falida, mas ainda é a predominante.)
Medida eleitoral que dificilmente trará benefícios intelectuais aos estudantes.
Governo perverso = estudantes burros!