quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Deputado que criou e defende a Lei de Fomento ao Teatro em São Paulo é cogitado para Ministério da Cultura! Serra e Kassab ainda não engoliram a Lei e tentam destruí-la.

Este educador que vos escreve está de pleno acordo com o camarada que escreveu o seguinte relato:
Dentre os nomes cogitados para o Ministério da Cultura existe um em especial que salta aos olhos, o do Dep. Vicente Cândido, foi para mim uma grata surpresa ao ver seu nome relacionado pela imprensa entre os postulantes ao Ministério, um reconhecimento a uma pessoa que dedica muito de sua vida política a cultura, criador da Lei de Fomento ao Teatro, um grande companheiro de toda categoria (Teatro, Dança, Circo, Cinema, Artes Plásticas etc.).
Um homem que entende a cultura como instrumento de transformação da sociedade, que estudou como ninguém de políticas culturais. Eu milito na cultura já faz muitos anos, e sem desmerecer os outros nomes para mim o melhor nome para o Ministério da Cultura é o Dep. Vicente Cândido
Não considero o Dep. Vicente Cândido como um político interessado em cultura, e sim como um companheiro de todas as lutas que se apresentaram para Cultura nos últimos 10 anos.

Para ilustrar, segue um video de um tempo atrás aonde o Marco Antônio Rodrigues, do grupo Folias d'Arte fala do Vicente Cândido:
 
 
Por favor, gostaria de mais manifestações de quem esta alinhado com minha visão.
 
Grato
 
Márcio Boaro

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Debates sobre a preservação do Parque da Água Branca em São Paulo

Debate sobre a resistência na mídia e mostra de cinema Brechtiano no CINUSP!


MOSTRA BRECHT NO CINEMA
30 de novembro a 3 de dezembro 
Sempre haverá  mitos, mas deles podemos nos despir atualizando-os no presente, em nossa própria experiência, aproximando-nos do que de fato restou. Uma mistura de brinquedo e arqueologia. O que de Bertold Brecht sobrou foram os escritos, mas também filmes. Mas não pensemos que os filmes seguiram na História mais íntegros que suas peças, por exemplo, porque estas seriam passíveis de interpretações (literalmente), variações. Os filmes também o são, por motivos diferentes, seja pelo modo como desvendamos as imagens em outro contexto ou pelos cortes de censura, mutilando cópias. Podemos ver o que nos restou. 
Brecht mais escreveu para o cinema do que dirigiu. Colaborou diretamente na realização de nove filmes e onze textos adaptados para a tela. Deixou ainda vários roteiros completos e mais de vinte argumentos. Em 1932, pouco antes de se exilar, ocorreu um dos episódios mais significativos da relação de Brecht com o cinema: o filme Kuhle Wampe: ou A Quem Pertence o Mundo?. Este é o único filme em que efetivamente colaborou, com liberdade e entusiasmo, da elaboração do argumento aos trabalhos de direção e filmagem. Este filme causaria uma situação curiosa quando no "tribunal" um censor argumenta com os realizadores os motivos para censurar o filme, desdobrando inesperadamente a estética brechtiniana:
      A censura criou-nos grandes dificuldades e houve uma sessão com o representante da censura e os advogados da sociedade cinematográfica. O representante da censura mostrou-se inteligente: “Ninguém vos contesta o direito de descrever suicídios. Suicídios, vários deles aconteceram. Vós podeis também descrever o suicídio de um desempregado. Suicídios de desempregados igualmente ocorreram. Eu não vejo razão, senhores, de ficar em silêncio sobre isso. No entanto, faço uma objeção contra a maneira de descrever o suicídio de vosso desempregado. Ela é inconciliável com os interesses da coletividade que devo defender: estou desolado de dever vos fazer aqui uma censura de ordem artística”. Nós (ofendidos): “?”. Ele continuou: “Sim, vós ides admirar-vos que eu censure a vossa descrição por não me parecer suficientemente humana. Não é um homem o que vós mostrais (digo-o tranqüilamente), mas um tipo. Vosso desempregado não é um verdadeiro indivíduo, não é um homem de carne e sangue, diferente dos outros, com suas preocupações particulares, suas alegrias particulares e, no final das contas, seu destino particular. Ele é representado de maneira completamente artificial (desculpai, enquanto artistas, esta expressão um pouco brutal): nós aprendemos muito pouca coisa sobre ele. Entretanto, as conseqüências são de natureza política e forçam-me a opor-me à liberação de vosso filme. Este filme tende a fazer do suicídio um fenômeno típico, alguma coisa que não é a ação de um ou outro indivíduo doente, mas o destino de toda uma classe!!! Vós sois da opinião que a sociedade conduz os jovens ao suicídio, recusando-lhes a possibilidade de trabalhar. E vós não vos incomodais em dizer o que seria preciso aconselhar aos desempregados para que haja uma mudança neste domínio. Senhores, vós não vos comportastes como artistas. Não neste caso. Vós não vos inquietais de dar forma a um comovente destino individual, do qual ninguém poderia vos impedir”. (...) Com obstinação, acrescentou: “vós deveis, porém, admitir que vosso suicídio evita tudo o que há de impulsivo. O espectador não é levado a fazer nada para a isso se opor, o que deveria, no entanto, ser o caso de uma apresentação artística e calorosamente humana. Meu Deus! O ator fez isso como se mostrasse de que maneira se descascam os pepinos!”.
      (...) Saindo da sala, nós não ocultávamos nossa admiração por esse censor tão lúcido. Ele tinha penetrado bem mais profundamente na essência mesma de nossas intenções artísticas do que os críticos mais benevolentes para com nossa proposta. Ele tinha conseguido dar um pequeno curso sobre realismo. Do ponto de vista da polícia. 
      Bertolt Brecht em Pequena Contribuição ao Tema do Realismo.
Este duplo julgamento do filme traz questões importantes do legado brechtiniano (os restos) que podem ser encontrados ainda em pauta no cinema contemporâneo. Portanto, essa arqueologia – fazer uma mostra de "Brecht no cinema", rever tais filmes – prefere ser menos homenagem (porque estanque), e mais uma tentativa de fazer decifrar tais ideias de cinema no mundo de hoje, para colocá-las em circulação, para rechaçá-las, para abarcá-las. Terreno arado, vida nova. Mudam os tipos e a História continua.

O homem do colarinho pergunta: "E quem vai mudar o mundo?"
A operária responde: "Aqueles a quem o mundo não agrada."
Boas sessões!
ENCONTRO
Encontro sobre o Ativismo na Mídia com Jasmina Tesanovic, ativista política, autora de Diary of a Political Idiot (Kossovo, 1999).
O encontro visa discutir as mídias como ferramentas de ações ativistas, tanto de um ponto de vista histórico como atual. Organizado pelo festival ARTE.MOV – Festival Internacional de Arte em Mídias Móveis, o evento conta com a coordenação de Almir Almas, a moderação de Bruna Callegari e Felipe Fonseca, além da participação de Rogerio Borovik, Jean Habib, Flavia Vivaqua, Vivian Accuri, Tulio Tavares, Paulo Lara, e outros, como debatedores.

O encontro acontece no CINUSP, dia 29 de novembro às 17h30, e tem o apoio do CINUSP e do PPGMPA (Programa de Pós-Graduação em Meios e Processos Audiovisuais) CTR/ECA/USP.  
SESSÃO ESPECIAL
É possível que seu navegador não suporte a exibição desta imagem. O abraço corporativo
Direção: Ricardo Kauffman
Brasil, 2009, 75’, exibição em DVD
O filme acompanha a trajetória real de um consultor de RH fictício, chamado Ary Itnem, em busca de divulgação na mídia da Teoria do Abraço. Ele propõe a solução para uma doença chamada inércia do afastamento, causada pelo uso excessivo das novas tecnologias. Sua trajetória em busca da notícia está registrada no filme que apresenta de forma surpreendente o desfecho desta história. 
A sessão acontece no CINUSP, dia 2 de dezembro às 19h.

SINOPSES
É possível que seu navegador não suporte a exibição desta imagem.
A ópera dos três vinténs (Die 3 Groschen-Opera)
Direção: G. W. Pabst
Alemanha, 1931, 112´, exibição em DVD
Elenco: Rudolf Forster, Lotte Lenya, Carola Neher
Versão restaurada da famosa adaptação de G. W. Pabst (A Caixa de Pandora) para o lendário musical de Brecht. Músicas de Kurt Weill.

