sexta-feira, 26 de junho de 2009

Porque os alunos da Universidade pública são contra a criação de 5000 vagas de um curso de pedagogia à distância?

No dia 17 de junho de 2008, os estudantes do curso de Pedagogia da UNESP em Marília decidiram por paralisar. Esta decisão foi tomada pela assembléia de curso que ocorreu na quinta-feira (12/06), contando com a participação de mais de 120 pessoas. No dia da paralisação fizemos atividades durante todo o dia e a noite.
Os estudantes lutam contra a criação de um curso de Pedagogia a distância que será aprovado pela reitoria, onde serão abertas 5000 vagas em todo o Estado. O projeto é uma parceria da UNESP com a UNIVESP (Universidade Virtual do Estado de São Paulo) que faz parte da Secretaria de Ensino Superior. Assim o curso será semi-presencial (60% do curso à distância, 40% presencial), com duração de três anos e diploma assinado pela UNESP. Serão 70 cidades-pólo no Estado de São Paulo, escolhidas de acordo com os dados do IBGE.
O projeto não foi discutido entre os alunos e entre os professores, assim como não foi possível o acesso a ele. O que temos são os pareceres de duas professoras – um favorável a criação do curso, de uma professora da Matemática de Rio Preto e um contrário, de uma professora da Pedagogia de Marília – lembrando que o projeto diz respeito a criação de um curso à distância em Pedagogia e não em Matemática. Ele foi aprovado pela CCG (Câmara Central de Graduação) e agora vai para o CEPE (Conselho de ensino, pesquisa e extensão). O fim deste processo será no CU (Conselho Universitário) .
Além desta atitude autoritária da reitoria em não discutir a aprovação deste curso, o projeto tem vários pontos complicados. O curso seria destinado à pessoas que já atuam ou que tenham formação superior em licenciatura, saindo habilitado em: educação infantil, séries iniciais do ensino fundamental e gestão escolar, sem fazer qualquer referência ao estágio.
Além disso, as disciplinas oferecidas não contemplam nem a metade do que se deveria ter – e que temos na graduação – para que o aluno possa sair habilitado nessas áreas. Inclusive uma das disciplinas do curso se chama “cuidar e brincar”, reduzindo a pedagogia. Desta forma, qualquer um poderia exercer a profissão, guiando-se apenas pela intuição.
Uma questão que permeou o debate foi, para qual público os educadores formados nesse curso à distância atenderiam? Com certeza, a intenção de formar pessoas em um curso “rápido e eficiente” é capacitar mão de obra barata para as escolas públicas, assim vemos o descaso com a educação pública (um dos motivos porque os professores estão em greve no estado de SP).
Acreditamos que a utilização de tecnologias na educação sejam importante, porém o ensino a distância não deve ser utilizado na formação como único recurso. Na educação faz-se necessário o contato e a troca com o outro, momentos de discussão são fundamentais principalmente na formação de educadores, já que os mesmos terão essas experiências em suas práticas.
Não basta apenas criticar o projeto, estamos estudando a fundo a criação do curso, assim como a EaD (educação à distância) pois precisamos dar respostas bem fundamentadas. Por isso, convidamos todas(os) as(os) pedagogas(os) e estudantes a construírem uma alternativa, uma contra-proposta, a este projeto.
É necessário que todos tenham acesso à educação em todos os níveis, porém essa expansão deve ser feita de forma responsável, com mais verba e qualidade. Que os governos federais, estaduais e municipais parem de entregar nosso dinheiro a grandes empresas e passem a investir pesado em educação pública.
Caso a discussão da criação deste curso de pedagogia a distância não passe pelos alunos e professores, e que estes tenham tempo, voz e igualdade de voto, ocuparemos o CEPE e o CU nos dias de votação.

Nossa lutas:
1- Revisão do Vestibular
2- Aumento de vagas com aumento de verbas
3- Democratização do acesso e permanência estudantil
4- Investimento do Governo na Educação Pública
5- Redução de Alunos nas salas de aula
6-Aumento do salário para os professores (as) de educação básica
7-Valorização dos pedagogos (as)
8- Formação continuada com qualidade
9-Formação inicial de qualidade e gratuita para todos

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