sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Lino Rojas: 9ª Mostra de Teatro de Rua!! de 03 a 7 de dezembro, em São Paulo.


Colado de: http://mtrsaopaulo.blogspot.com.br/2014/11/9-mostra-de-teatro-de-rua-lino-rojas.html

9ª Mostra de Teatro de Rua Lino Rojas acontece entre os dias 3 e 7 de dezembro


Acontece entre os dias 3 e 7 de dezembro, de quarta a domingo, a 9ª Mostra de Teatro de Rua Lino Rojas, que reúne 13 grupos em apresentações no Centro, Zona Leste e Zona Norte de São Paulo. Todas as vertentes do teatro popular de rua são contempladas no evento, garantindo muito humor, música, circo-teatro e diversão. Os espetáculos ocorrem sempre em lugares públicos, privilegiando os transeuntes.

Vários grupos da capital e grande São Paulo estão na programação ao lado de outros vindos de Presidente Prudente, Icapuí (CE) e Natal (RN). A mostra se caracteriza, desde a primeira edição, por envolver os grupos reforçando sua identidade e profissionalismo, além de oferecer uma programação diversificada e contribuir com a difusão do fazer teatral em espaços públicos abertos, propondo que a rua deixe de ser um mero corredor de passagem e se torne um espaço de troca, decorrente das práticas artísticas.

No dia 3, apresentam-se, na Praça do Patriarca (Centro), os grupos paulistanos Núcleo Pavanelli e Trupe Lona Preta. No dia 4, também na Praça do Patriarca, as atrações são Buraco d’Oráculo, Cia. Teatro dos VentosPombas Urbanas eDolores Boca Aberta Mecatrônica de Teatro. Já no dia 5, acontece o Encontro do Movimento de Teatro de Rua e apresentação do grupo Jongo dos Guaianás, no CDC Vento Leste (ZL). Dois locais da Zona Leste recebem a Mostra no dia 6: Praça do Casarão/Estação Via Mara, com Teatro Popular União e Olho Vivoe Arsenal da Esperança, com Núcleo Teatral Filhos da Dita. Fechando a programação, no dia 7, temCervantes do Brasil e Bando La Trupe no Jardim Julieta (Zona Norte), e os grupos Rosas dos Ventos e Mamulengo Rasga Estrada no Centro Cultural Arte em Construção (Zona Leste).

A Mostra de Teatro de Rua Lino Rojas faz parte do calendário do teatro de rua do Estado de São Paulo, além de integrar também o roteiro nacional. Sua importância é crucial para o público, a cidade, o Estado e o País, atingindo centenas de pessoas que interrompem suas trajetórias cotidianas para os assistirem os espetáculos.

Outro aspecto fundamental para a Mostra é a mobilização, a organização dos artistas de rua que fazem do evento um momento de encontro, troca de experiências, discussão de agendas políticas para o segmento e propostas de intercâmbios. Além disso, aproxima artistas e grupos de outros movimentos convidados. Para o Movimento de Teatro de Rua, a Lino Rojas é um dos maiores exemplos do chamado “direito à cidade”. Sendo realizada com verbas públicas, mas pela sociedade Civil organizada, a Mostra dá voz a um segmento cultural antes marginalizado, promove a celebração da arte em espaços públicos e privilegia uma produção popular e engajada. 

Sobre o MTR/SP

O Movimento de Teatro de Rua de São Paulo, desde 2002, agrega diferentes grupos e companhias, pensadores e afins que defendem a existência de políticas públicas permanentes para garantir a continuidade de pesquisa, produção e circulação do teatro de rua. O Movimento propõe ações reflexivas em âmbito nacional e regional sobre a relação do teatro de rua com as cidades, defendendo o espaço público aberto como local de criação, expressão e encontro. O MTR-SP busca um novo significado para esses, dando-lhes vida por meio da arte, retirando as pessoas, ainda que por alguns momentos, do ritmo urbano acelerado e lhes permitindo a distração, o riso, o sonho e a crítica; coisas que a arte propicia.

Os seminários e encontros programados, anualmente, buscam unir e reunir os fazedores de teatro, principalmente grupos ligados à arte popular. Os participantes são convidados a refletir e trocar experiências sobre seu ofício, priorizando temas sobre a prática do teatro de rua, em seus diversos aspectos e contextos (histórico, social, técnico, estético, organizacional, modos de produção e políticas públicas).

PROGRAMAÇÃO - 9ª Mostra de Teatro de Rua Lino Rojas

3 de dezembro – quarta-feira
Local: Praça do Patriarca. Centro

14h30 horas - Núcleo Pavanelli (São Paulo/SP)
Espetáculo: Dia de Benedito - Se fugir o bicho pega, se ficar o mundo come

Sinopse: Na festa de São Benedito um homem sai do interior com sua família e vai pra cidade grande em busca de vida melhor. Ao tentar se matar, o homem é abordado por Lúcifer que lhe propõe repassar fatos de sua vida para depois decidires qual a melhor escolha: ir para o inferno ou continuar na mesma vida na qual mal conseguem sobreviver com sua família. Entre as histórias de sua mulher e seus filhos, o público testemunha a resistência brincante da cultura popular paulista e o estranhamento das mazelas do cotidiano.