É possível que seu navegador não suporte a exibição desta imagem. Os carrascos também morrem (Hangmen also die!)
Direção: Fritz Lang
EUA, 1943, 134´, exibição em DVD
Elenco: Brian Donlevy, Walter Brennan, Hans von Twardowski
Um nazista é assassinado na Tchecoslováquia ocupada. Como represália, a Gestapo começa uma sangrenta caçada. Obra-prima de Fritz Lang. Roteiro de Bertolt Brecht.

É possível que seu navegador não suporte a exibição desta imagem. Kuhle Wampe: ou A quem pertence o mundo?
(Kuhle Wampe oder: Wem gehört die Welt?)
Direção: Slatan Dudow
Alemanha , 1932, 80’, exibição em DVD
História de uma família operária durante a crise econômica na República de Weimar. Marco do cinema político-social. Roteiro de Bertolt Brecht e Ernst Ottwalt.

Como vive o trabalhador berlinense
(Zeitprobleme: wie der Arbeiter wohnt)
Direção: Slatan Dudow
Alemanha , 1930, curta-metragem, exibição em DVD
Realizado antes de Kuhle Wampe, este curta é uma denúncia sobre as condições de vida do trabalhador na capital alemã.
Os mistérios de uma barbearia (Mysterien eines Frisiersalons)
Direção: Bertolt Brecht e Erich Engel
Alemanha, 1923, curta-metragem, exibição em DVD
Elenco: Blandine Ebinger, Karl Valentin, Erwin Faber
Numa barbearia, clientes aguardam enquanto um aprendiz preguiçoso, interpretado pelo famoso ator Karl Valentin, dorme.


GRADE HORÁRIA




Segunda 29/11

17h30
 
Encontro sobre o Ativismo na Mídia com Jasmina Tesanovic
Terça
30/11
Quarta
01/12
Quinta
02/12
Sexta
03/12




16h

Como vive o trabalhador berlinense (curta)
+
Kuhle Wampe: ou A quem pertence o mundo?



Os carrascos também morrem

Como vive o trabalhador berlinense (curta)
+
Kuhle Wampe: ou A quem pertence o mundo?

Os mistérios de uma barbearia (curta)
+
A ópera dos três vinténs




19h



Os carrascos também morrem

Os mistérios de uma barbearia (curta)
+
A ópera dos três vinténs

SESSÃO ESPECIAL
O abraço corporativo

Como vive o trabalhador berlinense (curta)
+
Kuhle Wampe: ou A quem pertence o mundo?

I FESTIVAL INTERUNESP CONTRA OPRESSÃO

Fonte: Pão e Rosas

O cenário aberto pelas eleições - onde Dilma e Serra fizeram todo o possível para garantir à Igreja e setores conservadores da sociedade que continuariam criminalizando o aborto - mostra aos setores oprimidos por esta sociedade o que significa Dilma, uma mulher, na presidência. Significa a continuidade do atrelamento do Estado com a Igreja Católica, garantindo a impunidade de seus bispos pedófilos, o direito de ensinar seus valores reacionários nas escolas públicas que só contribuem com a construção da violência como homossexuais, pois pregam um sexo somente para a reprodução, proibem o uso de preservativos e, para tudo isso, ainda tem isenções fiscais.

Nenhuma confiaça é possível no governo de Dilma! Uma mulher no poder não significa avanço para as mulheres trabalhadoras que morrem com abortos clandestinos e são super exploradas cotidianamente nos postos de trabalho mais precarizados. Frente a pressões da Igreja, Dilma abriu mão do direito ao aborto, uma demanda histórica das mulheres, para garantir sua eleição Do que mais abrirá mão frente a futuras exigências dos empresários, banqueiros em crise? O direito das mulheres à vida, a liberdade de exercer a sexualidade, a igualdade entre raças não são negociáveis.

Mostrando a pouca importância que dá a vida das mulheres (mortas em abortos clandestinos, assassinadas brutalmente por seus companheiros e ex companheiros), de homossexuais etc., Dilma está ajudando a cavar espaço para os setores mais preconceituosos da sociedade se manifestarem impunemente! É só observar como estes setores se sentem confiantes de criar comunidades no orkut, blogs, agredir pessoas nas ruas. É preciso a mais completa intransigência frente às demonstrações de opressão. O acordo Lula-Vaticano, a tática eleitoreira de Dilma e a omissão constróem a homofobia, o machismo, o racismo.

Parabenizamos a iniciativa dos estudantes da Unesp e construimos ativamente o ato em frente a reitoria da Unesp, no dia 17/11, desmascarando o papel conivente da reitoria com a violência às mulheres. Chamamos à todas/as a construir e participar do I Festival InterUnesp, organizado pelo DCE da Unesp, contra todas as formas de opressão e violência contra mulheres, homossexuais, negros/as.

PARA AVANÇAR PELO FIM DA OPRESSÃO,
                                    SEJAMOS INTRANSIGENTES NA LUTA PELOS NOSSOS DIREITOS!

03 e 04 de DEZEMBRO
em MARÍLIA


segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Prefeitura de SP expulsa artistas de rua da av. Paulista. Ela é contra a arte.

Além de desconfigurar a Lei de Fomento, inviabilizando o trabalho artístico dos artistas de teatro e dança, impede que o artista exerça sua função buscando doações, forma consagrada durante séculos. Kassab não gosta de tradições que ajudem o povo, não gosta de arte e nem de artistas.

Educador que não se cala.

Fonte:  http://www.culturaemercado.com.br/noticias/prefeitura-de-sp-expulsa-artistas-de-rua-da-av-paulista/

Andrea Lombardi | segunda-feira, 22 novembro 2010Sem Comentários
Avenida mais famosa da cidade de São Paulo, a Paulista é conhecida por ser o centro financeiro da capital, e também por ser um tradicional reduto de artistas de rua. Esse cenário, porém, vem mudando. Enquanto os prédios de empresas e bancos permanecem na paisagem, a classe artística vem minguando no local com a chegada da Operação Delegada, iniciada em dezembro do ano passado pela Polícia Militar, após a assinatura de um convênio com a prefeitura paulistana e o governo do Estado.
Estátuas vivas, palhaços, saxofonistas, guitarristas e malabaristas: todos eles agora estão sujeitos à ação policial, cujo objetivo principal é coibir e enquadrar o comércio ambulante ilegal nas principais vias do município. Para o jurista Luiz Flávio Gomes, a ação é um “ato nazista”. “A atividade deles é lícita. Expressão artística você pode fazer quando quiser. Eles serem proibidos é uma ilegalidade, um abuso patente”, diz. “Se houver prisão então é crime: abuso de autoridade”, afirma.
A prefeitura alega que, ao cobrarem por suas performances, os artistas exercem atividade comercial e, portanto, precisam de autorização específica para trabalhar. “Não tem autorização, não fica”, disse um policial ouvido pela reportagem.
Gomes afirma que a atividade não é comercial. “É uma atividade que gera remuneração livre das pessoas que decidem se vão doar ou não”, argumenta. “É uma mera doação, e doação para serviço não é atividade comercial.”
Para reforçar a Operação Delegada, a polícia conta com a ajuda de policiais de folga. Se o PM interessado for praça, recebe R$ 12,33 por hora trabalhada na operação; se for oficial, a remuneração extra é de R$ 16,45 por hora. Antes, apenas guardas civis metropolitanos podiam realizar esse tipo de fiscalização.
Durante a gestão do prefeito Gilberto Kassab (DEM), diversas restrições e proibições começaram a vigorar nas ruas da capital paulista. Entre elas a proposta de retirada de bancas de jornal no centro e os gritos em feiras livres. No trânsito, foi proibida a circulação de caminhões na marginal Tietê e o tráfego de motos na avenida 23 de Maio.
No que diz respeito à proibição de artistas de rua, a medida não é nova. Em julho de 2006, a Prefeitura de Florianópolis (SC) proibiu malabaristas de trabalharam nos semáforos da cidade, sob o argumento de que eles “perturbam a ordem pública” e “causam transtorno”. “Sinaleira não é lugar de entretenimento, e sim de atenção”, afirmou à época José Carlos Ferreira Rauen, secretário do Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano.
*Com informações da Uol Notícias.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Após a reunião com movimentos, Secretaria de Cultura "não entende" os protestos e Secretaria de Assuntos Jurídicos pode abrir uma brecha. A luta continua!

