A FUNÇÃO DOS PROFISSIONAIS QUE ATUAM NOS CEIS NÃO É A DE SUBSTITUIR O PAPEL DAQUELES QUE RESPONDEM COMO PAIS E/OU RESPONSÁVEIS PELAS NOSSAS CRIANÇAS.
OS CEIS SÃO UNIDADES ESCOLARES, DIREITO DE TODAS AS CRIANÇAS, ONDE PROFISSONAIS DA EDUCAÇÃO INICIARAM, APÓS “MUDANÇA" DA SECRETARIA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL PARA A SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO, A CONSTRUÇÃO DA EDUCAÇÃO INFANTIL, NA PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO PAULO, COM AS CONTRIBUIÇÕES DAS EX E DAS AINDA AUXILIARES DE DESENVOLVIMENTO INFANTIL (ADIs) E COM O INGRESSO DOS PROFESSORES DE DESENVOLVIMENTO INFANTIL (PDIs), HOJE PROFESSORES DE EDUCAÇÃO INFANTIL (PEIs).LEIAM, NA ÍNTEGRA, O DOCUMENTO DAS COLEGAS DO CEI CEU BUTANTÃ.
Na 14.660/07, DIZ: "Art. 83. Os atuais titulares de cargos de Professor de Desenvolvimento Infantil poderão optar expressamente, uma única vez, pela transformação do cargo que titularizam em cargo de professor de educação infantil e ensino fundamental I, desde que existam cargos vagos nessa classe, hipótese em que os cargos vagos, em igual número, serão transformados em cargos de professor de educação infantil.
§ 1º. A opção de que trata este artigo precederá o primeiro concurso público que vier a se realizar, a partir da publicação desta lei.
§ 2º. A efetiva transformação dos cargos dos optantes ocorrerá no momento da posse dos candidatos nomeados para os cargos de professor de educação infantil.
§ 3º. A opção de que trata este artigo e a respectiva transformação serão regulamentadas por decreto.”
“TRANSFORMAÇÃO”? QUEM TRABALHARÁ EM NOSSOS LUGARES? NÃO TEMOS NENHUMA GARANTIA DE QUE SE OPTARMOS PELA “TRANSFORMAÇÃO” SEREMOS IMEDIATAMENTE SUBSTITUÍDOS POR PEIs DE UM NOVO CONCURSO OU DE UMA NOVA CHAMADA. VEJAM COMO ESTÁ O QUADRO DE APOIO! SEMPRE NA LUTA POR NENHUM EMPREGO A MENOS! PELA EDUCAÇÃO INFANTIL PÚBLICA!PELAS CONSTRUÇÕES DE NOVOS PRÉDIOS PÚBLICOS E A AMPLIAÇÃO DA REDE DIRETA!
AS FAMÍLIAS, COLEGAS, SINDICATOS E SOCIEDADE COMO UM TODO PRECISA COMPREENDER QUE TODOS ESSES ATAQUES AOS CEIS, E O ISOLAMENTO NA CARREIRA A PARTIR DA LEI 14.660/07 OCORREM PARA CUMPRIR O OBJETIVO DESSE ARTIGO 83. A TRANSFORMAÇÃO SEM VOLTA!A ENTREGA TOTAL PARA OS CONVÊNIOS! SABEMOS QUE ESSA MESMA LEI DIZ QUE NA FALTA DE 5% DO QUADRO DE APOIO, ABRIRIAM NOVO CONCURSO E ISSO NÃO TEM ACONTECIDO. NAS ESCOLAS TEMOS AS TERCEIRIZADAS. SE “TRANSFORMARMOS” OS NOSSOS CARGOS, AS CRIANÇAS E TODA A EDUCAÇÃO INFANTIL SERÃO ENTREGUES PARA AS CONVENIADAS, QUE SÓ QUEREM LUCRAR. SE FUTURAMENTE OPTARMOS PELA “TRANSFORMAÇÃO” MUITOS DE NÓS (PEIs) IREMOS TRABALHAR NAS EMEFS E ALGUNS NAS EMEIS QUE EXISTIREM AS VAGAS. MUITOS COLEGAS DAS EMEFS TENTAM “SALVAR” SEUS ACÚMULOS MIGRANDO PARA AS EMEIS NESSA REMOÇÃO DE 2008. LUTAMOS PELA EDUCAÇÃO INFANTIL PÚBLICA EM NOSSA CIDADE, PARA BENEFÍCIO DE TODAS AS CRIANÇAS E DE TODOS TRABALHADORES DA EDUCAÇÃO.