Ficha técnica
Criação: Núcleo Pavanelli
Texto final: Calixto de Inhamuns
Atores e músicos: Beatriz Barros, Jéssica Duran, Lucas Branco, Marcelo Molina, Mizael Alves, Otávio Correia, Sabrina Motta e Tiago Cintra.
Direção: Marcos Pavanelli
Assistente de direção e dramaturgia: Simone Brites Pavanelli
Direção musical: Charles Raszl
Assistente de direção musical: Mizael Alves e Otávio Correia
Percussão: Luiz Bastos
Danças brasileiras: Karla Magalhães
Figurinos e adereços: Marcio Rodrigues e Cleydson Catarina
Assistente de figurinos e adereços: Beatriz Barros
Produção: Cristiane Accica e Simone Brites Pavanelli
Duração: 60 min. Classificação: livre.

16h – Cia. Teatro dos Ventos (Osasco/SP)
Espetáculo: A Via Nada Sacra da Revolução

SinopseA partir de colagem de cenas e canções revolucionárias o grupo constrói uma narrativa poética acerca de processos revolucionários do século XX. Para isso, lança mão de cenas de peças montadas anteriormente pelo grupo, como Preço do FeijãoMáquinas Paradas (ambas peças de rua) e Maikovski - a Voz da Revolução (para espaços não convencionais), além de canções revolucionárias, como “Bella Ciao” e “Comandante Che”. A Via Nada Sacra da Revolução é um espetáculo onde lírico e épico dialogam para potencializar uma mensagem de luta e transformação.

Ficha técnica
Texto e direção: Luiz Carlos Checchia
Elenco: Camila Costa Melo, Iohann Iori Thiago, Fernanda Mendes e Paulo Gonçalves.
Produção: Luiz Carlos Checchia e Camila Costa Melo
Duração: 60 min. Classificação: livre.

17h30 - Trupe Lona Preta (São Paulo/SP)
Espetáculo: O Concerto da Lona Preta

Sinopse: O Concerto da Lona Preta é um espetáculo inspirado na tradição circense e em músicas que fazem parte do imaginário popular. Cinco músicos, ou melhor, cinco palhaços tentam de forma divertida executar um concerto musical com um amplo e variado repertorio, que abrange arranjos musicais concernentes às manifestações populares, eruditas e popularescas.

Ficha técnica
Direção: Sergio Carozzi
Elenco: Alexandre Matos, Elias Costa, Joel Carozzi, Sergio Carozzi e Wellington Bernado.
Produção: Henrique Alonso
Duração: 60 min. Classificação: livre

18h30 - Batucada
Celebração musical de abertura da 9ª Mostra entre todos os grupos do MTR (Movimento de Teatro de Rua)

4 de dezembro – quinta-feira
Local: Praça do Patriarca. Centro

14 horas - Buraco d’Oráculo (São Paulo/SP)
Espetáculo: O Cuzcuz Fedegoso

Sinopse: Dona Maria do Cuscuz vende seus quitutes nas ruas. Entre as guloseimas está o cuscuz feito com fedegoso, um matinho cheiroso. Como não encontra comprador, oferece o tal cuscuz a um pedinte, que ao se deliciar com a iguaria, finge passar mal para não ter de pagar. Desesperada dona Maria pede ajuda a Mãezinha do Quixadá, uma raizeira que vende ervas medicinais. A raizeira, então, lança mão de toda sua charlatanice para identificar a suposta doença do pedinte, de forma que possa arrebanhar mais fregueses para seus miraculosos produtos. Fica armada uma grande confusão, que só acaba com a presença dos guardas de plantão, que chegam para estabelecer a ordem e os bons costumes.

Ficha técnica
Direção: Elizete Gomes
Texto: Edson Paulo
Elenco: Edson Paulo, Lu Coelho, Humberto Teixeira, Thiago Thalles e Nataly de Oliveira (atriz convidada).
Preparação corporal: Elizete Gomes
Preparação e arranjos musicais: Rafa da Rabeca
Cenotécnico: Romison Paulo
Cênario e adereços: Romison Paulo e Buraco d`Oráculo
Figurinos: Buraco d’Oráculo
Confecção de boneco: Fabio Supérbi
Duração: 60 min. Classificação: livre.


17 horas - Pombas Urbanas (São Paulo/SP)
Espetáculo: Era Uma Vez Um Rei

Sinopse: Um grupo de mendigos se encontra no final de tarde na cidade. Com latas, plásticos e papelões eles “criam” o espaço onde vivem, descansam e fazem festas. De suas relações nasce uma brincadeira na qual, a cada semana, um deles será rei, depois presidente e em seguida, ditador. O jogo humano e imaginativo se torna intenso e esses mendigos saem da realidade em que vivem para representar as relações de poder da mesma sociedade que os marginaliza. 

Ficha técnica
Texto: Oscar Castro
Direção: Juliana Flory
Elenco: Adriano Mauriz, Marcelo Palmares, Paulo Carvalho, Cinthia Arruda, Juliana Flory, Marcos Kaju, Ricardo Big e Natali Santos.
Cenógrafo: Alexandre Souza
Figurinista: Carlos Alberto Gardim
Direção musical: Giovanni di Ganzá
Duração: 60 min. Classificação: livre.

18h30 Dolores Boca Aberta Mecatrônica de Teatro (São Paulo/SP)
Espetáculo: Rolezinho Político Carnavalesco

Sinopse: Foi durante a brincadeira de carnaval que surgiu, em meio à folia, a vontade de acrescentar espécies de evoluções teatrais ao folguedo de rua. O cortejo político-cênico-carnavalesco simula a firme decisão da população periférica em derrubar o Rei Momo de seu trono. Tudo isso, em meio a muito sexo, fartura e festa. Assim, a sátira operária do “trabalho” ilustra a batalha entre o Capetalismo e a Santa Preguiça, padroeira dos vagabundos, acompanhada pela potente sonoridade da batucada do Dolores.