ATA DA REUNIÃO COM A COMISSÃO DOS MOVIMENTOS E SECRETARIAS DE CULTURA E ASSUNTOS JURÍDICOS

16 de novembro de 2010

Resumo da reunião entre Secretaria da Assuntos Jurídicos, Secretaria de Cultura e Classe Artística ( Teatro e Dança ), ocorrida na tarde de 16 de novembro às 15h conforme acertado na Câmara dos Vereadores.

    a) Fica nítido que - no entendimento das Secretarias de Cultura e também na de Assuntos Jurídicos - o mecanismo jurídico para continuidade da implementação financeira do Fomento é a relação de convênio.
    b) Este entendimento parece sustentar-se juridicamente no âmbito das Leis de Fomento - que não apresentam um instrumento específico para a transferência de recursos   
    c) as Secretarias entendem que o Decreto rege a relação jurídico-financeira para todos os programas relativos á Cultura - inclusive os Fomentos.
    d) É nítido que as Secretarias pretendem salvar o Decreto no que diz respeito aos outros programas relativos à Cultura - por entenderem que ele estabelece as normas fiscais adequadas ao Tribunal de Contas e à Legislação Federal.
    e) O que fica BASTANTE claro é que a Secretaria da Cultura tem grande dificuldade de entender os Princípios do Fomento (Pesquisa estética, continuidade de grupos e experimentação artística). Essa dificuldade - para não dizer contrariedade aos Princípios do Fomento - se traduz na aplicação pura e simples de um instrumento jurídico genérico (Decreto 51,300, por exemplo) indistintamente a todos os programas da Secretaria.
    f) Não há, não é perceptível, em nenhuma fala da Secretaria da Cultura qualquer noção clara dos Princípios das Leis de Fomento – daí, nascem os decretos e os aprisionamentos do orçamento. É evidente, senão a contrariedade aos princípios das Leis de Fomento, pelo menos o seu não entendimento.
    g) Diante da exposição da Classe artística - representada por: Roberto Rosa, Luciano Carvalho, Vanessa Macedo, Fábio Brazil e pelo Dr Ascar - viu-se pleno entendimento de nossas razões por parte da Secretaria de Assuntos Jurídicos.
    h) A maioria de nossas teses - principalmente no que diz respeito no modo de apresentar e prestar contas, que impedem o pleno desenvolvimento dos trabalhos - foram aceitas e entendidas pelo representante da Pasta de Assuntos Jurídicos - ao contrário do entendimento da Srª Maria do Rosário - representante da Secretaria da Cultura - que tentava mostrar o quanto a Secretaria de Cultura é "ágil, solícita e aberta" às nossas necessidades. Mais uma vez, vale ressaltar: é tão gritante quanto lamentável a dificuldade que encontramos na Secretaria da Cultura sobre o entendimento dos princípios que regem as leis de Fomento - daí o descaso com que a enquadram num Decreto restritor e a incapacidade de entender nossas razões de enfrentamento.
    i) Uma vez que nossas teses foram aceitas, a Secretaria de Assuntos Jurídicos ofereceu-nos o instrumento de uma Portaria para salvaguardar os Princípios da Lei de Fomento diante do Decreto.
    j) Essa portaria seria construída por meio de uma demonstração escrita de nossas razões de contrariedade e teria o valor de criar exceções para as Leis de Fomento, mas manteria o Decreto.
   
    Precisamos refletir em assembléia se vamos garantir os avanços em relação ao Decreto 51.300 - apresentando nossas razões de exclusão, objeto de estudo para criar-se a Portaria - e ao mesmo tempo decidirmos os rumos que tomaremos com a mobilização em que estamos.

Elaborada por Fábio Brazil (Cia. Caleidos de dança)
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ENCONTRO DOS MOVIMENTOS
MOBILIZAÇÃO FOMENTOS

CONFORME PLENÁRIA COM A PRESENÇA DO SECRETÁRIO DE CULTURA AUGUSTO CALIL E SECRETÁRIO DE ASSUNTOS JURIDÍCOS CLÁUDIO LEMBO FOI FORMADA A COMISSÃO QUE DISCUTIU COM REPRESENTANTES DOS MESMOS PROPOSTAS DE SUPRESSÃO OU RETIRADA DOS FOMENTOS DO DECRETO Nº 51.300.
NA REUNIÃO FOI APRESENTADO UMA TERCEIRA ALTERNATIVA PELO PODER PÚBLICO DE ELABORAÇÃO DE UMA PORTARIA AO DECRETO COM AS ESPECIFICIDADES DOS FOMENTOS.
ESSA COMISSÃO ESTARÁ PRESENTE NA NOSSA PRÓXIMA PLENÁRIA E APRESENTARÁ O QUE FOI DISCUTIDO, ASSIM COMO POSSÍVEIS  SUGESTÕES E PROPOSIÇÕES.

PAUTA:
Relato da nossa Comissão sobre a conversa na Secretaria de Assuntos jurídicos, apresentação de proposições e encaminhamento das próximas ações.

COMISSÃO:
1 – Luciano Carvalho (Dolores Boca Aberta de Teatro - Cooperativa Paulista de Teatro)      
2 – Fábio Brazil (Cia. Caleidos de dança e Movimento de Dança)
4 – Vanessa Macedo (Cia. Fragmento de Dança e Cia. Borelli de Dança)
5 – Roberto Rosa (Cia. Fábrica de Teatro - Cooperativa Paulista de Teatro)
6 – Advogado Ascar.

Dia 24 de Novembro (Quarta-feira) às 19h30 no Teatro Coletivo
Local: Rua: Da Consolação, 1.623.
Informações: (11) 3255-5922 / 8121-6554.  

Parabéns a todos que estiveram direta e indiretamente até o momento nestas manifestações, esses atos mostram nosso poder de organização e o quanto estamos atentos às investidas do poder público às nossas conquistas em luta.
Vamos continuar as discussões e barrar de uma vez por todas com as imposições que descaracterizam as Leis de Fomento para a Cidade de São Paulo.

Dia 24/11 (Quarta-feira) às 19h30 no Teatro Coletivo.

Por favor, ajudem na divulgação.
É muito importante que venham representantes de todos os grupos e estudantes das artes cênicas em geral.

Organização:

Roda do Fomento
Movimento 27 de março
Movimento de Teatro de Rua
Cooperativa Paulista de Teatro
Mobilização Dança 
Convocadança
Cooperativa Paulista de Dança
Cooperativa Cultural Brasileira


terça-feira, 16 de novembro de 2010

Todos na Universidade Pública!!! No Brasil? Não, na Venezuela.

A luta do povo venezuelano conquistou ensino superior público e gratuito para todos.
Se na Venezuela é possível, por que não seria também no Brasil?
 
Debate com Euler Calzadilla!
 
A convite da campanha internacional “Tirem as Mãos da Venezuela” (campanha presente em mais de 50 países que promove atividades em solidariedade à revolução venezuelana) em conjunto com o Movimento Negro Socialista, durante o mês de Novembro, o estudante venezuelano e militante marxista, Euler Calzadilla, fará um giro por universidades brasileiras explicando como hoje na Venezuela todos têm acesso ao ensino superior público e gratuito sem necessidade de um “vestibular” como ocorre no Brasil – que acaba excluindo a imensa maioria dos jovens das universidades públicas – e também sem a necessidade de políticas de ações afirmativas, como as cotas raciais propostas recentemente no Brasil.

As atividades buscarão promover a discussão sobre a revolução venezuelana, combater a contra-informação difundida pela mídia burguesa, com relatos vivos de um militante ativo da Frente Bicentenária de Fábricas Ocupadas pelos Trabalhadores.

Programação:

15/11 – 09:00 – Condado-PE
A atividade será no CERU

16/11 – 19:00 – Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
A atividade será no Auditório do CE (Centro de Educação)

17/11 – 19:30 – Universidade Estadual Paulista (Unesp)
A atividade será na Sala 116 do Instituto de Artes da Unesp, na cidade de São Paulo, ao lado da estação Barra Funda do Metrô.

18/11 – 19:00 – Bauru-SP
A atividade será na sede da Esquerda Marxista do PT
Rua Azarias Leite, 7-54 (Centro)

22/11 – 19:00 – Universidade Federal do Paraná (UFPR)
A atividade será realizada no 1º andar, Anfiteatro 100
Rua General Carneiro, 460 (Curitiba)

23/11 – 19:00 – Universidade de Joinville (UNIVILLE)
A atividade será realizada no Anfiteatro II – Bloco C
Rua Alvino Wodtke, 1 – Bom Retiro – Joinville

24/11 – 18:30 – Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
A atividade será realizada no Auditório do CED (Centro de Ciências da Educação) no Campus Universitário Trindade, em Florianópolis.

25/11 – 19:30 – PUC-SP
A atividade será realizada no Auditório da APROPUC (Associação dos Professores da PUC) situado à Rua Bartira, 407 ao lado da PUC-SP, em Perdizes.