CEI NÃO É DEPÓSITO DE CRIANÇA.
"Atores somos todos nós, e cidadão não é aquele que vive em sociedade: é aquele que a transforma." Augusto Boal
terça-feira, 18 de novembro de 2008
quinta-feira, 6 de novembro de 2008
Quem defende os nossos direitos?
Além de todos os ataques da mídia e do governo que sofremos nos responsabilizando por todos os problemas resultantes de políticas públicas mal implantadas na educação básica, agora, temos instrumentos que legitimam estes discursos: as avaliações externas. Dentro das escolas, somos pressionados por resultados positivos a qualquer custo, desconsiderando nossas condições de trabalho e o contexto em que estão inseridos os alunos, reduzindo todo um esforço de ambos os lados. Estas provas não são termômetros para medir o quanto se deve investir para melhorar a escola pública e a condição de trabalho de seus profissionais, mas um instrumento de controle e culpabilização do professor por problemas que têm a ver com a falta de compromisso público, há anos, com a educação.
Outro grave problema que enfrentamos na rede são as terceirizações e privatizações que diminuem postos de trabalho do funcionalismo público com estabilidade e entregam a escola nas mãos de empresas que visam lucratividade, pouco se importando com seus funcionários e com a qualidade do serviço oferecido à população. Um bom exemplo disto, é a flexibilização do cargo de Agente de Apoio (indicada na portaria n° 3681) que obriga o trabalhador a desempenhar inúmeras funções dentro da escola.
A campanha salarial da categoria, impulsionada pelo Sinpeem, se resume ao contentamento com a incorporação de parte das gratificações que foram conquistadas por meio de nossa mobilização na greve de 2006. O aumento real de salário não é apontado pelo governo e nem apresentado com urgência como bandeira de luta. Temos que exigir a aplicação do Piso Salarial Nacional que regulamenta e reconhece as jornadas e lutar pela fixação do piso, não inferior, ao estabelecido pelo Dieese. O reconhecimento do profissional da educação e do desenvolvimento do seu trabalho requer uma ampliação salarial imediata!
A mobilização da categoria é essencial para garantirmos/ampliarmos nossos direitos e assegurarmos uma educação pública de qualidade. Um exemplo recente disto, é o retorno da grade da EJA de 15h/a para 25h/a através da pressão dos grupos que se organizaram em comissões, reuniões e elaboraram documentos com o apoio da comunidade para exigir o recuo do governo nesta questão. A luta da EJA ainda continua, pois muitas salas e turnos foram fechados com a desculpa que não há demanda local e todos nós sabemos a quantidade de trabalhadores que necessitam voltar aos estudos, além da necessidade de reduzirmos a quantidade de alunos por turma para garantir a qualidade de trabalho para os educadores e de atendimento aos estudantes.
Frente a muitos ataques, a diretoria majoritária do Sinpeem não organiza a categoria para a manutenção e ampliação dos nossos direitos, pelo contrário, se resume a uma porta-voz do governo, levando a acomodacao dos profissionais que sofrem com as inúmeras medidas implantadas por este governo.
Nao podemos nos acomodar, a organização e a luta de nós trabalhadores é essencial na conquista por melhores condições de trabalho, remuneração, qualidade de vida e de atendimento digno e de direito a população através do serviço público. Defender estes direitos e entrar nesta luta é obrigação do Sinpeem enquanto nosso sindicato. E se ele não a cumpre, é nosso dever exigir que o faça.