Ficha técnica
Elenco: Bruno Orlando, Cristiano Carvalho, Cristina Assunção, Dirce Ane, Elaine Mineiro, Erika Viana, Glória Orlando, Karina Martins, Letícia Carvalho, Luciano Carvalho, Luís Mora, Maria Aparecida, Mariana Moura, Tati Matos, Tiago Mine, Tita Reis e Xandi Gonça.
Mestre de bateria: Tita Reis
Máscaras: Tiago Mine
Coordenação de figurino: Erika Viana
Coordenação de produção: Tati Matos
Coordenação de documentação (foto/vídeo): Xandi Gonça e Luís Mora
Produção gráfica: Mariana Moura.
Duração: 60 min. Classificação: livre.

5 de dezembro – sexta-feira
Local: CDC Vento Leste
Rua Frederico Brotero, n° 60. Patriarca. Zona Leste

Das 11h às 20h - Encontro do MTR (Movimento de Teatro de Rua)

20 horas - Jongo dos Guaianás (São Paulo/SP)

Sinopse: Há 10 anos, o grupo de educadores, festeiros e batuqueiros de Guaianases criaram a roda Jongo dos Guaianá, inspirada no Jongo do Tamandaré, de Guaratinguetá (interior paulista), que promove esta manifestação da cultura popular há mais de 100 anos, contando e cantando a história dos negros e das negras escravizados. Tombado como Patrimônio Cultural Brasileiro, o Jongo chama as pessoas presentes para entrar na roda, cantar e dançar ao som dos batuques do tambu e do candongueiro.

Integrantes: Monici Gomes, Monica GomesPedro Rafael,Clodoaldo Rocha, Ana Paula Cordeiro, Renato Abana, Patricia Alves, Tita Reis e Gloria Orlando.
Duração: 60 min. Classificação: livre

6 de dezembro – sábado
Local: Praça do Casarão / Vila Mara – Zona Leste
Ao lado da estação de trem Vila Mara/Jardim Helena

17 horas - Teatro Popular União e Olho Vivo - TUOV (São Paulo/SP)
Espetáculo: A Cobra Vai Fumar - Uma estória da FEB

Sinopse: A partir de relatos de ex-pracinhas da Força Expedicionária Brasileira, que combateram na Itália na Segunda Guerra Mundial (1944-1945), o espetáculo conta, em fragmentos, um “passado presente”, como se a memória teimasse em esquecer e também lembrar.

Ficha técnica
Texto e direçãoCésar Vieira (Idibal Pivetta)
Elenco: Ana Lucia Silva, Césinha Pivetta, Cícero Almeida, Camila Morelli, Daniele Andrade, Edir Evaristo da Silva, Isaias Cardoso, Luiza Maia, Michelle Gabriolli, Neriney Moreira, Osmar Azevedo, Oswaldo Ribeiro, Rafinha Werblowsky e Thiago Nogueira. 
Assistente de direção: Oswaldo Ribeiro
Figurino, cenário e fotografia: Graciela Rodriguez
Acompanhantes: Pedro Inovador e Talita Ferreira
Duração: 60 min. Classificação: livre

6 de dezembro – sábado
Local: Arsenal da Esperança – Zona Leste
R. Dr. Almeida Lima, 900 – Brás

20 horas: Núcleo Teatral Filhos da Dita (São Paulo/SP)
Espetáculo: A Guerra

Sinopse: Três soldados partem para a guerra e, no caminho, esquecem quem é o inimigo. A partir dessa constatação, o espetáculo apresenta cenas que revelam o absurdo de guerras invisíveis vividas cotidianamente. Num campo de batalha que se transforma constantemente, atrizes e atores representam diversos personagens e situações que se inter-relacionam, trazendo à tona um mundo onde a “espetacularização” da violência, impulsionada pelo desejo de poder, ganância e interesses privados, aliena e desumaniza o homem, separando-o da vida.

Ficha técnica
Autor: Oscar Castro (Teatro Aleph)
Direção: Marcelo Palmares e Paulo Carvalho Jr.
Elenco: Cláudio Pavão, Ellen Rio Branco, Marcelo Nobre, Luara Sanches, Rafael Pantoja e Thabata Letícia.
Co-direção de sonoplastia: Giovanni Di ganzá
Trilha sonora: Filhos da Dita
Concepção de iluminação: Filhos da Dita e Aurea Karpor 
Cenário e figurino: Filhos da Dita
Duração: 60 min. Classificação: livre

7 de dezembro – domingo
Local: Praça Carlos Kozeritz. Jardim Julieta. Zona Norte

11 horas - Cervantes do Brasil (Icapuí/CE) e Bando La Trupe(Natal/RN)
Espetáculo: Trecos e Trecos

SinopseTrecos e Trecos é uma ação de arte pública de rua, composta por um repertório de breves espetáculos (“trecos”), que são apresentados, normalmente, ao longo de um dia de ocupação de espaços público (praças, ruas, feiras, parques). Entre os espetáculos, acontecem rodas de conversas com temas levantados na hora entre os artistas e espectadores.