29/11 – 18:00 – Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
A atividade será realizada no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais, Sala 423. Largo São Francisco de Paula, 1 - Centro.

19/11 em Campinas:
Debate sobre Ocupações de Fábrica e Controle Operário
Co-organizador da campanha “Tirem as Mãos da Venezuela”, o Conselho Operário da Fábrica Ocupada Flaskô (empresa que produz há mais de 7 anos sob controle dos trabalhadores reivindicando a estatização sob controle operário ao Governo Lula), que situa-se em Sumaré-SP (região de Campinas), promoverá no dia 19 de Novembro em Campinas, um debate com o companheiro venezuelano Euler Calzadilla, discutindo os resultados do 1º Encontro Nacional sobre Modelo de Gestão Socialista, Controle Operário e Participação dos Trabalhadores, organizado pela UNT (União Nacional dos Trabalhadores da Venezuela) em Setembro na Venezuela, bem como a questão da (re)estatização sob controle dos trabalhadores, envolvendo as experiências das nacionalizações na Venezuela e a campanha pela Petrobras 100% estatal aqui no Brasil.
 
O debate ocorrerá na Sexta, 19 de Novembro, às 19:00, no Sindicato dos Petroleiros de SP – Sede regional de Campinas - Rua Cônego Manuel Garcia, 1010, Jardim Chapadão - Campinas-SP.
 
Entre em contato, participe!
 
Caio Dezorzi
Campanha "Tirem as Mãos da Venezuela"
(11)8110-1336

domingo, 14 de novembro de 2010

Escola do MST tem excelente nota no ENEM em Santa Catarina

Fonte: http://ousarlutar.blogspot.com/2010/11/escola-do-mst-tem-melhor-nota-do-enem.html?utm_source=feedburner&utm_medium=twitter&utm_campaign=Feed%3A+blogspot%2FvhpL+%28Ousar+Lutar!!!+Ousar+Vencer!!!&utm_content=FaceBook

Na Escola Semente da Conquista, localizada no assentamento 25 de Maio, em Santa Catarina, estudam 112 filhos de assentados, de 14 a 21 anos. A escola é dirigida por militantes do MST e professores indicados pelos próprios assentados do município de Abelardo Luz, cidade com o maior número de famílias assentadas no estado. São 1418 famílias, morando em 23 assentamentos.

A escola foi destaque no Exame Nacional do Ensino médio (Enem) de 2009, divulgado na pagina oficial do Enem. Ocupou a primeira posição no município, com uma nota de 505,69. Para muitos, esses dados não são mais do que um conjunto de números que indicam certo resultado, mas para nós, que vivemos neste espaço social, é uma grande conquista.

No entanto, essa conquista, histórica para uma instituição de ensino do campo, ficou fora da atenção da mídia, como também pouco reconhecida pelas autoridades políticas de nosso estado. A engrenagem ideológica sustentada pela mídia e pelas elites rejeita todas as formas de protagonismo popular, especialmente quando esses sujeitos demonstram, na prática, que é possível outro modelo de educação.

A Escola Semente da Conquista é sinal de luta contra o sistema que nada faz contra os índices de analfabetismo e do êxodo rural. Vale destacar que vivemos numa sociedade em que as melhores bibliotecas, cinemas, teatros são Mais de 100 filhos de assentados estudam na Escola para uma pequena elite. Espaços culturais são direitos universais, mas que são realidade para poucos.

E mesmo com todas as dificuldades a Escola Semente da Conquista foi destaque entre as escolas do Município. Este fato não é apenas mérito dos educandos, mas sim de uma proposta pedagógica do MST, que tem na sua essência a formação de novos homens e mulheres, sujeitos do seu processo histórico em construção e em constante aprendizado.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

A respeito do InterUnesp, da homofobia na USP e do racismo contra os nordestinos. Espectros do capitalismo em decadência: respondamos à altura!

11/06/2010 revistaiskra

Por Simone Ishibashi


Até agora, os homens formaram sempre idéias falsas sobre si mesmos, sobre aquilo que são ou deveriam ser. Organizaram as suas relações mútuas em função das representações de Deus, do homem normal, etc., que aceitavam. Estes produtos do seu cérebro acabaram por os dominar; apesar de criadores, inclinaram-se perante as suas próprias criações. Libertemo-los, portanto, das quimeras, das idéias, dos dogmas, dos seres imaginários cujo jugo os faz degenerar.
Marx, A ideologia alemã

Nas últimas semanas as páginas dos jornais foram inundadas com notícias que chocaram amplamente a opinião pública, ou pelo menos um setor desta que conserva o mínimo de razão e humanidade. Primeiro, a contaminação total e completa do debate eleitoral com temas como a religião, transformando discussões que deveriam ser políticas e em torno de direitos democráticos elementares, como o direito ao aborto, em um referendo sobre a religiosidade, que mais bem lembrava a Idade Média. Serra, cujo partido já encampa a “campanha pela vida”, que ao lado da Igreja se lança raivosamente contra o direito ao aborto, aproveitou para bradar em alto e bom som suas reacionárias opiniões sobre o tema. Dilma, para constrangimento de todas as mulheres do país, mergulhou com tudo na onda do obscurantismo e publicou uma vergonhosa carta se comprometendo a “não tomar nenhuma ação que fira a família brasileira”, entre outras declarações do estilo. Algum dos candidatos da burguesia se declarou, aproveitando a presença do “Santíssimo papa” em terras brasileiras em meio ao processo eleitoral, para condenar os escândalos de pedofilia – prática que data dos tempos imemoriais – da Igreja? Para questionar a atuação do papa, que todos sabem ter encoberto com um véu tecido com a mais asquerosa impunidade os padres que por décadas abusaram sexualmente de crianças em países como a Irlanda? Evidentemente, não. Ao contrário, todos rifaram o seu “espírito republicano” em troca do apoio da “imaculada” Igreja.
É com este pano de fundo que em um intervalo curtíssimo de tempo aconteceram o caso de agressão por homofobia a estudantes homossexuais da USP, o infame (para colocar um adjetivo publicável, pois o episódio merece outros impublicáveis para descrevê-lo à altura dos fatos) “rodeio das gordas” no InterUnesp, e após as eleições vieram à tona as declarações de uma estudante de Direito incitando a que se “afogasse” um nordestino e várias outras do mesmo teor. Em um intervalo de alguns dias tivemos diante de nossos olhos o inaceitável e repugnante show de horror condensado do reacionarismo capitalista em doses cavalares: homofobia, machismo e racismo expressados de maneira tal que realmente nos obriga a refletir mais pausadamente sobre o seu conteúdo mais profundo. Enquanto o Tea Party se alça à política norte-americana, com quatro senadores e dezenas de parlamentares, sob o lema “patriotas norte-americanos para retomar o que é nosso,” em nosso país os ventos regressivos sopram nos episódios acima citados. Enquanto nos EUA os direitistas mascaram que os arranha-céus e todas as riquezas norte-americanas emergiram sobre o sangue e o suor dos imigrantes, aqui em São Paulo, cuja construção teria sido impossível não fossem as mãos e a inteligência dos trabalhadores nordestinos, há poeiras de humanidade que clamam pelo seu afogamento! A quê isso corresponde?
Num nível mais imediato vemos que todos os três episódios recentemente ocorridos aqui foram executados por jovens, estudantes universitários (dois deles oriundos das principais universidades do país, a USP e a UNESP), provenientes da classe média. Isso questiona noções fartamente aceitas pelo senso comum segundo o qual estes seriam os setores ilustrados da sociedade e, portanto, os portadores de uma visão mais avançada. Não é de todo chocante que isso ocorra ai, pois de espaços de questionamento à ordem instituída, cada vez mais os planos dos governos para as universidades é transformá-las em centros de formação e reprodução da ordem capitalista. Isso inclui ideologia, valores e comportamentos. Em regra geral, não há, por exemplo, disciplinas que se dediquem a estudar a luta das mulheres ao longo da história. Poucas são dedicadas à trajetória das mobilizações dos negros. Porém, são iniciativas isoladas que obrigam a que se pense mais profundamente a serviço de quê e de quem está a universidade. A transformação desta realidade, a partir do combate pela real democratização da universidade, colocando-a a serviço dos interesses dos trabalhadores, é uma necessidade imperiosa.
De uma perspectiva mais profunda, porém, estas ações correspondem em primeiro lugar à própria decadência da dominação burguesa e do capitalismo, que se faz sentir de maneira cada vez mais aberta no nosso presente imediato. Lênin, em sua famosa obra, O Imperialismo, tratou de demonstrar como a fusão do capital bancário com o capital industrial, transformando-se em capital financeiro, levaria à uma crescente tendência à criação de monopólios. Estes, por sua vez, tornariam as disputas por mercados mais acirradas e violentas. Daí a caracterização famosa de que vivemos em uma época de crises, guerras e revoluções. Só a classe trabalhadora e sua revolução poderiam dar uma saída progressista a esta situação. Porém, a revolução mundial teve sua dinâmica congelada, por uma série de fatores objetivos e subjetivos, o que culminou na restauração burguesa após a ofensiva neoliberal, e varreu, momentaneamente, o horizonte da revolução do imaginário da classe trabalhadora. A isso correspondeu a instauração de uma ideologia baseada no ultra-individualismo e consumismo exacerbado. Portanto, há a adoção de uma ideologia padronizada de comportamento, objetivo e estético, em que a humanidade se realizaria plenamente apenas na sua relação de consumo com as mercadorias. É o fetichismo das mercadorias elevada à sua máxima potência. Entretanto, hoje, a grande questão que se abre é que a crise capitalista mundial, a despeito dos ventos de crescimento econômico (até quando?) do Brasil, demonstra a validade da caracterização de nossa época feita por Lênin. Não é possível mais sustentar a realização humana nas mercadorias adquiridas a crédito. O sistema está se decompondo. E os setores mais reacionários da sociedade já começam a colocar em marcha sua reação ideológica, em doses ainda muito pequenas se comparadas aos anos 30 do século passado, já que a classe trabalhadora ainda não expressou sua força. Vemos isso no Tea Party. Com outras características, vemos isso de maneira menos diretamente política nos episódios de homofobia, racismo e machismo ocorridos nas últimas semanas.
Em segundo lugar há que se partir de que sem o preconceito, a homofobia, o machismo e o racismo, o capitalismo não se sustenta. O motivo é bastante concreto. Tem suas origens na própria acumulação de mais-valia, elemento básico e essencial do funcionamento da lei do valor que rege o capitalismo. A burguesia, para poder ampliar seus lucros, distingue os seres humanos entre várias categorias, alguns valem mais no mercado de trabalho, outros menos. Assim, características físicas, de gênero, de origem nacional e social regulam o valor da mão-de-obra. Se você é mulher, receberá menos pelo mesmo trabalho realizado por um homem. Se for mulher e negra, menos ainda. Se for mulher, negra e nordestina, é provável que o que receberá mal possa ser chamado de salário. E, por qual motivo, se muitas vezes faz o mesmo trabalho que outros que recebem muito mais? É aí que entra a importância dos preconceitos disseminados pela burguesia para sustentar o capitalismo. Por exemplo, a segregação racial nos Estados Unidos só foi abolida em 1964, justamente no momento em que o país abre as portas para a entrada massiva de mão-de-obra estrangeira, sobretudo mexicana. Ainda que o preconceito contra os negros persista, e nunca acabará enquanto houver capitalismo, houve um pacto através das “ações afirmativas”, que só pôde ocorrer por que a burguesia imperialista passou a extrair lucros da mão-de-obra proveniente dos imigrantes latino-americanos e hispânicos. O grande trunfo da burguesia imperialista norte-americana foi assim separar os trabalhadores hispânicos dos trabalhadores negros, impedindo que unissem seu combate ao preconceito em um combate contra a exploração.