Profª Clarissa Suzuki (CR Santo Amaro) – EMEF Carlos de Andrade Rizzini
Esquerda Marxista – Corrente Marxista do PT, seção brasileira da CMI - Corrente Marxista Internacional
Texto elaborado e distribuído durante o XIX Congresso do Sinpeem - 4 a 7 de novembro de 2008
Outro grave problema que enfrentamos na rede são as terceirizações e privatizações que diminuem postos de trabalho do funcionalismo público com estabilidade e entregam a escola nas mãos de empresas que visam lucratividade, pouco se importando com seus funcionários e com a qualidade do serviço oferecido à população. Um bom exemplo disto, é a flexibilização do cargo de Agente de Apoio (indicada na portaria n° 3681) que obriga o trabalhador a desempenhar inúmeras funções dentro da escola.
A campanha salarial da categoria, impulsionada pelo Sinpeem, se resume ao contentamento com a incorporação de parte das gratificações que foram conquistadas por meio de nossa mobilização na greve de 2006. O aumento real de salário não é apontado pelo governo e nem apresentado com urgência como bandeira de luta. Temos que exigir a aplicação do Piso Salarial Nacional que regulamenta e reconhece as jornadas e lutar pela fixação do piso, não inferior, ao estabelecido pelo Dieese. O reconhecimento do profissional da educação e do desenvolvimento do seu trabalho requer uma ampliação salarial imediata!
A mobilização da categoria é essencial para garantirmos/ampliarmos nossos direitos e assegurarmos uma educação pública de qualidade. Um exemplo recente disto, é o retorno da grade da EJA de 15h/a para 25h/a através da pressão dos grupos que se organizaram em comissões, reuniões e elaboraram documentos com o apoio da comunidade para exigir o recuo do governo nesta questão. A luta da EJA ainda continua, pois muitas salas e turnos foram fechados com a desculpa que não há demanda local e todos nós sabemos a quantidade de trabalhadores que necessitam voltar aos estudos, além da necessidade de reduzirmos a quantidade de alunos por turma para garantir a qualidade de trabalho para os educadores e de atendimento aos estudantes.
Frente a muitos ataques, a diretoria majoritária do Sinpeem não organiza a categoria para a manutenção e ampliação dos nossos direitos, pelo contrário, se resume a uma porta-voz do governo, levando a acomodacao dos profissionais que sofrem com as inúmeras medidas implantadas por este governo.
Nao podemos nos acomodar, a organização e a luta de nós trabalhadores é essencial na conquista por melhores condições de trabalho, remuneração, qualidade de vida e de atendimento digno e de direito a população através do serviço público. Defender estes direitos e entrar nesta luta é obrigação do Sinpeem enquanto nosso sindicato. E se ele não a cumpre, é nosso dever exigir que o faça.
Profª Clarissa Suzuki (CR Santo Amaro) – EMEF Carlos de Andrade Rizzini
Esquerda Marxista – Corrente Marxista do PT, seção brasileira da CMI - Corrente Marxista Internacional
Texto elaborado e distribuído durante o XIX Congresso do Sinpeem - 4 a 7 de novembro de 2008
quarta-feira, 24 de setembro de 2008
Carta da viúva de Paulo Freire sobre a Veja
Na edição de 20 de agosto a revista Veja publicou a reportagem O que estão ensinando a ele? De autoria de Monica Weinberg e Camila Pereira,
ela foi baseada em pesquisa sobre qualidade do ensino no Brasil. Lá pelas tantas há o seguinte trecho:
"Muitos professores brasileiros se encantam com personagens que em classe mereceriam um tratamento mais crítico, como o guerrilheiro argentino Che Guevara, que na pesquisa aparece com 86% de citações positivas, 14% de neutras e zero, nenhum ponto negativo. Ou idolatram personagens arcanos sem contribuição efetiva à civilização ocidental, como o educador Paulo Freire, autor de um método de doutrinação esquerdista disfarçado de alfabetização. Entre os professores ouvidos na pesquisa, Freire goleia o físico teórico alemão Albert Einstein, talvez o maior gênio da história da humanidade. Paulo Freire 29 x 6 Einstein. Só isso já seria evidência suficiente de que se está diante de uma distorção gigantesca das prioridades educacionais dos senhores docentes, de uma deformação no espaço-tempo tão poderosa, que talvez ajude a explicar o fato de eles viverem no passado".