Ficha técnica
Elenco: Junio Santos (Cuscuz) e Filippo Rodrigo - Popó
Duração: 60 min. / Classificação: livre

7 de dezembro – domingo
Local: Centro Cultural Arte em Construção – Zona Leste
Av. dos Metalúrgicos 2.100. Cidade Tiradentes

11 horas: Grupo Rosa dos Ventos (Presidente Prudente/SP)
Espetáculo: Saltimbembe Mambembancos

Sinopse: Saltimbembe Mambembancos é uma festa popular na qual palhaços se apresentam como artistas saltimbancos, formando uma roda para exibir suas habilidades. As técnicas de malabarismo, acrobacias de solo e perna de pau são mostradas sem formalidades, acompanhadas por música ao vivo. O espetáculo brincante representa a essência da linguagem desenvolvida pelo Rosa dos Ventos, com interpretação livre de artistas cômicos populares e verborrágicos, improvisadores por opção, influenciados pelo teatro, circo, palhaço de circos e principalmente pelos artistas de rua.

Ficha técnica
Texto e direção Grupo Rosa dos Ventos
Elenco: Fernando Ávila (Dez pras Sete), Gabriel Mungo (Beterraba), Luiz Paulo Valente (Tiuria), Robson Toma (Nicochina) e Tiago Munhoz (Custipíl de Pinoti).
Música original e sonoplastia: Robson Toma
Cenário: Deva Bhakta e Grupo Rosa dos Ventos
Duração: 60 min. Classificação: livre

16 horas - Mamulengo Rasga Estrada (Presidente Prudente/SP)
Espetáculo: O Sumiço boi Pintadinho

Sinopse: O espetáculo conta a história do sumiço do boi Pintadinho, fato que causa mil confusões com personagens clássicos do mamulengo e faze com que Simão passe por apuros para recuperá-lo. Com linguagem popular a história é narrada de maneira leve e solta, com trocadilhos, escatologias e pitadas de críticas sociais. Quitérina, Coroné João Redondo, a cobra e até o Cão dos Inferno vão aparecer para ajudar Simão a entrar e sair das enrascadas criadas por ele próprio.

Ficha técnica
Autor: Mamulengo Rasga Estrada
Música original e sonoplastia: Robson Toma
Bonequeiro: Felipe Fernandes de Barros
Manipulação: Felipe Barros e Camila Peral
Duração: 60 min. Classificação: livre

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Carta Resposta da Cia. PlastikOnirica!

Segue Carta Resposta da Cia. Plastikonirica:

Apontamentos referentes aos últimos acontecimentos que envolvem o espetáculo O Rio e seus/suas criadores(as): Acompanhando a repercussão da carta do Prof. Wagner Cintra e do abaixo assinado referentes à ação judicial que devolveu os materiais do espetáculo O Rio aos seus autores e autoras para que, simplesmente, continuem a trabalhar, não pudemos deixar de destacar alguns fatos que convenientemente foram ignorados e suprimidos na descrição do próprio Wagner em suas manifestações públicas e tentativas de difamar a Cia. PlastikOnírica e seus/suas integrantes. Esperamos que estes apontamentos venham a esclarecer o posicionamento dos(as) estudantes e profissionais envolvidos(das), apresentando informações preciosas para o entendimento completo deste caso bastante complexo que vem se alongando desnecessariamente. Trata-se de um caso complexo pois durante a história do Teatro Didático da Unesp & Teatro de Brancaleone (este último sequer citado na carta do Prof. Wagner Cintra) misturaram-se duas instâncias: a acadêmica e a profissional. Vamos por partes: Desde que começamos a trabalhar no espetáculo, sempre houve o incentivo do próprio Wagner para que este trabalho pudesse se tornar nossa atividade profissional e fonte de renda . Assim que estreamos O Rio, este anseio foi crescendo e continuou a ser alimentado pelo professor que apoiava todas as investidas que fazíamos coletivamente. Assim, nos inscrevemos e apresentamos em diversas mostras e festivais mundo afora. Para que pudéssemos receber cachês pelo nosso trabalho, tiramos nossos DRTs e Wagner nos convidou a filiar-nos à Cooperativa Paulista de Teatro por meio de seu grupo Teatro de Brancaleone que a partir daquele momento estabeleceria uma parceria com o Teatro Didático da Unesp e responderia pelas atividades profissionais que exigiam um CNPJ que pudesse receber o dinheiro dos cachês. Tal dinheiro custeava a manutenção do material, as viagens do grupo e, às vezes, sobrava algum dinheiro para ser dividido entre nós estudantes (o Wagner nunca quis participar desta divisão por opção própria). Assim funcionamos até o dia em que o Prof. Wagner Cintra decidiu, sem apresentar qualquer justificativa, encerrar as atividades do espetáculo até "segunda ordem", como se nós não estivéssemos acostumados(as) a conversar, dividir problemas que nos desagradavam e a tomar decisões de forma conjunta como um grupo. Preocupados(as) com o que pudesse acontecer com o futuro do espetáculo e do grupo, tomamos a iniciativa de registrar a autoria do espetáculo na Biblioteca Nacional, direito reconhecido de qualquer autor e autora. O que foi registrado na Biblioteca Nacional foi apenas a autoria do espetáculo O Rio criado coletivamente por oito pessoas, inclusive o Wagner. O fato de termos considerado o nome dele no momento do registro não se tratou de um ato de benevolência ou misericórdia e sim de fazer o que era certo! No que se refere à pesquisa individual do Wagner como professor universitário nada foi registrado indevidamente. Por sinal, nos parece que o Prof. Wagner Cintra confunde sua pesquisa acadêmica intitulada Estudos propedêuticos acerca do Teatro Visual com o espetáculo que foi um desdobramento desta e de tantas outras pesquisas individuais de nós estudantes que resultaram em artigos publicados no Caderno de Resumos do III Seminário da Licenciatura em Teatro promovido em 2013 pela Universidade Federal de Santa Maria - UFSM e em Trabalhos de Conclusão de Curso que descrevem e investigam entre outras coisas o caráter coletivo da criação do espetáculo, T.C.C.s estes devidamente aprovados
São Paulo, 17 de novembro de 2014.
pelo Instituto de Artes da Unesp e dos quais o próprio Wagner compôs a banca examinadora em conjunto com demais professores e professoras da casa. Claramente o Prof. Wagner Cintra desconhece a Lei de Direitos Autorais (Lei 9.610/98), insistindo em dizer que o espetáculo e o material produzido são bens públicos. Segundo a lei, autor é pessoa física e não jurídica o que não faz da Unesp detentora dos direitos da obra. Segundo a própria Norma Patrimonial da Unesp não é possível patrimoniar bens não duráveis como é o caso do material do espetáculo construído todo com material de consumo. Além destes fatos, Wagner não conta que desde 2010 o grupo de estudantes alimentava com investimentos pessoais um caixa que servia para compra de materiais para a realização do espetáculo. Após a estreia do espetáculo e começo de sua carreira profissional, parte significativa dos cachês que ganhávamos era destinada à manutenção e reconstrução dos elementos cênicos da obra. Tudo isto pode ser comprovado por meio de notas fiscais que guardamos desde 2010. Após apresentarmos o protocolo do registro do espetáculo na Biblioteca Nacional para o Wagner e nos surpreendermos com seu comportamento raivoso e ouvirmos acusações absurdas de imoralidade, o próprio Wagner disse que não conversaria mais conosco e que nós deveríamos nos reportar à Assessoria Jurídica da Unesp, em seguida nos expulsando do ateliê do Instituto de Artes da Unesp! Quando nos vimos privados do direito de acessar o material que elaboramos, construímos e financiamos, a primeira medida que tomamos, antes mesmo de irmos procurar apoio jurídico na Cooperativa Paulista de Teatro, foi conversar com a Direção e Vice-direção do Instituto de Artes da Unesp sobre o caso que, por sua vez, nos direcionou à Pró-reitoria de extensão universitária dizendo que o caso fugia do alcance do Instituto de Artes. Desta forma, considerando o muito importante apoio da Unesp no incentivo à construção do espetáculo, com o auxílio jurídico da cooperativa, por mais de três meses, cansamos de tentar diálogos, acordos e soluções amigáveis com o Prof. Wagner Cintra, que se recusou a reunir-se com o Conselho da Cooperativa, e com a Assessoria Jurídica da Unesp que, a princípio, se mostrou favorável a um acordo cuja proposta nunca veio. Um dos motivos para um acordo para o uso dos materiais não ter sido realizado e o rompimento com a Unesp ter sido inevitável foi o descaso do Prof. Wagner Cintra em colaborar, demorando para entregar documentos, atrasando prazos e, principalmente, mostrando-se terminantemente contra qualquer tipo de acordo. Destes fatos estão cientes o Dr. Geraldo Magela e o Dr. Leopoldo Zuaneti advogados da Assessoria Jurídica da Unesp e da AUIN (Agência Unesp de Inovação) como explicitado em conversas e e-mails trocados conosco e com nosso advogado. Em relação à dívida de seis mil reais com o Instituto de Artes da Unesp, o Prof. Wagner Cintra, sem comunicar-nos previamente, tomou a iniciativa de pagar sozinho. O grupo, não concordando com esta atitude que trouxe um prejuízo pessoal ao Wagner, se prontificou a pagar assim que foi comunicado. De qualquer maneira, hoje o Teatro de Brancaleone, grupo do qual o Wagner é representante oficial, tem pouco mais de seis mil reais em sua conta na cooperativa por apresentações e premiações do primeiro semestre deste ano. O que não justifica a afirmação do Wagner de que o grupo deixou uma dívida pendente. Não faz sentido o que Wagner afirma em relação aos "excessos do grupo" que ele cita em sua carta mas não explica e que, segundo ele, se intensificaram nas viagens internacionais e refletiam na qualidade do espetáculo. Ora, que excessos foram estes?
Como isto pode ser? Em todas as viagens internacionais que fizemos, recebemos os mais altos elogios e reconhecimento da qualidade de nossa participação e do espetáculo, fato comprovado por certificados, cartas e prêmios. Não entendemos como que tais "excessos" podem se converter em premiação e reconhecimentos da boa participação, compromisso e envolvimento do grupo! Permanecemos sem entender onde está a indignidade do trabalho ter extrapolado o âmbito universitário e claramente ter conquistado seu espaço no cenário profissional brasileiro e internacional. Da mesma maneira, não compreendemos onde está a inconsequência e prepotência da nossa ação que tenta garantir a continuidade de nosso trabalho. Além disto, sentimentos como afeto, apreço e carinho, no nosso entendimento, nada tem a ver com o que recebemos do Prof. Wagner Cintra nos últimos tempos: abandono acadêmico, expulsão de um grupo cuja reputação ajudamos a construir e prejuízo nas carreiras profissionais. A alegria que sempre nos nutriu (e que, aparentemente, deixou de nutrir o Wagner) será nosso combustível para continuar produzindo e investigando cenicamente a linguagem do Teatro Visual agora com a Cia. PlastikOnírica. Por todo o exposto, o debate a respeito da titularidade dos direitos e dos bonecos é bastante complexo e será tratado judicialmente. Reforçamos ainda que agimos sempre dentro da lei reunindo diversos documentos e evidências que provam a legitimidade de nossa causa. A princípio, a razão da titularidade dos direitos da obra e do material do espetáculo O Rio assiste somente à Cia. PlastikOnírica que tem uma ordem liminar vigorando. Lembramos também que reconhecemos a importância da Unesp como parceira e continuamos dispostos a dar os devidos créditos durante a vida artística do espetáculo O Rio. Concluindo, pensamos que se algum alerta tem de ser dado é que os professores e as professoras conheçam bem as instâncias e os trâmites de suas universidades, os compartilhem com os(as) estudantes e juntos(as) os reinventem se necessário para que não ocorram decepções e mal entendidos futuros. Existem maneiras e medidas para regulamentar o trabalho acadêmico, assim como existem para o trabalho profissional autônomo. É claro que isto deve ser sempre feito dentro da ética e honestidade sim, o que envolve também apresentar os fatos como ocorreram sem suprimir ou editar os acontecimentos convenientemente para angariar apoio, tentando prejudicar ou cercear o desenvolvimento da carreira profissional de quem quer que seja. Esta mesma ética e honestidade também pressupõe que os interessados e interessadas procurem conhecer o outro lado de uma história que é contada unilateralmente antes de tomar qualquer medida que possa ferir qualquer uma das partes envolvidas. Trata-se de generosidade, consideração e respeito com o outro e seu trabalho. Obrigado(a), Artistas integrantes da Cia. PlastikOnírica.