De outro prisma, podemos dizer que da mesma maneira que a burguesia não pode explicar sua permanência como classe dominante, num sentido materialista-histórico profundo, pois se isso fosse feito se chegaria à conclusão que seu jugo atual é regressivo e provedor das misérias econômicas, morais e intelectuais que afligem a humanidade, tampouco os preconceitos disseminados pelo capitalismo podem ser apreendidos de acordo com um sentido minimamente coerente. Existem como afirmações apriorísticas, construídas historicamente, para garantir a extração de lucro e atender aos interesses das burguesias na exploração de suas próprias classes trabalhadoras, e no caso das burguesias imperialistas, para justificar o massacre e o espólio sobre os demais povos do mundo. Foi assim com a perseguição do nazismo aos judeus. É assim na perseguição de palestinos pelos israelenses hoje. Os preconceitos legitimam a idéia de que os dominadores são mais humanos que os dominados. De que a dominação não se dá por conta de interesses de uma classe, mas tem origens “naturais”.
Os preconceitos e a opressão acabam tomando vida própria, rompendo as amarras da dominação econômica direta. Não se sabe se os três grupos de indivíduos do caso de homofobia da USP, do “rodeio das gordas” do InterUnesp, e a figura que clama pela morte dos nordestinos são parte da patronal diretamente. Mas o que eles manifestaram não era mera “alienação” juvenil, como muitos poderiam acreditar, mas uma posição inconsciente de classe, que antecipa uma ideologia perigosamente já experimentada na história. Digamos inconsciente porque nenhum deles se declarou abertamente membro de uma organização ultra-direitista. Porém, longe está de ser uma manifestação, condenável decerto, mas que não é para nada inocente.
Os nazistas, não nos esqueçamos, davam aulas em suas universidades sobre como as características físicas dos judeus demonstravam que seriam inferiores e que, portanto, seu extermínio era não só legítimo, mas necessário para que a humanidade se desenvolvesse em base a seus “melhores genes”. Menghele, o odioso médico que chefiou o campo de Aushwitz, realizou milhares de experimentos para alterar as características físicas dos detentos, como por exemplo, injetar tinta azul nos olhos das vítimas, numa tentativa de “arianizar” os que ali estavam. Mas estas lições de bestialidade que só as mais execráveis poeiras de humanidade poderiam executar foram antecedidas por uma preparação ideológica e material de anos a fio. Paralelo ao apoio nas classes médias arruinadas da Alemanha contra as organizações do movimento operário, os nazistas edificaram a ideologia segundo a qual as diferenças não poderiam existir. De que tudo que não seguisse os conceitos determinados pela “beleza e pureza” arianas deveria perecer. De que a superioridade de uns sobre os outros seria natural… Isso justificaria o comportamento de humilhação e opressão em proporções bárbaras de uns sobre outros? Em escala bastante menor, é certo, mas não estaríamos diante da emergência do embrião de uma ideologia similar, adequada às condições históricas atuais?
Trotsky, o grande revolucionário russo, analisando a situação francesa dos anos 30 da década passada, quando o país atravessava uma grave crise econômica, política e social, estando sob a dominação de um governo bonapartista de inspirações fascistas, questionará contundentemente a noção de que as classes médias são por definição os setores moderados e democráticos da sociedade capitalista. “Quando a classe média perde as esperanças é facilmente atacada pela raiva e se dispõe a abandonar-se a medidas das mais extremas. (…) O fascismo unifica e dá armas às massas dispersas; de uma ‘poeira’ de humanidade – segundo nossa expressão – faz destacamentos de combate. Assim dá à pequena-burguesia a ilusão de ser uma força independente. Ela começa a imaginar que, realmente, comandará o Estado. Não há nada de surpreendente em que estas ilusões e esperanças lhe subam à cabeça!”.
Assim, Trotsky dizia que uma parcela da pequena-burguesia se alia ao proletariado, enquanto outra se lança aos braços da burguesia. Evidentemente não estamos em uma situação em que isso ocorra da maneira como Trotsky aqui descreve. A polarização social está ainda longe de atingir um grau que abra este tipo de situação, sobretudo pela ausência de protagonismo da classe trabalhadora. Porém, a crise capitalista internacional segue vigente, e anuncia que estes momentos virão. Sua resolução muito dependerá da capacidade da esquerda de nos momentos preparatórios como o que vivemos, responder aos ensaios reacionários da classe antagônica de maneira contundente. É preciso, portanto, que a esquerda de conjunto se levante contra os episódios ocorridos, de maneira veemente, rompendo os limites da superficialidade, com que a mídia (e no caso da Unesp a própria reitoria) busca retratar tais casos, apesar de ter que condenar tais ações. O que está em jogo é a seriedade com a qual serão encarados os embates do futuro. Lênin, outro gigante da revolução, nunca esqueceu de chamar a atenção da juventude e das massas trabalhadoras para o fato de que a consciência da classe operária – certamente a classe mais prejudicada com o avanço de tais manifestações apodrecidas de vida, como a homofobia, o racismo e o machismo – não pode ser uma consciência política verdadeira, se os operários não estiverem habituados a reagir contra todo abuso, toda manifestação de arbitrariedade, de opressão e de violência, onde quer que se produza, quaisquer que sejam as classes atingidas; e a reagir justamente do ponto de vista revolucionário, e não sob qualquer ponto de vista. Nesse sentido, fazemos coro à pronta nota de repúdio solta pelo Sindicato dos Trabalhadores da USP (SINTUSP) acerca do caso InterUnesp.
A esquerda, a classe trabalhadora, os movimentos de mulheres e de direitos humanos, bem como a juventude, sobretudo das universidades em questão, tem de responder à altura, não apenas punindo os culpados, mas criando um ambiente de completa e resoluta intolerância contra este tipo de manifestação. Colocamos nossos corpos, vozes, força e vontade na mais decidida defesa contra todas as opressões e discriminações!