Curiosamente, entre os especialistas consultados está o filósofo Roberto Romano, professor da Unicamp. Ele é o autor de um artigo publicado na Folha, em 1990, cujo título é Ceausescu no Ibirapuera. Sem citar o Paulo Freire, ele fala do Paulo Freire. É uma tática de agredir sem assumir.
Na época Paulo, era secretário de Educação da prefeita Luiza Erundina.
Diante disso a viúva de Paulo Freire, Nita, escreveu a seguinte carta de repúdio:
"Como educadora, historiadora, ex-professora da PUC e da Cátedra Paulo Freire e viúva do maior educador brasileiro PAULO FREIRE --
e um dos maiores de toda a história da humanidade --, quero registrar minha mais profunda indignação e repúdio ao tipo de jornalismo, que, a cada semana a revista VEJA oferece às pessoas ingênuas ou mal intencionadas de nosso país. Não a leio por princípio, mas ouço comentários sobre sua postura danosa através do jornalismo crítico. Não proclama sua opção em favor dos poderosos e endinheirados da direita, mas , camufladamente, age em nome do reacionarismo desta.
Esta vem sendo a constante desta revista desde longa data: enodoar pessoas as quais todos nós brasileiros deveríamos nos orgulhar.
Paulo, que dedicou seus 75 anos de vida lutando por um Brasil melhor, mais bonito e mais justo, não é o único alvo deles. Nem esta é a primeira vez que o atacam. Quando da morte de meu marido, em 1997, o obituário da revista em questão não lamentou a sua morte, como fizeram todos os outros órgãos da imprensa escrita, falada e televisiva do mundo, apenas reproduziu parte de críticas anteriores a ele feitas.
A matéria publicada no n. 2074, de 20/08/08, conta, lamentavelmente com o apoio do filósofo Roberto Romano que escreve sobre ética, certamente em favor da ética do mercado, contra a ética da vida criada por Paulo. Esta não é, aliás, sua primeira investida sobre alguém que é conhecido no mundo por sua conduta ética verdadeiramente humanista.
Inadmissivelmente, a matéria é elaborada por duas mulheres, que, certamente para se sentirem e serem parceiras do "filósofo" e aceitas pelos neoliberais desvirtuam o papel do feminino na sociedade brasileira atual. Com linguagem grosseira, rasteira e irresponsável, elas se filiam à mesma linha de opção política do primeiro, falam em favor da ética do mercado, que tem como premissa miserabilizar os mais pobres e os mais fracos do mundo, embora para desgosto deles, estamos conseguindo, no Brasil, superar esse sonho macabro reacionário.
Superação realizada não só pela política federal de extinção da pobreza, mas , sobretudo pelo trabalho de meu marido – na qual esta política de distribuição da renda se baseou - que demonstrou ao mundo que todos e todas somos sujeitos da história e não apenas objeto dela. Nas 12 páginas, nas quais proliferam um civismo às avessas e a má apreensão da realidade, os participantes e as autoras da matéria dão continuidade às práticas autoritárias, fascistas, retrógradas da cata às bruxas dos anos 50 e da ótica de subversão encontrada em todo ato humanista no nefasto período da Ditadura Militar.
Para satisfazer parte da elite inescrupulosa e de uma classe média brasileira medíocre que tem a Veja como seu "Norte" e "Bíblia", esta matéria revela quase tão somente temerem as idéias de um homem humilde, que conheceu a fome dos nordestinos, e que na sua altivez e dignidade restaurou a esperança no Brasil. Apavorada com o que Paulo plantou, com sacrifício e inteligência, a Veja quer torná-lo insignificante e os e as que a fazem vendendo a sua força de trabalho, pensam que podem a qualquer custo, eliminar do espaço escolar o que há de mais importante na educação das crianças, jovens e adultos: o pensar e a formação da cidadania de todas as pessoas de nosso país, independentemente de sua classe social, etnia, gênero, idade ou religião.