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

: NOTA DE APOIO AO PROJETO TEATRO DIDÁTICO DA UNESP, EM DEFESA DA PESQUISA EM ARTES E DA UNIVERSIDADE PÚBLICA.

Abaixo-Assinado (#299

68): TEATRO DIDÁTICO DA UNESP:  Pesquisa não é mercadoria!

Abaixo-assinado:
http://www.abaixoassinado.org/abaixoassinados/29968

Teatro Didático da Unesp: Pesquisa não é mercadoria!

Viemos aqui manifestar publicamente nosso apoio ao Projeto Teatro Didático da Unesp, coordenado pelo Prof. Dr. Wagner Cintra, que enfrenta junto ao Instituto de Artes da UNESP processo judicial no qual alunos da mesma instituição reivindicam a propriedade privada de um produto artístico, resultante de um trabalho público de pesquisa realizada durante mais de três anos pelo referido projeto de extensão universitária. (Espetáculo: O Rio. Pesquisa: Teatro Visual)

Entendemos que, o trabalho tendo sido subvencionado com dinheiro público, dentro da universidade, utilizando os recursos da mesma, estando seus participantes sendo remunerados com bolsas de estudo oriundas de verbas públicas, estando seu tutor sendo remunerado como professor e pesquisador, este produto artístico é um patrimônio da universidade pública. Nós, abaixo-assinados, repudiamos qualquer tipo de tentativa de apropriação do bem público.

Acreditamos ainda que, ao levar o problema para fora da universidade, registrando a obra na Biblioteca Nacional e recorrendo à assessoria jurídica da Cooperativa Paulista de Teatro, antes de qualquer tentativa de resolução dentro da comunidade acadêmica, esses alunos estão negando a autonomia da universidade pública, bandeira histórica do movimento em defesa da educação. Nós, abaixo-assinados repudiamos atitudes que ameaçam a autonomia da universidade pública.

A pesquisa em artes, principalmente em teatro, tem como especificidade a participação direta de pessoas que influenciam no resultado final, colaborando com ideias, criando cenas, elementos, etc. Entendemos, porém, que a participação direta no processo não dá o direito individual, ou mesmo coletivo, de reivindicar a propriedade do produto final para benefícios próprios e comerciais, ameaçando a continuidade da pesquisa. Nós, abaixo-assinados repudiamos atitudes que ignoram princípios éticos da pesquisa em artes.

Considerando que muitos abaixo-assinados são filiados à Cooperativa Paulista de Teatro, entendemos que embora a mesma tenha que defender seus associados quando solicitada, não pode desconsiderar a gravidade da questão e não deve ser conivente diante da apropriação indevida da propriedade pública. A universidade pública representa hoje um dos poucos espaços para a livre pesquisa em teatro subvencionada pelo estado. Por isso, acreditamos que a Cooperativa Paulista de Teatro deva tomar uma decisão política, que atenda aos interesses da arte pública e não a interesses individuais.
Por fim, prestamos nossa solidariedade a todos os envolvidos neste caso, que sofrem hoje o desgaste de um processo judicial.

