sábado, 26 de março de 2016

Manifesto dos Trabalhadores da Arte e da Cultura da Baixada Santista

#NãoVaiTerGolpe
A situação política brasileira passa por um momento de forte acirramento. Nós, trabalhadores da Arte e da Cultura da Baixada Santista, que sofremos das mazelas desta sociedade capitalista (desemprego, precarização do trabalho, marginalização da profissão e repressão policial), neste momento histórico, como em tantos outros, nos alinhamos aos demais explorados: o povo periférico, os trabalhadores do campo e operários, os professores e estudantes, e todos os militantes das causas indígena, racial e de gênero.
Não aceitamos, em nenhuma hipótese, qualquer tipo de retrocesso nos direitos dos trabalhadores e das liberdades democráticas conquistados na luta de classes.
Entendemos que este movimento golpista (organizado pela direita conservadora e pela grande mídia oficial patrocinado por banqueiros, latifundiários e industriais e que inflama parte da população em nome de um suposto combate à corrupção) quer destruir os direitos conquistados pelo povo trabalhador desde o fim da Ditadura Militar.
O processo de impeachment impulsionado por um movimento golpista, que no momento será decidido por um Congresso de picaretas, utiliza-se de um Sistema Judiciário partidarizado e viciado para criminalizar o PT, o Governo e também todos os movimentos sociais, o que já vem ocorrendo com inúmeras greves, ocupações e manifestações nos últimos anos. Usando de um discurso de ódio, justificam e incentivam agressões físicas e morais a quem simplesmente veste vermelho. Querem criminalizar esta cor, quando sabemos que foi portando bandeiras vermelhas que muitos de nós tombaram pelos direitos de que agora gozamos.
Reconhecemos o Brasil como um país predominantemente machista, onde as mulheres são diariamente exploradas em diferentes níveis, violentadas e mortas, e não temos dúvidas que muitos dos ataques à presidenta Dilma ocorrem pelo fato de ser mulher. Repudiamos veementemente esses ataques violentos de caráter sexista.
POR TUDO ISSO, SOMOS CONTRA O IMPEACHMENT!
Por outro lado, nosso combate ao movimento golpista não anula nossa discordância e nem o fato de termos duras críticas ao Governo.
Reconhecemos os avanços sociais, mas não compactuamos com medidas como a Lei Anti-Terrorismo, o ajuste fiscal e o veto à auditoria da dívida pública. Nós nos colocamos em defesa da Petrobras e seus trabalhadores.
Enquanto trabalhadores da Arte e da Cultura, exigimos: a revisão e ampliação das políticas públicas para a Cultura, o fim do financiamento estatal à grande mídia e a imediata abertura de um debate público sobre a democratização dos meios de comunicação.
Nunca faremos coro com corruptos e criminosos notórios como Eduardo Cunha, Aécio Neves, Beto Mansur, Michel Temer, Geraldo Alckmin, José Serra, Jair Bolsonaro e outros, que organizam ou apoiam o processo de impeachment e nos oferecem um futuro de barbárie.
Diante disso, reafirmamos nosso posicionamento junto aos movimentos sociais e populares nestas lutas por suas reivindicações e direitos, e nos colocamos na linha de frente de resistência a todos os atuais ataques da burguesia. Apenas a classe trabalhadora, em sua luta contra o sistema capitalista – que tenta transformar a arte e a cultura em mera mercadoria –, pode abrir um caminho para um futuro sem exploração e com verdadeira liberdade de criação e pensamento. Um futuro que nos garanta não só o pão, mas também a poesia.
Santos, no Sindicato dos Petroleiros do Litoral Paulista, 24 de março de 2016