Atos Pró-Fomentos: cdiálogo agendado e militância em ação!

2º ATO PRÓ-FOMENTOS

Dia 16 de Novembro (Terça-feira), às 15h, na Secretaria de Assuntos Jurídicos, mesmo prédio da Prefeitura Municipal de São Paulo.
No último Ato com o Secretário de Cultura, Carlos Augusto Calil, e Secretário de Assuntos Jurídicos, Cláudio Lembo, foi acertado de formarmos uma comissão que irá discutir o Decreto nº 51.300 e fazer sugestões e proposições. Nessa ocasião, manteremos nosso ato / plenária no mesmo local para continuarmos a mobilização até que nossas propostas sejam atendidas.
TAREFAS IMPORTANTES QUE TODA A CATEGORIA TEM CUMPRIDO E QUE SERÁ FUNDAMENTAL CONTINUAR COM O COMPROMISSO:
1ª – CONVOCAR MAIS PESSOAS / AMPLIAR A MOBILIZAÇÃO.
2ª - TRAZER INSTRUMENTOS SONOROS, TAIS COMO TAMBORES, APITOS E MEGA-FONES.

COMISSÃO:
1 – Luciano Carvalho (Dolores Boca Aberta de Teatro - Cooperativa Paulista de Teatro)
2 – Márcio Boaro (Cia. Ocamorana de Teatro - Cooperativa Paulista de Teatro)
3 – Solange Borelli (Cooperativa Paulista de Dança e Cooperativa Cultural Brasileira)
4 – Vanessa Macedo (Cia. Fragmento de Dança e Cia. Borelli de Dança)
5 – Roberto Rosa (Cia. Fábrica de Teatro - Cooperativa Paulista de Teatro)
6 – Advogados Ascar ou Nader.

Local: Edifício Matarazzo – Viaduto do Chá, 15
Informações: (11) 8121-6554.

Demonstração pública de indignação contra o Decreto Municipal Nº 51.300 que descaracteriza as Leis de Fomento para a Cidade de São Paulo e que faz retroceder a conquista histórica iniciada pelo Movimento Arte Contra a Barbárie. Leia o manifesto dos Movimentos AQUI.

Organização: Roda do Fomento, Movimento 27 de março, Movimento de Teatro de Rua, Cooperativa Paulista de Teatro, Mobilização Dança, Convocadança, Cooperativa Paulista de Dança, Cooperativa Cultural Brasileira

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

O Militante histórico contra a ditadura, César Vieira, recebe título de Doutor Honoris Causa pela Unesp

César Vieira recebe título de Doutor Honoris Causa pela Unesp

8 de novembro de 2010

Por Alessandra Perrechil
Dia 10 de novembro (quarta-feira), a partir das 20h, a cerimônia da outorga do título de Doutor Honoris Causa, dado pela Universidade Estadual “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP) – uma das mais importantes do país – acontecerá em um circo. Nada mais natural em se tratando da pessoa que irá receber esse título, o dramaturgo e advogado Idibal Almeida Pivetta (César Vieira).
Como advogado, ele voltou suas atenções à luta pelos direitos humanos e defendeu muitos presos políticos durante a ditadura militar. Alguns de seus clientes foram o fotógrafo Sebastião Salgado, o atual presidente Lula e o diretor Augusto Boal. Como dramaturgo, fundou o grupo Teatro Popular União e Olho Vivo, já com 45 anos de existência, ou como ele mesmo define, de resistência, que realiza um trabalho de busca de teatro popular na periferia da grande São Paulo. Por causa desse seu trabalho como advogado durante essa época conturbada da história brasileira, e tendo seus textos dramatúrgicos constantemente censurados, que Idibal Almeida Pivetta precisou adotar o pseudônimo de César Vieira.
Agora, ao receber esse importante título pela Unesp, Vieira acredita que esse reconhecimento não foi só para ele, mas também para outros advogados e artistas populares: “É uma homenagem não a mim como advogado, mas a todos aqueles que, sem visar lucros, defenderam presos políticos, ou seja, pessoas cidadãos e cidadãs que lutaram pelo restabelecimento da democracia no Brasil, durante a chamada revolução de 1º de abril de 1964. Então eu transfiro a todos os colegas meus, em São Paulo, é no máximo dez advogados que teve esse trabalho de defesa de presos políticos e uma continuidade como defesa de direitos humanos, de demais perseguidos sociais. No início eram perseguidos políticos, hoje continua existindo milhões de perseguidos sociais que não escapam a pobreza, infelizmente no Brasil.”
E completa lembrando de seus colegas de grupo e dos artistas de Movimentos como o de Teatro de Rua: “E a segunda parte eu transfiro então para os meus companheiros de grupo União e Olho Vivo. Todos saídos dos bairros populares, são autenticamente artistas populares. Porque a gente faz um espetáculo hoje feito por artistas populares, mostrado em um local popular, em uma praça, em uma rua, numa igreja da periferia, e com conteúdo social. Antes de tudo um espetáculo esteticamente bem feito, mas que traga condimentos para motivar aquele público a uma tomada de posição, que não é dirigida e nem orientada pelo grupo, mas sim que através do teatro possa colaborar na busca de uma transformação social.”
O dramaturgo também ressaltou que o título vem de uma universidade que tem como patrono o Júlio de Mesquita Filho, que foi ligado as lutas pela liberdade, pela democracia, especificamente na ditadura.
Perguntado se falta reconhecimento para os artistas populares, Vieira afirmou que esses artistas não visam um reconhecimento público, mas que quando se fala em arte popular no Brasil, ela é colocada muito em pontos de escanteio. “Apesar disso, ela continua crescendo e mostrando que essa é a principal arte popular do Brasil, que é feita nas ruas, nas praças, nas favelas, nos bairros populares, na música popular” – concluiu César Vieira.
OUTORGA DO TÍTULO DE DOUTOR HONORIS PARA CÉSAR VIEIRA
Dia 10/11/2010, às 20h

Local: Campus da Barra Funda da Unesp, no Instituto de Artes
Endereço: R. Dr. Bento Teobaldo Ferraz, 271, Barra Funda
Telefone: (11) 5627-7036
Informações: (11) 3331-1001 / graro@terra.com.br / teatropopularolhovivo@uol.com.br

sábado, 6 de novembro de 2010

Ah, essas privatizações! E agora, Goldman? Artista não é bobo.

 
Em 2008 a ULM foi dissolvida e transformada em uma nova instituição (EMESP), que até o presente momento não apresentou um projeto pedagógico à altura do que a antiga instituição oferecia. 
Havia uma Instituição (Universidade Livre de Música - Tom Jobim) que tinha um compromisso com a sociedade, que possuía um plano pedagógico estruturado, sendo reconhecida pela qualidade do ensino de música em todo o país e até no exterior. Sua função básica era prover os cidadãos, DE TODAS AS IDADES (com algum ou nenhum conhecimento musical), gratuitamente, de conhecimentos musicais e formação instrumental (popular e erudita) em nível profissional. No entanto, quando a Organização Social Santa Marcelina Cultura assumiu a administração, houve uma promessa de que a estrutura pedagógica da escola seria mantida, e que a direção jamais ousaria mexer no perfil de uma instituição como a ULM. Porém, o que de fato aconteceu foi que a ULM foi “FECHADA” e outra escola fora aberta em seu lugar, desrespeitando os direitos básicos dos alunos, que esperavam ver concluídas as disciplinas que estavam cursando e assim obter um certificado de conclusão, embora não acadêmico, possuía e ainda possui amplo respeito dentro do mercado de trabalho de música.
PRINCIPAL IMPLICÂNCIA DESTA E DE OUTRAS ATITUDES RELATADAS ABAIXO, FOI UM GRANDE AFASTAMENTO DE ALUNOS DA ESCOLA
 - Falta de coordenação completa da grade curricular da escola e má distribuição dos horários, obrigando os alunos a se deslocarem inúmeras vezes no decorrer da semana, ou no mesmo dia para cumprir as disciplinas;
- Classificação dos alunos nos ciclos por idade e não pelo conhecimento musical, resultando em salas de aulas formadas por alunos com níveis diferentes de percepção, teoria e outras disciplinas como: história da música e harmonia, causando desgaste nos professores e desmotivação nos alunos;
- Falta de uma grade curricular estruturada, de modo que as disciplinas não apresentam planejamento e continuidade;
- Redução, no início do ano, da carga horária dos professores;
- Falta de clareza na passagem de informações para os alunos e burocratização exagerada para todos os procedimentos internos;
- Ninguém sabe ao certo quem são as pessoas que estão administrando a escola, a toda hora os cargos são ocupados por outras pessoas e não é informado isso oficialmente aos alunos (Ex. saída dos coordenadores, Sílvio Ferraz, Graziela Bortz e Emiliano Patarra)
- Entre outras medidas da direção que ainda podem nos pegar de surpresa.


