Fonte: Tarifa Zero
Protesto contra aumento da passagem de ônibus termina com três detidos e feridos em SP
Três manifestantes foram detidos e vários ficaram feridos após a Polícia Militar intervir em um protesto realizado nesta quinta-feira (7) contra o aumento da passagem de ônibus municipal em São Paulo. Entre os detidos, que foram encaminhados ao 1º DP (Sé), está uma menor de idade, segundo relato de uma manifestante que participou do protesto.
Cerca de 500 pessoas ligadas a diversos grupos, partidos políticos e movimentos sociais articulados na Rede Contra o Aumento da Tarifa iniciaram o protesto pelas ruas do centro por volta de 17h30. Eles são contrários ao reajuste de R$ 2,30 para R$ 2,70 na tarifa, o que representa uma variação de 17,39%, autorizado pelo prefeito Gilberto Kassab.
De acordo com a manifestante, o grupo queria levar o protesto para dentro do Terminal Parque Dom Pedro, um dos maiores e mais movimentados da cidade, mas a PM impediu. A multidão tentou dar a volta no terminal para entrar no local por outro acesso. Um grupo pequeno conseguiu acessar o terminal, mas a maior parte permaneceu do lado de fora.
Ainda segundo a manifestante, que preferiu não se identificar, nesse momento policiais militares começaram a agredir os manifestantes com cassetetes. Depois, de acordo com ela, chegaram os policiais da Tropa de Choque e da Força Tática da PM, que utilizaram bombas de gás lacrimogêneo e spray de pimenta para dispersar o protesto. O movimento não soube precisar a quantidade de feridos, mas há relatos de dezenas deles.
Por meio de sua assessoria, a PM diz que se utilizou da força para conter um princípio de tumulto, mas não soube precisar o que os manifestantes estavam fazendo no momento em que os policiais partiram para cima da multidão.
A PM diz que os três manifestantes foram detidos, “apenas para averiguação”, porque tentaram bloquear uma rua deitando no chão. Já segundo a testemunha, a menor foi presa porque questionou um policial que agredia outra garota e o jovem porque fez um gesto de rendição para protestar contra a repressão policial.
A assessoria da polícia afirma ainda que alguns manifestantes foram reprimidos porque tentavam ocupar ônibus dentro do terminal para, como forma de protesto contra o aumento da tarifa, “liberar” a passagem de usuários pelas catracas. Segundo a PM, algumas viaturas foram atingidas por pedras.
Aumento é maior do que a inflação
O último aumento na passagem de ônibus na capital paulista ocorreu em novembro de 2006. O valor reajustado pelo prefeito é superior à inflação do período, que, segundo o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), foi de 15,36% entre novembro de 2006 e dezembro de 2009.
A prefeitura afirmou que o reajuste da tarifa está de acordo com a inflação e disse ter utilizado como referência os valores do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas). No entanto, o UOL Notícias apurou que a inflação medida pela IPC no período foi de 16,54%, ou seja, percentual também inferior ao utilizado no reajuste das passagens.
Com o aumento da tarifa de ônibus, o valor da integração ônibus-metrô subiu em São Paulo de R$ 3,65 para R$ 4. O morador da capital que utilizar, em média, duas integrações por dia, gastará R$ 240 em um mês, o que representa quase a metade do salário mínimo, que é de R$ 510 desde 1º de janeiro deste ano.
A despesa dos usuários de transporte público em São Paulo deverá subir ainda mais nos próximos meses, já que o Metrô, a CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) e empresas de ônibus intermunicipais anunciaram que também reajustarão o valor de suas tarifas.
“O aumento é um absurdo. Mais uma vez o poder público prejudica a população. Transporte público é um direito, e, portanto, não deveria haver tarifa. Sempre que houver tarifa, haverá aumentos desse tipo. Combatemos essa lógica”, diz Lucas Monteiro, 25, militante do Movimento Passe Livre (MPL), um dos coletivos que integram a manifestação.
Veja quanto o usuário gasta com transporte público em São Paulo por mês
Se fizer: Gasto mensal Comparação com o sal. mínimo (R$ 510)
Duas viagens diárias de ônibus = R$ 162 31,7%
Duas viagens diárias de ônibus/metrô = R$ 240 47%
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