Segue a Carta do Prof. Wagner Araújo Cintra esclarecendo os fatos:

“Direitos autorais e outras indignidades: esclarecimentos a comunidade Unesp e a Profissionais do Teatro sobre as questões estéticas e éticas que levaram ao declínio da encenação de O Rio realizada pelo Teatro Didático da Unesp.
Eu relutei por muito tempo em esclarecer o ocorrido com o Teatro Didático da Unesp, grupo de extensão universitária, no que se refere à encenação do espetáculo teatral O Rio, obra inspirada no poema homônimo de João Cabral de Melo Neto. Muito dessa relutância deveu-se ao fato de envolver alunos pelos quais eu nutri muita consideração pelos cinco anos de convivência e que produziu muitos frutos. Eu não quero que a admiração que eu sentia por essas pessoas, para as quais abri as portas da minha casa e os coloquei em contato com a minha família, se transforme em abjeção. Dessa forma, não irei comentar aqui questões de comportamentos, individuais e coletivos, principais motivadores da crise pela qual o Teatro Didático da Unesp está passando, pois o depoimento estaria, em face dos acontecimentos atuais, repleto de subjetividade, passionalidade e emoção. O importante do esclarecimento que pretendo, que é muito mais um desabado, é que sirva de alerta, não somente para pesquisadores que tem colaboradores em sua pesquisa, mas também para os artistas que agregam outras pessoas em seu processo criativo, especialmente o teatro.
Em 2010, convidei um grupo de alunos para que com o Teatro Didático da Unesp, colaborassem comigo em uma pesquisa que pretendia a experimentação cênica daquilo que eu considerava serem os pressupostos essenciais da linguagem do Teatro Visual; uma linguagem teatral surgida na Europa na década de 80 cujo conceito ainda está em desenvolvimento. O Teatro Visual é uma linguagem que atua na interface do teatro com as Artes Visuais e há poucas pessoas no mundo que a dominam satisfatoriamente. Em tal contexto, propus a encenação de um espetáculo que seria a materialização prática da minha pesquisa teórica. O processo levou três anos. Entretanto, a pesquisa acerca da linguagem já vinha sendo desenvolvida por mim através de experimentos feitos na graduação desde o ano de 2007 e tornou-se a base da pesquisa do meu ingresso no programa de pós-graduação do Instituto de Artes. A pesquisa que levaria à encenação do espetáculo O Rio, tornou-se também o meu projeto trienal intitulado Estudos propedêuticos acerca do Teatro Visual. O resultado teórico foi publicado em revistas da área, anais de seminários e congressos nacionais e internacionais, entre outros. Internacionalmente eu sou um dos poucos que está se arriscando a escrever sobre o assunto no momento. O espetáculo que estreou em dezembro de 2012, no ano seguinte deixa a universidade e se apresenta em diversos estados do Brasil participando de festivais e mostras diversas. Em 2014 realiza apresentações no México, Portugal e República Tcheca. O espetáculo foi visto por mais de 10 mil espectadores. Hoje o Teatro Didático da Unesp tornou-se referência nacional e internacional no que se refere à linguagem do Teatro Visual.
Todas essas conquistas só foram possíveis graças ao empenho do elenco, que é indiscutível. Ao apoio significativo da última e da atual Direção do Instituto de Artes que possibilitou a criação e a manutenção do Micro-Teatro (Laboratório de Formas Animadas e Visualidades),respectivamente. Aos investimentos feitos pela Proex, sobremodo a gestão atual, com a concessão de 5 bolsas que mantiveram o elenco desde 2010, além de verbas para a aquisição de materiais diversos para a criação do espetáculo e compra de equipamentos para o Micro-Teatro e ateliê. Isso sem contar os investimentos do Departamento e empenho do Conselho de Curso (DACEFC) por meio de verbas de melhoria do ensino. Há de se destacar também o apoio técnico de funcionários das diversas Seções do IA. É com muita segurança que afirmo que em se tratando do universo do ensino do Teatro de Formas Animadas, universo onde se encontra o Teatro Visual, o Instituto de Artes possui as melhores condições para o trabalho docente e para a pesquisa na área no país. Há muitos pedidos de estudantes e de profissionais do Brasil e do exterior para estagiarem conosco. Em 2015 receberemos quatro egressos da UNAM (Universidade Nacional Autônoma do México) para um estágio de dois meses.
Em tal contexto onde tudo parecia funcionar, o que deu errado?
Essa é uma pergunta que me faço constantemente. O elenco tinha total liberdade, não somente em relação ao trabalho que realizávamos, bem como em todas as instancias do Instituto de Artes. Sem contar o controle financeiro do grupo. Eu não medi esforços para possibilitar a eles as melhores condições de trabalho dentro e fora do IA. Eu nunca me coloquei em primeiro lugar. Após as apresentações que eram sucedidas por conversas com o
público, sempre deixei que o elenco se manifestasse. Eu só participava quando solicitado e para dar esclarecimentos acerca da linguagem. Todas as entrevistas para jornais, rádios e emissoras de televisão, por minha opção, foram realizadas pelos alunos. Eu nunca fiz imposições de comportamentos. Em 2014, um pouco mais atento, percebi que não havia por parte do elenco nenhuma consideração pelo peso da responsabilidade que estava sobre os meus ombros, principalmente nas viagens internacionais onde os excessos tornaram-se mais expressivos. Excessos que também se refletiam na qualidade do espetáculo. Foi nesse contexto que resolvi, após o retorno da República Tcheca em julho, tomar a atitude de não agendar apresentações até o mês de outubro. Isso para que o grupo fizesse uma reflexão crítica sobre o comportamento e as responsabilidades que incidem sobre um grupo universitário. Durante esse período de recesso todas as pendências deveriam ser resolvidas, incluindo finalizações de TCCs. Todas as questões referentes ao comportamento do elenco e as possibilidades de encaminhamentos foram compartilhadas com a Direção do Instituto de Artes.