 Para o próximo ano, mais medidas prejudiciais aos alunos, professores e a sociedade:
  1. Tomamos conhecimento de que há indícios de novas diretrizes pedagógicas as quais compelem, compulsoriamente, os alunos adultos a ingressarem no curso preparatório para o 4º ciclo, que, por sua vez, dependerá de processo seletivo, e quanto ao 4º ciclo, este terá caráter prático e avançado que não corresponde a demanda da maioria dos alunos adultos que procuram a escola (na ULM as vagas para os alunos adultos eram oferecidas para os níveis Básico / Intermediário / Avançado) contemplando todos os adultos que queriam estudar música;
  2. Devido ao corte de aproximadamente 50% no quadro de professores (que está previsto já para o fim deste ano), nossas aulas de instrumento passarão a ser coletivas;
  3. Extinção do curso de pré-formação, alunos só poderão entrar na escola acima dos 10 anos;
  4. A unidade do Brooklin será destinada somente para alunos até o 3º ciclo (entre 16 e 21 anos), portanto os alunos adultos aprovados no processo seletivo terão que estudar na unidade Luz;
Obs: Estas informações sobre o próximo ano, por enquanto, não foram obtidas por nós oficialmente, entretanto, estão prestes a se concretizar.

Para mudarmos esta triste realidade podemos e devemos comparecer, impreterivelmente, no dia 09/11/10 na Assembléia Legislativa, conforme segue abaixo:
__________________________________________________
 

AUDIÊNCIA PÚBLICA SOBRE A EMESP (antiga ULM)

Data:
Terça-feira 09/ Novembro / 2010
Horário:
19:00h




Local:
Auditório Teotônio Vilela - ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Rua:
Av. Pedro Álvares Cabral, 201 - Ibirapuera
Cidade/Estado:
São Paulo - SP




Audiência Pública para informar a sociedade sobre todas as
irregularidades que ocorreram e estão ocorrendo na EMESP desde que a Organização Social Santa Marcelina Cultura assumiu a administração da ULM no início de 2009.
É IMPORTANTÍSSIMO A PRESENÇA DE TODOS OS ALUNOS,
EX-ALUNOS, EX-PROFESSORES, PAIS DE ALUNOS, CLASSE MUSICAL E ARTÍSTICA E TODA A SOCIEDADE.

VAMOS DEFENDER a Universidade LIVRE de Música – TOM JOBIM !!!

PARA QUE A ESCOLA VOLTE A SER REFERÊNCIA DE ENSINO MUSICAL NO BRASIL,
NÃO PRECISAMOS DE MODELOS DE ESCOLAS DO EXTERIOR
JÁ TEMOS O NOSSO MODELO BRASILEIRO HÁ VINTE ANOS.
Movimento AGORA EU VOU FALAR
LUTO PELA ULM !!!




Solicitante: Dep. Estadual Carlos Giannazi

informações: alunostomjobim@gmail.com

Liga dos alunos da Tom Jobim

Calil e Lembo, por favor, venham à Câmara Municipal!

Fonte: http://www.cooperativadeteatro.com.br/2010/?p=1930

Calil e Lembo devem comparecer à Câmara Municipal

3 de novembro de 2010

Texto e fotos por Alessandra Perrechil
Durante a Assembleia realizada pelos Movimentos de Teatro de Grupo de SP e da Mobilização Dança no dia 03/11, na Câmara Municipal, foram confirmadas pelo gabinete do vereador José Américo as presenças do Secretário Municipal de Cultura de São Paulo, Carlos Augusto Calil, e do Secretário Municipal dos Negócios Jurídicos, Cláudio Lembo, quarta-feira que vem, dia 10 de novembro, na Câmara Municipal. Os dois Secretários foram convocados a comparecer frente à Comissão de Políticas Públicas da Câmara para prestarem esclarecimentos à respeito do Decreto Municipal nº 51.300 (conheça o decreto aqui). Este, além de distorcer a letra e o espírito da Lei de Fomento ao Teatro e à Dança, e do programa VAI, também passa por cima do poder Legislativo, já que o Executivo estaria realizando alterações significativas em leis já aprovadas pela Câmara (veja mais detalhes aqui).
Com isso, os Movimentos estão novamente convocando a classe artística em peso a comparecer dia 10/11, às 13h, na Câmara Municipal, a fim de realizar uma pressão política para derrubar de vez com esse decreto. Pede-se aos artistas que, nesse dia, levem máscaras, apitos, tambores, instrumentos sonoros, mega-fones, e caixas de som com amplificador.
Na Assembleia do dia 03, também ficou decidido que seria formada uma comissão de articulação política, para conversar com os vereadores e pressionar a casa a tomar providências à respeito desse decreto. Outra comissão, de assuntos jurídicos, irá estudar todos os editais da Leis de Fomento existentes até então para analisar os itens modificados ao longo da história. Além disso, um manifesto também está sendo preparado para ser divulgado para toda sociedade. Como dia 02 de novembro foi feriado, haviam poucos vereadores na casa. Passaram pela Assembleia os vereadores Roberto Tripoli (PV) e Jamil Murad (PCdoB).
Ainda marcaram presença na reunião músicos de rua, que relataram estarem sendo impedidos de trabalhar em espaços públicos, além de sofrerem perseguições, inclusive com ameaças de terem seus instrumentos musicais apreendidos. O Movimento de Teatro de Rua havia sofrido repressão semelhante esse ano (leia mais sobre aqui).
Sobre o assunto, leia também:   http://www.cooperativadeteatro.com.br/2010/?p=1883

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Tuma ainda será homenageado com dedicatórias a ruas, praças, viadutos...

Depoimento de Suzana Keniger Lisbôa
da Comissão de Familiares de mortos e Desaparecidos Políticos.

A Morte e a Morte de Romeu Tuma

Breve resgate
Por Suzana Keniger Lisbôa

Romeu Tuma esteve presente no palco dos acontecimentos relativos ao desaparecimento dos presos políticos. Como Diretor do DOPS e, posteriormente, na PF, foi ele quem "arrumou" os arquivos do órgão antes de serem tornados públicos.

Há que considerar-se, além dos documentos que diretamente envolvem Romeu Tuma na rede montada pelos órgãos repressivos para acobertar os desaparecimentos políticos e as mortes sob tortura, de que o DOPS de São Paulo não foi um mero espectador das violências cometidas pelos órgãos de repressão política, mas um de seus braços principais. Basta, para tanto, lembrar o nome do famigerado Delegado Sérgio Paranhos Fleury, que fez do DOPS/SP, uma máquina de matar, competindo palmo a palmo com a eficiência assassina do DOI/CODI. (vejam as fotos de Fleury e Tuma no livro Autopsia do Medo, de Percival de Souza, como também a afirmação de que foi Tuma que indicou ao II Exército quem seriam os responsáveis pelo sumiço dos corpos - fls. 180)
Ali, no DOPS, estava Tuma – desde 1954, conforme declara, tornando-se seu diretor em 1977 e levando consigo para a Polícia Federal, em 1983, não só os arquivos que ajudara a organizar, mas também os torturadores ali lotados, tais como Aparecido Laertes Calandra – conhecido à época como “capitão Ubirajara” – e o delegado Davi Araújo dos Santos, ambos envolvidos diretamente em torturas e assassinatos de presos políticos, e outros certamente não descobertos por nós.
As requisições de exames necroscópicos dos presos políticos, enterrados com nomes falsos ou verdadeiros, a maior parte delas marcada com um “T” em vermelho, eram todas enviadas ao DOPS, como também as fotos dos corpos, sendo que alguns dos envelopes de negativos do arquivo de fotos do IML, que encontramos vazios, contém a observação: “negativo enviado ao DOPS”. Tais fotos desapareceram com Tuma e Harry Shibata - do IML e do DOPS.