Querendo diminuí-lo e ofendê-lo, contraditoriamente a revista Veja nos dá o direito de concluir que os pais, alunos e educadores escutaram
a voz de Paulo, a validando e praticando. Portanto, a sociedade brasileira está no caminho certo para a construção da autêntica democracia.
Querendo diminuí-lo e ofendê-lo, contraditoriamente a revista Veja nos dá o direito de proclamar que Paulo Freire Vive!
São Paulo, 11 de setembro de 2008
Ana Maria Araújo Freire".
ela foi baseada em pesquisa sobre qualidade do ensino no Brasil. Lá pelas tantas há o seguinte trecho:
"Muitos professores brasileiros se encantam com personagens que em classe mereceriam um tratamento mais crítico, como o guerrilheiro argentino Che Guevara, que na pesquisa aparece com 86% de citações positivas, 14% de neutras e zero, nenhum ponto negativo. Ou idolatram personagens arcanos sem contribuição efetiva à civilização ocidental, como o educador Paulo Freire, autor de um método de doutrinação esquerdista disfarçado de alfabetização. Entre os professores ouvidos na pesquisa, Freire goleia o físico teórico alemão Albert Einstein, talvez o maior gênio da história da humanidade. Paulo Freire 29 x 6 Einstein. Só isso já seria evidência suficiente de que se está diante de uma distorção gigantesca das prioridades educacionais dos senhores docentes, de uma deformação no espaço-tempo tão poderosa, que talvez ajude a explicar o fato de eles viverem no passado".
Curiosamente, entre os especialistas consultados está o filósofo Roberto Romano, professor da Unicamp. Ele é o autor de um artigo publicado na Folha, em 1990, cujo título é Ceausescu no Ibirapuera. Sem citar o Paulo Freire, ele fala do Paulo Freire. É uma tática de agredir sem assumir.
Na época Paulo, era secretário de Educação da prefeita Luiza Erundina.
Diante disso a viúva de Paulo Freire, Nita, escreveu a seguinte carta de repúdio:
"Como educadora, historiadora, ex-professora da PUC e da Cátedra Paulo Freire e viúva do maior educador brasileiro PAULO FREIRE --
e um dos maiores de toda a história da humanidade --, quero registrar minha mais profunda indignação e repúdio ao tipo de jornalismo, que, a cada semana a revista VEJA oferece às pessoas ingênuas ou mal intencionadas de nosso país. Não a leio por princípio, mas ouço comentários sobre sua postura danosa através do jornalismo crítico. Não proclama sua opção em favor dos poderosos e endinheirados da direita, mas , camufladamente, age em nome do reacionarismo desta.
Esta vem sendo a constante desta revista desde longa data: enodoar pessoas as quais todos nós brasileiros deveríamos nos orgulhar.
Paulo, que dedicou seus 75 anos de vida lutando por um Brasil melhor, mais bonito e mais justo, não é o único alvo deles. Nem esta é a primeira vez que o atacam. Quando da morte de meu marido, em 1997, o obituário da revista em questão não lamentou a sua morte, como fizeram todos os outros órgãos da imprensa escrita, falada e televisiva do mundo, apenas reproduziu parte de críticas anteriores a ele feitas.
A matéria publicada no n. 2074, de 20/08/08, conta, lamentavelmente com o apoio do filósofo Roberto Romano que escreve sobre ética, certamente em favor da ética do mercado, contra a ética da vida criada por Paulo. Esta não é, aliás, sua primeira investida sobre alguém que é conhecido no mundo por sua conduta ética verdadeiramente humanista.
Inadmissivelmente, a matéria é elaborada por duas mulheres, que, certamente para se sentirem e serem parceiras do "filósofo" e aceitas pelos neoliberais desvirtuam o papel do feminino na sociedade brasileira atual. Com linguagem grosseira, rasteira e irresponsável, elas se filiam à mesma linha de opção política do primeiro, falam em favor da ética do mercado, que tem como premissa miserabilizar os mais pobres e os mais fracos do mundo, embora para desgosto deles, estamos conseguindo, no Brasil, superar esse sonho macabro reacionário.
