segunda-feira, 12 de abril de 2010

Livre expressão ainda é crime digno de tortura em Brasília!

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Encaminhamos, abaixo, o discurso feito pela Deputada Luciana Genro (PSOL-RS), na sessão de 8 de abril, pela manhã, na Câmara dos Deputados.
Estavam presentes 386 deputados.
Cordialmente,
Sistrum Músicas


Sr. Presidente, Srs. Deputados e Deputadas,

Quero manifestar a minha indignação diante de uma situação absurda que aconteceu aqui em Brasília.
Jorge Antunes, maestro aqui de Brasília, compôs uma ópera de rua, intitulada “Auto do Pesadelo de Dom Bosco”, da qual participam 65 músicos: cantores solistas, orquestra de 12 músicos e coral de 30 membros.Todos os participantes são voluntários, atuando sem cachê.

É uma ópera-bufa, com história passada na Idade Média, em que corruptos são julgados e condenados. O espetáculo critica e ironiza os corruptos dos poderes no DF. Uma bela forma de engajamento cívico de um artista que está sempre atento à realidade do seu povo e da sua cidade. Os nomes dos personagens se referem a deputados distritais envolvidos no esquema de Arruda: Bruxa Ouvides Grito, Monarca Xaró Parruda, etc. Acontece que o norte-americano Ira Levin, que é o regente da Orquestra do Teatro Nacional, é genro de Eurides Brito, caricaturizada na ópera de Antunes como sendo a Bruxa Ouvides Grito.

Para quem não lembra, Eurides é a deputada distrital filmada recebendo propina. Ira Levin, que não manifestou nenhuma indignação diante do escândalo que desmoraliza a nossa capital, não gostou de ver sua sogra ironizada. Ele telefonou para um dos músicos que atuam na óper a de rua, o clarinetista cubano Félix Alonso, lhe fazendo ameaças e coações e dispensando a sua participação na programação da Orquestra em 2010. Indignado, o músico Felix Alonso, que toca com a orquestra brasiliense desde 1997, foi aos jornais.

O caso teve desdobramentos. A imprensa se aprofundou investigando a situação até então pouco conhecida: a de que o Ira Levin é genro de Eurides e que esta tem injetado milhões em uma Associação, para pagar alto salário ao genro.

Então quero deixar registrada a minha solidariedade com o maestro Jorge Antunes e principalmente com o músico Félix Alonso, que está sofrendo uma clara perseguição política. A sociedade brasiliense, que está indignada com a corrupção, também não pode tolerar perseguição àqueles que através do seu trabalho contribuem para denunciar estas mazelas da política.

Muito obrigada.

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