quarta-feira, 10 de novembro de 2010

O Militante histórico contra a ditadura, César Vieira, recebe título de Doutor Honoris Causa pela Unesp

César Vieira recebe título de Doutor Honoris Causa pela Unesp

8 de novembro de 2010

Por Alessandra Perrechil
Dia 10 de novembro (quarta-feira), a partir das 20h, a cerimônia da outorga do título de Doutor Honoris Causa, dado pela Universidade Estadual “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP) – uma das mais importantes do país – acontecerá em um circo. Nada mais natural em se tratando da pessoa que irá receber esse título, o dramaturgo e advogado Idibal Almeida Pivetta (César Vieira).
Como advogado, ele voltou suas atenções à luta pelos direitos humanos e defendeu muitos presos políticos durante a ditadura militar. Alguns de seus clientes foram o fotógrafo Sebastião Salgado, o atual presidente Lula e o diretor Augusto Boal. Como dramaturgo, fundou o grupo Teatro Popular União e Olho Vivo, já com 45 anos de existência, ou como ele mesmo define, de resistência, que realiza um trabalho de busca de teatro popular na periferia da grande São Paulo. Por causa desse seu trabalho como advogado durante essa época conturbada da história brasileira, e tendo seus textos dramatúrgicos constantemente censurados, que Idibal Almeida Pivetta precisou adotar o pseudônimo de César Vieira.
Agora, ao receber esse importante título pela Unesp, Vieira acredita que esse reconhecimento não foi só para ele, mas também para outros advogados e artistas populares: “É uma homenagem não a mim como advogado, mas a todos aqueles que, sem visar lucros, defenderam presos políticos, ou seja, pessoas cidadãos e cidadãs que lutaram pelo restabelecimento da democracia no Brasil, durante a chamada revolução de 1º de abril de 1964. Então eu transfiro a todos os colegas meus, em São Paulo, é no máximo dez advogados que teve esse trabalho de defesa de presos políticos e uma continuidade como defesa de direitos humanos, de demais perseguidos sociais. No início eram perseguidos políticos, hoje continua existindo milhões de perseguidos sociais que não escapam a pobreza, infelizmente no Brasil.”
E completa lembrando de seus colegas de grupo e dos artistas de Movimentos como o de Teatro de Rua: “E a segunda parte eu transfiro então para os meus companheiros de grupo União e Olho Vivo. Todos saídos dos bairros populares, são autenticamente artistas populares. Porque a gente faz um espetáculo hoje feito por artistas populares, mostrado em um local popular, em uma praça, em uma rua, numa igreja da periferia, e com conteúdo social. Antes de tudo um espetáculo esteticamente bem feito, mas que traga condimentos para motivar aquele público a uma tomada de posição, que não é dirigida e nem orientada pelo grupo, mas sim que através do teatro possa colaborar na busca de uma transformação social.”
O dramaturgo também ressaltou que o título vem de uma universidade que tem como patrono o Júlio de Mesquita Filho, que foi ligado as lutas pela liberdade, pela democracia, especificamente na ditadura.
Perguntado se falta reconhecimento para os artistas populares, Vieira afirmou que esses artistas não visam um reconhecimento público, mas que quando se fala em arte popular no Brasil, ela é colocada muito em pontos de escanteio. “Apesar disso, ela continua crescendo e mostrando que essa é a principal arte popular do Brasil, que é feita nas ruas, nas praças, nas favelas, nos bairros populares, na música popular” – concluiu César Vieira.
OUTORGA DO TÍTULO DE DOUTOR HONORIS PARA CÉSAR VIEIRA
Dia 10/11/2010, às 20h

Local: Campus da Barra Funda da Unesp, no Instituto de Artes
Endereço: R. Dr. Bento Teobaldo Ferraz, 271, Barra Funda
Telefone: (11) 5627-7036
Informações: (11) 3331-1001 / graro@terra.com.br / teatropopularolhovivo@uol.com.br

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