Superação realizada não só pela política federal de extinção da pobreza, mas , sobretudo pelo trabalho de meu marido – na qual esta política de distribuição da renda se baseou - que demonstrou ao mundo que todos e todas somos sujeitos da história e não apenas objeto dela. Nas 12 páginas, nas quais proliferam um civismo às avessas e a má apreensão da realidade, os participantes e as autoras da matéria dão continuidade às práticas autoritárias, fascistas, retrógradas da cata às bruxas dos anos 50 e da ótica de subversão encontrada em todo ato humanista no nefasto período da Ditadura Militar.
Para satisfazer parte da elite inescrupulosa e de uma classe média brasileira medíocre que tem a Veja como seu "Norte" e "Bíblia", esta matéria revela quase tão somente temerem as idéias de um homem humilde, que conheceu a fome dos nordestinos, e que na sua altivez e dignidade restaurou a esperança no Brasil. Apavorada com o que Paulo plantou, com sacrifício e inteligência, a Veja quer torná-lo insignificante e os e as que a fazem vendendo a sua força de trabalho, pensam que podem a qualquer custo, eliminar do espaço escolar o que há de mais importante na educação das crianças, jovens e adultos: o pensar e a formação da cidadania de todas as pessoas de nosso país, independentemente de sua classe social, etnia, gênero, idade ou religião.
Querendo diminuí-lo e ofendê-lo, contraditoriamente a revista Veja nos dá o direito de concluir que os pais, alunos e educadores escutaram
a voz de Paulo, a validando e praticando. Portanto, a sociedade brasileira está no caminho certo para a construção da autêntica democracia.
Querendo diminuí-lo e ofendê-lo, contraditoriamente a revista Veja nos dá o direito de proclamar que Paulo Freire Vive!
São Paulo, 11 de setembro de 2008
Ana Maria Araújo Freire".
quarta-feira, 3 de setembro de 2008
DESCOLAndo Lucro
Há algum tempo, um empresário convidou-me para conhecer sua indústria e participar da reunião de diretoria, onde os responsáveis pela produção buscavam compreender como seria possível otimizar os resultados na linha de montagem.
Logo no inicio, o diretor geral leu em voz alta a missão da empresa e destacou a pauta central daquele encontro: qualidade, afinal, era tempo de competição e as peças deveriam ser produzidas dentro dos padrões internacionais de qualidade. Qualquer deformidade deveria ser notada e resolvida, caso contrário, o produto era excluído da moldagem e do processo de embalagem. Os aprovados deveriam ser etiquetados com um certificado que garantisse a procedência do produto, facilitando o seu ingresso em mercados extremamente concorridos. Entre ISOS para lá e cá, completou o diretor, que o selo deveria estar em inglês, respeitando o fenômeno da Globalização.
Um dos coordenadores dizia de modo enfático e disciplinado: "não podemos permitir qualquer desvio nos produtos, e o gradiente deve alcançar uma média maior que 70%". E concluiu afirmando que "as exigências do mercado estão cada vez mais rígidas, e a única forma de manter a rentabilidade é a aprovação nas avaliações desenvolvidas pelas instituições respeitadas pelo mercado". O coordenador de testes explanou em tom frio e técnico, sobre os métodos de avaliação dos produtos, explicando que todas as avaliações seguiam os padrões das melhores instituições, o que valorizava a marca da empresa.
Depois, apresentando o Boletim de ocorrência (B.O.) relatou os defeitos mais comuns apresentados pelos produtos, destacando a inadequação ao sistema internacional de rolamento, a falta de firmeza durante a execução dos testes e níveis de aproveitamento abaixo da média das peças saudáveis.
O analista de mercado, um exemplo de capital humano e apresentado como o guru do dono da empresa, buscou interpretar as novas tendências mercadológicas, alegando que o setor privado gere melhor que o público, e que as privatizações são inevitáveis, possibilitando em médio prazo a expansão dos negócios e o alcance de maiores receitas.
