"Atores somos todos nós, e cidadão não é aquele que vive em sociedade: é aquele que a transforma." Augusto Boal
quinta-feira, 27 de maio de 2010
Dezenas de instituições "levam" a grana da Cultura de São Paulo
Fonte: I Plenária com Trabalhadores da Cultura na Livraria Marxista, dia 15/04/2010
Atual política cultural do governo do Estado (PSDB):
As políticas públicas de cultura do estado de São Paulo propõem a privatização dos equipamentos em serviços na área cultural. As leis de convênio direto têm permitido o crescimento dessas políticas, que geram uma maior precarização dos contratos dos trabalhadores, jogando-os, não raro, na completa informalidade. A demonstração destes fatos se dá através de um levantamento dos órgãos gestores dos equipamentos públicos e dos contratos de funcionários. Estes órgãos são fundações ou associações de direito privado, algumas delas "sem fins lucrativos", como ONGs, OSs, OSCIPs e outras personalidades jurídicas constituídas com o fim exclusivo de gerir equipamentos públicos com dinheiro público, sob interesses privados. Tendo em vista que algumas das organizações constituídas são modos de sobrevivência dos próprios trabalhadores da cultura precarizados. Abaixo, exemplos retirados do site da secretaria do estado da cultura:
A Casa - Museu de Arte e Artefatos Brasileiros Museu da Casa Brasileira
Abaçaí Cultura e Arte
ACAM Portinari
ACAM Portinari Casa de Cultura Paulo Setúbal
ACAM Portinari MHFP Monteiro Lobato
ACAM Portinari MHP Bernardino de Campos
ACAM Portinari MHP Conselheiro Rodrigues Alves
ACAM Portinari MHP Índia Vanuíre
ACAM Portinari MHP Prudente de Moraes
ACAM Portinari Museu Casa de Portinari
APAA - Associação Paulista dos Amigos da Arte
APAA Teatro de Dança
APAA Teatro Sergio Cardoso
APAA Theatro São Pedro
ASSAOC - Associação Amigos das Oficinas Culturais
Associação de Amigos do Conservatório de Tatuí
Associação de Amigos do Memorial do Imigrante
Associação de Amigos do Museu de Arte Sacra de São Paulo
Associação de Amigos do Projeto Guri
Associação dos Amigos da Pinacoteca do Estado
Associação dos Amigos da Pinacoteca do Estado Estação Pinacoteca
Associação dos Amigos da Pinacoteca do Estado Memorial da Resistência
Associação dos Amigos do Museu do Café
Associação dos Amigos do Paço das Artes
Associação dos Amigos do Paço das Artes Museu da Imagem e do Som
Associação Pró - Dança São Paulo Cia de Dança
Associação Santa Marcelina Cultura
Associação Santa Marcelina Cultura EMESP Tom Jobim
Associação Santa Marcelina Cultura Festival de Campos do Jordão
Associação Santa Marcelina Cultura Guri Santa Marcelina
Catavento Cultural e Educacional
Fundação Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo
Instituto da Arte do Futebol Brasileiro Museu do Futebol
Poiesis
Poiesis Casa das Rosas
Poiesis Casa Guilherme de Almeida
Poiesis Museu da Língua Portuguesa
Assim, as leis de convênio, inicialmente federais, depois praticadas no estado de São Paulo, já desde a gestão Mario Covas (1995) e no município de São Paulo desde a gestão Serra (2005), favorecem e "legalizam" este tipo de transferência de recursos públicos para grupos privados, que os destinam segundo seus interesses.
A cultura é o patrimônio de um povo e não deve ser exclusividade de nenhum grupo social. É um direito como a habitação, a saúde, a educação e o transporte. É dever do estado garantir o acesso à fruição e produção de cultura aos seus cidadãos.
Este não é o cenário do estado de São Paulo, mas de equipamentos públicos sucateados ou privatizados, onde fundações ou associações de direito privado o administram com recursos públicos (dinheiro dos impostos dos cidadãos). Os contratos dos trabalhadores de cultura são precarizados. Não há mínimos direitos ou estabilidade, nem concursos públicos para estes trabalhadores, que são contratados como prestadores de serviços eventuais, alguns por mais de duas décadas, como os trabalhadores dos corpos estáveis dos estados e municípios. Estáveis no nome, porque sua vida é pura instabilidade, consequência da informalidade e precariedade de seus contratos.
O estado deve assumir sua responsabilidade como fomentador da cultura. Para isso as secretarias de cultura devem ter verbas próprias e dotação orçamentária fixa, como garantia de gestão dos equipamentos e pagamento de salários dignos aos trabalhadores, com os direitos reconhecidos em lei. E para que possam construir equipamentos de cultura (museus, teatros, centros culturais).
Apenas recursos não bastam. Precisamos de políticas culturais conseqüentes, no interesse público. Todo município e estado da federação deve ter um plano de cultura garantido por lei, com programas de fomento às artes em todas as suas linguagens, em toda a sua diversidade.
- Contratos e concursos para os trabalhadores de arte, garantindo direitos trabalhistas.
- Programas e editais transparentes, com regras claras, que garantam o acesso a todo aquele que realiza um trabalho de relevância artística e social.
- Garantir manifestações culturais locais, que caracterizaram a identidade de cada comunidade, provendo a elas condições materiais para que possam manter vivas sua memória, história e seus patrimônios material e imaterial.
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2 comentários:
Olá, você deveria conhecer de perto o trabalho da ACAM Portinari que administra 8 mudeus no interior Paulista e depois refazer o seu texto.
Um abraço
Adriana, Brodowski, SP.
Oi Adriana!
Infelizmente não tenho como avaliar o trabalho dessa Associação. Entendo que muitos serviços são necessários e que a Secretaria não daria conta "sozinha". Mas também vejo e sinto no bolso e na pele, o que a política de terceirização faz com os trabalhadores das artes e mesmo com a política pedagógica aplicada por instituições que passaram a administrar o Projeto Guri, Conservatório de Tatuí, Universidade Livre de Música pela Secretaria Estadual e Teatro nos CEU´s, EMIA pela Municipal. Doutores e excelentes professores demitidos, salários cortados quase pela metade, redução dos direitos trabalhistas, coibição de pedagogias progressistas e críticas, entre outras práticas, ao meu ver, não justificam "bons trabalhos" aparentes, ou propaganda a serviço de exploração e anestesia da crítica.
Um modelo a seguir, ao meu ver, seria a gestão dos serviços culturais a partir de uma comissão eleita por artistas e educadores oganizados, além de algumas indicações da Secretaria, para gerir anualmente os trabalhos, com financiamento público direto, sem repasses ou intermediações do setor privado.
Grato pelas opiniões
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