O “Xerife Tuma” cumpriu tão brilhantemente seu papel, que foi escolhido pelo General Figueiredo para Superintendente da PF em São Paulo, levando consigo os arquivos, pouco antes do ato do Governador Montoro que extinguiu o DOPS.

Quando Fernando Collor de Mello, então Presidente da República, resolveu entregar ao governo de São Paulo os arquivos do DOPS , (intermediação feita através de contatos nossos com o então Ministro João Santana, com quem militamos na luta pela Anistia e no PT), Tuma já tentava construir uma nova pose, tendo por diversas vezes afirmado publicamente que entregaria os arquivos à Luiza Erundina, então Prefeita de São Paulo e envolvida na investigação da Vala do Cemitério de Perus.

Quando Collor anunciou que entregaria os arquivos, Tuma e seus subordinados apressaram-se em “arrumá-los”. Desesperados pelo certo desaparecimento de provas contundentes que há anos buscávamos (e ainda buscamos!), fizemos vigília em frente ao prédio da PF em São Paulo , e obtivemos audiência com o então Diretor, por intermediação de Dom Paulo Evaristo Arns, que recebera denúncias de que os arquivos estavam sendo literalmente esvaziados.

De nada adiantaram os telefonemas de D. Paulo, as pressões... Não temos como calcular a extensão do retirado, mas arquivos inteiros referentes a “Colaboradores” e à “Guerrilha do Araguaia” estavam vazios.

Ficaram, entretanto, provas dos assassinatos sob tortura, em uma pasta de fotos desaparecida do IML. Uma dessas fotos, a de Sonia Maria de Moraes Angel Jones, assassinada sob torturas em 30 de novembro de 1973, foi mostrada a sua mãe, Cléa Moraes por Harry Shibata, que declarou ter sido a foto entregue a ele por Tuma. (Teria ele guardado outras?). Sonia, enterrada com nome falso, teve seu corpo reconhecido por ocasião das investigações procedidas durante o governo de Luiza Erundina.

Coletamos, também, documentos que provam a participação do Tuma. Relato e documento alguns fatos concretos que o envolvem, certamente não os únicos, mas aqueles que posso lembrar e comprovar através de documentos.

1. Luiz Eurico Tejera Lisbôa, meu marido, constou da lista de desaparecidos políticos até abril de 1979, quando pudemos localizá-lo enterrado, sob o nome falso de Nelson Bueno, no Cemitério de Perus. No dia da votação do projeto de Anistia, em 22 de agosto de 1979, a denúncia do encontro de seu corpo foi feita no Congresso Nacional. Somente após esse fato, “apareceu” o inquérito, feito com nome falso e que concluía pelo seu suicídio. A versão oficial diz que Luiz Eurico suicidou-se, em um quarto de pensão na Liberdade, após disparar 3 ou 4 tiros a esmo pelo quarto. Deitado, uma arma em cada mão, disparara talvez contra o vento, para depois buscar abafar o tiro que se deu na cabeça, envolvendo a arma em uma colcha que cobria seu corpo. Essa é a explicação para as marcas que aparecem no quarto onde foi “encontrado” seu corpo e na colcha que lhe cobria.

Através de processo na Vara de Registros Públicos, busquei a retificação dos registros de óbito. Nesse processo, o Juiz solicitou que fossem localizadas cartas endereçadas a Luiz Eurico, que faziam parte dos documentos com ele apreendidos. Dois ofícios foram dirigidos pelo Juiz a Tuma, sem obter resposta. Oficiado, então, o Secretário de Segurança, Tuma respondeu que no DOPS nada constava em nome de Nelson Bueno. Dois novos ofícios foram dirigidos a Tuma e outro ao Secretário de Segurança, agora em nome de Luiz Eurico, todos sem resposta. (anexo 1)

Obtive a retificação, e permaneceu a versão oficial de suicídio até 1990, quando Caco Barcelos, repórter da Rede Globo, fez um programa sobre a Vala de Perus e apareceram novos fatos. Envolvida com as questões mais gerais dos mortos e desaparecidos e, sem assistência jurídica, perdi todos os prazos para judicialmente processar a União pelo assassinato e ocultamento de seu corpo.

Ao examinar os arquivos do DOPS, em 1991, lá encontrei uma lista, endereçada a Tuma, datada de 05 de novembro de 1978, com o nome de “Retorno ao Brasil” (anexo 2).

Junto ao nome de Luiz Eurico, lê-se – morreu em setembro de 1972. Ou seja, Tuma sabia da morte de Luiz Eurico em novembro de 1978, antes, portanto da minha descoberta e denúncia. E sabia por que dispunha o arquivo do DOPS do inquérito em nome de Nelson Bueno e de ficha em nome de Nelson Bueno, fato que negou existir ao responder ofício ao Juiz (anexo 3).

Não é uma simples acusação: Tuma mentiu ao Juiz! E ocultou as informações sobre o desaparecimento e assassinato de Luiz Eurico.

2. Do mesmo anexo 2 - o "Listão do Tuma" - retiramos informações que nos permitiram localizar o local de sepultamento de Ruy Carlos Vieira Berbert, único paradeiro de desaparecido político identificado a partir da abertura dos arquivos do DOPS (fls. 57 do anexo 2). Teríamos também localizado Maria Augusta Tomas e Márcio Beck Machado (fls. 48 e 46), fato que já era de nosso conhecimento, apesar de termos perdido a corrida para a repressão, que chegou antes ao local e sumiu com os restos mortais. Jane Vanine Capozzi, desaparecida no Chile também é dada como morta.

Aos demais desaparecidos citados no "listão", é dada a informação: "não está em Cuba".

3. Flávio de Carvalho Molina constou da lista dos desaparecidos políticos até 1979, quando localizamos ofício (anexo 4) endereçado ao Juiz Auditor de São Paulo, assinado por Romeu Tuma, informando que ele fora morto e enterrado pelo nome de Álvaro Lopes Peralta. Somente ao descobrirmos esse ofício, a família de Flávio certificou-se de sua morte. Enterrado no cemitério de Perus, com esse mesmo nome falso informado por Tuma, seu corpo permanece, até hoje, dentre as mais de 1000 ossadas não identificadas da Vala de Perus. Maria Helena, sua mãe, que acompanhava cotidianamente nossas lutas, é hoje uma senhora idosa, sem ter podido, tantos anos depois, ver o enterro do corpo do filho que a mão de Tuma ajudou a esconder...

4. Helder José Gomes Goulart foi assassinado sob torturas no DOI-CODI de São Paulo. Seus restos mortais foram identificados durante o governo de Luiza Erundina e trasladados para Mariana, em Minas Gerais.

O laudo necroscópico de Helder, assinado por Harry Shibata, o mais “famoso” dentre os médicos legistas que assinaram laudos falsos, atende à requisição de exame de Romeu Tuma (anexo 5). A versão de Tuma na requisição ao IML é de que Helder morrera às 16 horas do dia 16 de julho de 1973, no Museu Ipiranga. Entretanto, deu entrada no IML antes de ser morto - às 8 horas, e três horas antes do tal tiroteio no Museu, que teria ocorrido às 11.30h. Na verdade, foi assassinado sob tortura, sendo que a foto localizada nos arquivos do DOPS tem indícios de que tenha sido tirada quando ainda vivia.

5. Norberto Nehring - assassinado sob torturas em 1970, é de Tuma a versão oficial à imprensa: suicidara-se em um quarto de hotel, perto do DOPS. Não tenho o documento citado na matéria de Emanuel Neri (anexo 6).

Temos a certeza de que, se tivesse permanecido no DOPS de São Paulo uma pasta com todos os ofícios expedidos por Romeu Tuma, certamente teríamos acesso aos nomes falsos com que foram enterrados os desaparecidos e, possivelmente, aos restos mortais e às circunstâncias das mortes.

Para Tuma, há que valer-se das palavras do filho do assassino Sérgio Paranhos Fleury, conforme publicou a Folha de S. Paulo, na última eleição:
“Questão de afinidade"

Filho de Sérgio Paranhos Fleury, ícone da repressão e da tortura no regime militar, o também delegado Paulo Sérgio Fleury justifica assim o seu voto em São Paulo: "Pelo relacionamento pessoal e profissional que existiu, nós vamos apoiar e votar em Romeu Tuma".
Suzana Keniger Lisbôa é integrante da Comissão de Familiares de mortos e Desaparecidos Políticos