quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Nota Pública do DCE - Unifesp - "Quem Matou Ricardo?"

O Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal de São
Paulo vem a público relatar e se posicionar diante dos fatos ocorridos
desde quarta-feira na Vila Mathias, em Santos-SP.

Na quarta feira, 31/07, Ricardo Ferreira Gama – funcionário
terceirizado da Unifesp Baixada Santista – após responder a uma ofensa
feita a ele, foi agredido pela polícia em frente da Unidade Central,
na Rua Silva Jardim. Alguns estudantes agiram verbalmente em defesa de
Ricardo e foram ao 1º DP, aonde os policias afirmaram que levariam o
funcionário.

Chegando lá, os estudantes foram informados que Ricardo fora levado ao
4º DP. E no 4º DP, que eles estariam na Santa Casa. Ou seja, eles
estavam sendo despistados. De volta da Santa Casa, onde realmente
estavam os policias e o funcionário, foram avisados pelos próprios
policias que cometeram a agressão que o rapaz tinha sido liberado e
que estava tudo resolvido. Ele não teria feito Boletim de Ocorrência.,
pois "admitiu" que não fora agredido.

Um dos estudantes quis, ele próprio, abrir um Boletim de Ocorrência e,
a partir disso, começou a ser intimidado pelos policiais. Assustados,
os estudantes foram embora sem abrir o B.O.

Chegando na Unifesp, os estudantes foram procurados pelo Ricardo que
disse ter sido procurado em sua casa pelos policiais dizendo que se
estudantes não parassem de ir à delegacia, eles "resolveriam de outro
jeito".

Na quinta-feira (01/08) à noite viaturas com homens não fardados de
cabeça pra fora rondavam a Unifesp. Pessoas também chegaram a ir
pessoalmente na Unifesp pedir a funcionários vídeos que estudantes
teriam feito da agressão, e disseram que se ele não entregassem,
“seria pior”.

Pois, mesmo com o passo atrás em relação ao Boletim de Ocorrência e
sem nenhum vídeo publicado, na madrugada de quinta para sexta-feira
(02/08) quatro homens encapuzados mataram o Ricardo na frente de sua
casa com oito tiros.

Na segunda-feira, 05/08, houve uma roda de conversa no campus sobre o
caso puxada pela Congregação. A direção teve momentos vergonhosos,
dizendo, por exemplo, que "o caso aconteceu da porta pra fora", ou
ainda, sob risos, que "os terceirizados são tratados da mesma forma
que os demais servidores".

Isso acontece num contexto em que o país ainda se pergunta “Onde está
o Amarildo?” e em que a Baixada Santista enfrenta grupos de extermínio
matam a juventude com um único critério: a vítima é pobre, preta e
periférica.

Sabemos que a policia não garante a segurança da maioria da população
pelo contrário, sendo um dos braços do Estado ela institucionaliza o
controle social e exerce a repressão contra os trabalhadores,
principalmente os negros e pobres. As politicas de segurança publica
criminalizam qualquer ato resistente às imposições que seguem a lógica
do mercado, suas elites e do governo. Não é essa segurança que
queremos, que nos oprime, reprime e nos explora! Defendemos a
desmilitarização da policia e uma segurança publica a serviço dos
trabalhadores e não das propriedades privadas!

O Diretório Central dos Estudantes não se calará e se manterá em luta,
junto da comunidade acadêmica e da classe trabalhadora contra a
truculência e a violência policial contra a população pobre e
trabalhadora.

Não nos calaremos até que seja respondida a pergunta: QUEM MATOU O
RICARDO? E até que o Estado seja responsabilizado pelos seus crimes.

06 de agosto de 2013
Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal de São Paulo

#QuemMatouRicardo?

Dce Unifesp

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