Pois bem, alguns dias após o retorno do Festival de Praga, fui comunicado pelo elenco formado por Pedro Luiz Cobra, Caio Ceragioli Vieira, Guemera Ferreira Jorge, Luiz Guilherme Conradi Silva, Ingrid Marcela Taveira, Caroline Araujo do Nascimento, e também pelo compositor da trilha sonora, Felipe Zacchi Citero, aluno do curso de Composição e regência do Departamento de Música, de que eles haviam registrado na Biblioteca Nacional o espetáculo e todo o material produzido para o espetáculo. Em uma atitude de benevolência, me comunicaram que concederam a mim o direito de ser co-autor da obra. Ou seja, da minha própria pesquisa. Por mais que eu pudesse estar errado como professor e como coordenador de um projeto de extensão institucionalizado. Por mais que minhas atitudes fossem reprováveis. Que eu não zelasse pelo bem estar dos alunos; que o meu caráter fosse questionável, ou que eu estivesse interessado somente em autopromoção, dentre todas as leviandades possíveis; em se tratando de um projeto acadêmico, a maneira correta e honesta de agir seria procurar os colegiados do Instituto de Artes para que as coisas se resolvessem. Isso não foi feito. A opção foi pela indignidade sob a alegação de que o trabalho que o grupo realizava não era mais universitário e sim profissional.
Com o registro feito na Biblioteca Nacional, que é declaratório, ou seja; qualquer pessoa pode se declarar autora de qualquer produção intelectual, o elenco passou a requerer a posse de todo o material produzido pelo Teatro Didático da Unesp desde 2010. Como eu não posso responder pela universidade, já que o espetáculo e o material produzido é um bem público, comuniquei o fato à Direção do Instituto de Artes e foi feito o encaminhamento de um ofício descrevendo o ocorrido para a Assessoria Jurídica da Unesp que passa a cuidar do assunto considerando os direitos legais da universidade sobre a obra. A coisa se complica quando o elenco cria um grupo chamado Cia.Plastikoniricae se filia à Cooperativa Paulista de Teatro que passa, por meio de seu advogado, cobrar da Unesp a posse do material do espetáculo e outros matérias diversos. A Assessoria Jurídica da Unesp, por sua vez, tentou os caminhos da conciliação sem citações judiciais. Esse caminho foi logrado já que no dia 03 de novembro, mais uma vez em uma atitude inconsequente e prepotente, a Unesp foi citada judicialmente, sendo obrigada, por meio de artifícios jurídicos, mediante mandato de reintegração de posse, emitido por juiz, e na presença de advogado e Oficial de Justiça, devolver o material do espetáculo “ilegalmente retido” pela Unesp. Diante da situação bizarra, não pude deixar de pensar no comportamento de certos roedores que alucinados remexem todos os espaçosem busca de comida, com o que estava ocorrendo,onde salas, armários e gavetas eram vasculhadas vertiginosamente em busca de alimentos para a vaidade e arrogância dos requerentes. Indignados, eu, a Vice-diretora, funcionários e o advogado da AUIN (Agência Unesp de Inovação) que já vinha acompanhando o caso, e que deu apoio no momento, tivemos que nos resignar já que a lei deve ser cumprida. Entretanto, todos esperamos que a justiça seja feita.
Apesar da dívida de seis mil reais que ficou para eu pagar ao Instituto de Artes, das cartinhas a professores e funcionários, além de comunicações tardias nos Conselhos em uma tentativa inútil e desesperada de justificar a infâmia do ato cometido, eu não desgosto desses alunos. Eu sempre acreditei e acredito, mesmo que ingenuamente, que as pessoas podem melhorar, haja a vista que só retirei as bolsas de extensão no mês de outubro quando não havia mais nada a ser feito. Eu tenho certeza da minha dedicação e de ter dado a eles a melhor formação artística; haja a vista o grupo “profissional” que formaram para comercializar o produto poético da minha pesquisa.
Para mim o teatro é diversão, prazer e alegria. Quando isso não acontece é porque alguma coisa está errada e é hora de parar. O espetáculo me deu muito prazer como pesquisador e como artista. Mas diante da atual situação, mesmo que a Unesp saia vitoriosa no litígio, e mesmo que ainda exista muita coisa para ser escrita, hoje não encontro motivação para a continuidade de uma pesquisa prazerosa e de uma prática divertida com O Rio. Eu não acredito que uma obra artística que passa por tal situação possa sobreviver pelos meandros da desonestidade de um lado ou distante do prazer do outro.
Independentemente do resultado judicial, vou dar continuidade à minha pesquisa com o Teatro Visual que se converterá, em sua nova fase, em meu projeto trienal que iniciará em 2015. Para tanto, o novo elenco do Teatro Didático da Unesp, que já iniciou o processo de três anos, fará à encenação de Paulicéia Desvairada, espetáculo inspirado na obra homônima de Mário de Andrade. Apesar da decepção e da dor do punhal que ainda sangra as minhas costas, não deixarei que esse revés me impeça de continuar produzindo. Não é essa situação infame quem e impedirá de gostar de trabalhar com os alunos do Instituto de Artes. Sem abandonar a minha natureza afetiva, e de maneira prazerosa, continuarei compartilhando com os estudantes o conhecimento que venho adquirindo ao longo dos anos, evidentemente que de agora em diante com os devidos cuidados legais. No que depender de mim, os alunos do Instituto de Artes terão sempre a melhor formação que eu lhes possa oferecer; hoje, com um acento todo especial na orientação para os caminhos da ética e da honestidade.
São Paulo, 07 de novembro de 2014."