O representante dos investidores estava atento a tudo, com olhar de fiscal de preços tabelados e, em vários momentos, fez intervenções extremamente interessantes. Por exemplo, repetiu por diversas vezes que o investimento que fazia era de longo prazo, a um custo elevado e que suas vontades deveriam ser respeitadas, conforme um tal artigo do Regimento Interno. Concluia seu argumento afirmando que "pagava para ter resultados, e que estava cansado de discursos teóricos e pouca prática".
O ambiente ficou tenso, mas ao término da reunião, o Diretor geral falou durante alguns minutos e conseguiu seduzir todos com uma citação de algum livro de auto-ajuda (possivelmente fornecido pelo guru), algo parecido com "a união revela o caminho, se Deus quiser". Todos sorriram e sairam comentando sobre a inteligência daquele diretor. O mais empolgado era o representante dos investidores que dizia: "É um filósofo, é um pensador".
Ao sair daquela pálida construção, percebi que era uma escola. Dormi assustado com o pesadelo.
Acordei.
Logo no inicio, o diretor geral leu em voz alta a missão da empresa e destacou a pauta central daquele encontro: qualidade, afinal, era tempo de competição e as peças deveriam ser produzidas dentro dos padrões internacionais de qualidade. Qualquer deformidade deveria ser notada e resolvida, caso contrário, o produto era excluído da moldagem e do processo de embalagem. Os aprovados deveriam ser etiquetados com um certificado que garantisse a procedência do produto, facilitando o seu ingresso em mercados extremamente concorridos. Entre ISOS para lá e cá, completou o diretor, que o selo deveria estar em inglês, respeitando o fenômeno da Globalização.
Um dos coordenadores dizia de modo enfático e disciplinado: "não podemos permitir qualquer desvio nos produtos, e o gradiente deve alcançar uma média maior que 70%". E concluiu afirmando que "as exigências do mercado estão cada vez mais rígidas, e a única forma de manter a rentabilidade é a aprovação nas avaliações desenvolvidas pelas instituições respeitadas pelo mercado". O coordenador de testes explanou em tom frio e técnico, sobre os métodos de avaliação dos produtos, explicando que todas as avaliações seguiam os padrões das melhores instituições, o que valorizava a marca da empresa.
Depois, apresentando o Boletim de ocorrência (B.O.) relatou os defeitos mais comuns apresentados pelos produtos, destacando a inadequação ao sistema internacional de rolamento, a falta de firmeza durante a execução dos testes e níveis de aproveitamento abaixo da média das peças saudáveis.
O analista de mercado, um exemplo de capital humano e apresentado como o guru do dono da empresa, buscou interpretar as novas tendências mercadológicas, alegando que o setor privado gere melhor que o público, e que as privatizações são inevitáveis, possibilitando em médio prazo a expansão dos negócios e o alcance de maiores receitas.
O representante dos investidores estava atento a tudo, com olhar de fiscal de preços tabelados e, em vários momentos, fez intervenções extremamente interessantes. Por exemplo, repetiu por diversas vezes que o investimento que fazia era de longo prazo, a um custo elevado e que suas vontades deveriam ser respeitadas, conforme um tal artigo do Regimento Interno. Concluia seu argumento afirmando que "pagava para ter resultados, e que estava cansado de discursos teóricos e pouca prática".
O ambiente ficou tenso, mas ao término da reunião, o Diretor geral falou durante alguns minutos e conseguiu seduzir todos com uma citação de algum livro de auto-ajuda (possivelmente fornecido pelo guru), algo parecido com "a união revela o caminho, se Deus quiser". Todos sorriram e sairam comentando sobre a inteligência daquele diretor. O mais empolgado era o representante dos investidores que dizia: "É um filósofo, é um pensador".
Ao sair daquela pálida construção, percebi que era uma escola. Dormi assustado com o pesadelo.
Acordei.
domingo, 27 de julho de 2008
sábado, 26 de julho de 2008
Está no ar!...
Este espaço é de construção coletiva, que vem sendo fomentada/fermentada pela necessidade de dar voz aos sonhos e anseios de todos os que acreditam que a educação pode ser um processo humanizador.
Por isso, não te cales!
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